Cada etapa da vida da mulher é cercada de oscilações hormonais. O importante é aceitá-las e lançar mão dos recursos terapêuticos para amenizar possíveis desconfortos
Levando-se em conta que a expectativa de vida da brasileira aumentou, e atualmente é estimada em 74,8 anos, pode-se entender a importância que a menstruação e o climatério, e seus problemas, representam no seu dia a dia.
A menstruação é a perda de sangue pela vagina em um período que dura de 3 a 8 dias. A primeira menstruação ocorre na puberdade, por volta dos 12 anos e, a partir daí, deve surgir todos os meses até à menopausa, que acontece por volta dos 50 anos de idade.
Em uma sociedade que cultua a beleza e a juventude, entrar na menopausa, para muitas, é sinônimo de tornar-se velha e sem valor. Essa também é uma fase em que os filhos já estão crescidos e não exigem mais os cuidados maternos de antes, o que pode proporcionar mais tranquilidade às mulheres.
É importante, segundo especialistas, aceitar que a vida passa por fases e que todas essas mudanças também têm o seu lado positivo. Na menopausa, não é diferente. Por exemplo, a atividade sexual está livre de riscos de gravidez e o sexo pode se tornar ainda mais libertador e prazeroso; a mulher pode dedicar-se mais a si mesma, praticar atividades que sempre teve vontade, podendo realizar seus projetos pessoais. As que chegam à menopausa com boa autoestima passam por esta fase de forma tranquila, inclusive lidando melhor com os sintomas físicos causados pelo desequilíbrio hormonal.
Vale lembrar que menopausa é o nome que se dá à última menstruação, um episódio que ocorre, em geral, entre os 45 e 55 anos. O climatério é a fase da vida em que acontece a transição do período reprodutivo ou fértil para o não reprodutivo, devido à diminuição dos hormônios sexuais produzidos pelos ovários.
As principais características do climatério são as transformações físicas e emocionais decorrentes do desequilíbrio na produção dos hormônios femininos pelos ovários. Os sintomas começam com sensação de inchaço no corpo e mamas, dores fortes de cabeça ou enxaquecas, alterações de humor (nervosismo, irritação, tristeza profunda e mesmo depressão) e, do meio para o fim do climatério, é comum a irregularidade nos ciclos e a variação do fluxo menstrual. O que acontece com o corpo feminino em torno da menopausa tem a ver com o desequilíbrio na produção dos hormônios estrogênio e progesterona pelos ovários.
Como enfrentar a menopausa
É importante que as pacientes de farmácias e drogarias saibam mais sobre o assunto. Veja quais são as informações que devem ser transmitidas a elas: Fonte: departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) |
De acordo com o especialista em ginecologia e obstetrícia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Dr. Achilles Cruz, a menopausa é definida como a interrupção das menstruações resultante do término da atividade ovariana, com diminuição na produção dos hormônios sexuais. A diminuição na produção estrogênica reflete-se em todos os tecidos-alvos, interferindo negativamente na qualidade de vida, com repercussões sobre o bem-estar emocional, físico e social da mulher. “Observa-se que até 80% das mulheres na pós-menopausa sofrem os sintomas decorrentes do hipoestrogenismo, tais como os sintomas vasomotores (ondas de calor e suores noturnos), os sintomas da atrofia urogenital (incontinência e urgência urinária, dispareunia e prurido vulvar) e os sintomas psicológicos (ansiedade, depressão, irritabilidade e insônia)”, alerta ele.
Nas últimas décadas, grande destaque foi dado à Terapia Hormonal (TH) na pós-menopausa como alternativa eficaz no controle dos efeitos da privação estrogênica e melhora da qualidade de vida. O especialista comenta que os benefícios da TH para a mulher na pós-menopausa são bastante conhecidos, melhorando ou revertendo a sintomatologia decorrente da carência estrogênica em curto, médio e longo prazos, como alívio dos sintomas vasomotores, melhora da atrofia urogenital e prevenção da osteoporose.
Na terapia hormonal, menores doses são bem toleradas e podem ter melhor perfil benefício/risco que as doses convencionais.
Já o médico autor do livro A Mulher e a Osteoporose, Dr. Reginaldo Rena, afirma: “Os estrógenos químicos e os progestagênicos são largamente usados para tratar menopausa e osteoporose, pois a terapia de reposição hormonal ajuda a diminuir a velocidade de perda óssea, mas considero seus riscos maiores que os benefícios, já que temos muitas alternativas naturais para reposição hormonal. O uso do estradiol e progestagênicos por três anos mostra um aumento da massa óssea em 5% na coluna vertebral e 2,5% a 3% na bacia e fêmur, que é perdido se a mulher deixar de usá-los”.
O ginecologista e obstetra e diretor clínico da Clínica Mãe, Dr. Alfonso Massaguer, defende que, após sofrer duras críticas, o tratamento hormonal da menopausa, com seus sintomas tão incômodos, foi revolucionado. Assim como nos métodos contraceptivos, uma ampla gama de combinações hormonais, posologias e vias de administração está disponível. Comprimidos, cremes, géis e adesivos estão disponíveis no mercado, formulações intradérmicas, nasais e injetáveis estarão disponíveis em breve. “Estudos científicos esmiuçaram riscos e benefícios do uso de cada grupo de medicações e, atualmente, existem recomendações claras para a indicação ou contraindicação da terapia de reposição hormonal”, avalia.
Autor: Egle Leonardi