Biofármacos ganham mais espaço nos tratamentos

Biofármacos ganharão mais espaço nos tratamentos, sobretudo para doenças de maior complexidade. Biossimilares devem ser opção econômica para ampliar o acesso à população

Uma nova fronteira na indústria farmacêutica vem se consolidando nos últimos anos, a dos biofármacos. Produzidos a partir de organismos vivos que interagem com proteínas humanas, esses medicamentos têm sido chamados de medicamentos do futuro pela comunidade científica e pelos grandes laboratórios globais. Sobretudo por serem os mais indicados para tratamento terapêutico de doenças complexas, como o câncer e as moléstias autoimunes.

Curiosamente, os biofármacos são conhecidos há mais de dois séculos pela medicina – as vacinas são os exemplos mais emblemáticos. Porém, desde o início dos anos 2000, a indústria farmacêutica resolveu investir em uma nova abordagem para esses medicamentos obtidos a partir de células vivas, desenvolvendo drogas capazes de agir praticamente de forma individualizada em determinados tratamentos, ampliando as possibilidades de cura e minimizando os efeitos colaterais.

“Medicamentos biológicos, especialmente os biotecnológicos, são produzidos por mudanças genéticas em seres vivos. Os organismos mais utilizados para isso são bactérias, fungos e células de mamíferos”, explica o professor de Reumatologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador do Fórum Brasileiro e do Fórum Latino-Americano de Biossimilares, Valderilio Feijó Azevedo. Eles se diferenciam, portanto, dos sintéticos, que são obtidos somente por métodos químicos, sem necessidade de engenharia genética ou grandes aparelhos para produção industrial. A técnica utilizada na produção dos medicamentos biológicos consiste em fazer com que as células de animais ou bactérias cultivadas passem a produzir determinadas substâncias a partir da inserção de material genético previamente modificado em laboratório.

“O processo de obtenção está relacionado diretamente com a qualidade dos produtos. Uma mudança em qualquer parte dos processos de produção pode alterar sua qualidade final”, sublinha Azevedo. O desenvolvimento de medicamentos por meio da biotecnologia permite a produção de moléculas complexas, impossíveis de ser obtidas por via sintética e o melhor exemplo são os anticorpos monoclonais. Proteínas humanas, como hormônios (insulina, hormônio de crescimento) e proteínas reguladoras de funções importantes (citocinas, interleucinas, fatores de crescimento celular), podem ser produzidas em cultura de células, aumentando a disponibilidade e viabilizando o seu uso, que, em muitos casos, não seria possível sem a biotecnologia farmacêutica.

“A vantagem importante dos medicamentos biológicos está no fato de serem alvos específicos e atuarem inibindo determinados mediadores do processo inflamatório ou importantes moléculas na evolução do crescimento tumoral e das metástases”, observa Azevedo. A principal diferença de ação dos medicamentos biológicos no organismo em relação aos sintéticos concentra-se na individualização do tratamento. O medicamento age em um alvo específico, que pode ser diretamente em uma determinada célula ou um tumor, focando sua ação no problema. Sua capacidade única de se ligar a alvos específicos no interior do corpo contribui significativamente para a melhora da sobrevida e da qualidade de vida do paciente.

Terminologias reais

Enquanto os medicamentos biológicos agem seletivamente no órgão ou sistema envolvido na doença, os medicamentos convencionais agem de maneira mais difusa. “Biológicos usados no tratamento da artrite reumatoide, por exemplo, geralmente inibem proteínas que mediam o processo inflamatório e, portanto, inibem a inflamação, que é a causa da destruição das articulações”, acrescenta Azevedo.

Medicamentos biológicos estão inseridos no conceito da medicina personalizada, que adapta o tratamento a cada paciente para desenvolver soluções terapêuticas e drogas mais eficazes. Esse tipo de abordagem se baseia na observação de que pacientes com o mesmo diagnóstico reagem de forma diferente ao mesmo tratamento. Características individuais, relacionadas à doença ou ao indivíduo, influenciam o modo como a droga atua, e estas diferenças não são levadas em conta quando se adota uma abordagem genérica, tratando todos os pacientes da mesma forma.
Medicamento biológico é indicado para diversas doenças autoimunes, como artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, espondilite anquilosante, artrite psoriásica, psoríase. Também pode ser usado no tratamento de vários tipos de câncer e em doenças sistêmicas, como diabetes, deficiências hereditárias de certas proteínas ou enzimas. Há também os hemoderivados, que são obtidos a partir do plasma humano e utilizados, por exemplo, no tratamento de hemofílicos.

“No momento, os laboratórios farmacêuticos têm tido mais sucesso no desenvolvimento de medicamentos para o tratamento de câncer, diabetes e doenças degenerativas, como Alzheimer”, afirma o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini. “Mas as pesquisas nesse campo estão apenas começando. O leque de terapias que poderão ser contempladas por produtos biológicos é amplo. As principais vantagens dos medicamentos biológicos são a eficácia muito maior, aumentando significativamente a sobrevida dos pacientes, e a drástica redução dos efeitos colaterais adversos. Espera-se que, num futuro próximo, esses produtos possam curar pessoas acometidas por enfermidades que hoje são fatais”, acredita Mussolini.

Alguns tratamentos utilizados décadas atrás obtiveram ganhos expressivos com a biotecnologia. Até os anos 1980, lembra o professor da UFPR, crianças com deficiência de GH (hormônio do crescimento) que apresentavam nanismo recebiam hormônio extraído de cadáveres, o que gerava inúmeros problemas clínicos, como a demência. “Isso acabou com o GH obtido por organismos vivos (bactérias) e produzido em larga escala. Em um futuro próximo, os medicamentos biológicos serão usados para tratar quase todos os tipos de enfermidades”, prevê Azevedo.

Indústria se prepara para onda biológica

Além de investir no desenvolvimento de drogas de síntese química de alta complexidade e de medicamentos fitoterápicos, a indústria farmacêutica de capital nacional agora se volta ao desenvolvimento do segmento de biotecnologia. Essa é a opinião do presidente executivo do Grupo Farma Brasil (GFB), Reginaldo Arcuri, que representa os laboratórios farmacêuticos brasileiros. Com uma série de patentes de produtos de biotecnologia farmacêutica de segunda geração entrando em domínio público até 2020, a indústria nacional de inovação começa a dar os primeiros passos na aquisição de know-how para atuar no segmento, primeiro, produzindo biossimilares e depois, liderando a pesquisa de biológicos inovadores.

As associadas ao GFB avançam nessa direção, segundo Arcuri. EMS, Aché e União Química se uniram para criar a Bionovis, e Eurofarma, Cristália e Biolab estruturaram a Orygen, as duas primeiras empresas brasileiras, de capital e controle nacional, que irão se dedicar exclusivamente à biotecnologia farmacêutica. Ambas as companhias anunciaram investimentos agregados da ordem de R$ 1 bilhão para ingressarem no novo segmento. Outras duas associadas do GFB, Libbs e Hebron, também desenvolvem projetos importantes ligados à biotecnologia. Enquanto a Hebron concentra esforços no desenvolvimento de kits de diagnósticos, a Libbs anunciou investimentos de R$ 200 milhões para construção de fábrica para produção de biossimilares em parceria com o grupo argentino Chemo.

Também as multinacionais estão trazendo cada vez mais biológicos ao Brasil, com perspectiva de produção local em poucos anos. A Eli Lilly afirma ser pioneira na área de medicamentos biológicos, tendo lançado a primeira insulina recombinante nos anos 1980. Atualmente, os principais produtos biológicos comercializados pela empresa no Brasil são as famílias Humalog (insulina lispro) e Humulin (insulina humana), Fortéo Colter Pen (teriparatida), indicado para o tratamento da osteoporose, e ReoPro (abciximabe), auxiliar na prevenção de complicações cardíacas. “Eli Lilly é focada na inovação tecnológica e na descoberta de novas moléculas e seu pipeline indica para um futuro promissor de medicamentos biológicos. A empresa espera lançar no Brasil produtos biológicos inovadores para o tratamento de diabetes e câncer”, revela o diretor de Assuntos Corporativos e Regulatório da companhia, Orlando Vitor da Silva.
Também a Sandoz acredita que os medicamentos biológicos representam atualmente a maior fonte de inovação da indústria farmacêutica e soluções para inúmeras doenças até então não tratadas de forma eficaz com as terapias tradicionais. A empresa, que é a divisão de medicamentos genéricos e biossimilares da Novartis, afirma deter mais de 50% do market share de biossimilares do mercado mundial e é líder no segmento de biossimilar.

Em 2011, a Sandoz lançou o seu primeiro biossimilar no Brasil, o hormônio de crescimento recombinante somatropina. O produto é indicado para bebês, crianças e adolescentes no tratamento de deficiência do crescimento. “A empresa está realizando estudos clínicos internacionais de Fase III da molécula Rituximab, com a participação do Brasil. Com isso, a Sandoz traz o conhecimento e a experiência sobre biossimilares para o País, contribuindo com o conhecimento neste segmento”, relata o diretor de Especialidades de Sandoz Brasil, Paulo de Camargo.

Administração clara

Os medicamentos biológicos são administrados, em geral, por via subcutânea, intramuscular ou endovenosa, embora isto deva ser modificado ao longo dos próximos anos com a nanotecnologia. Além disso, exigem uma cadeia fria para distribuição que vai desde a produção até a entrega final para pacientes potenciais usuários. “Os biológicos são produtos instáveis, sofrendo modificações em suas estruturas com alterações de vibração, temperatura ou pressão”, diz Azevedo.

As infinitas possibilidades associadas aos medicamentos biológicos têm estimulado a indústria a apostar suas fichas no segmento. Segundo analistas do setor farmacêutico, em pouco mais de uma década, os medicamentos biológicos devem responder por uma grande fatia da produção farmacêutica.

Segundo a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), o mercado global de medicamentos biológicos representa hoje perto de 20% do total movimentado pela indústria farmacêutica e cresce a uma velocidade cinco vezes maior do que ela. O Brasil não pode ficar de fora desse movimento, até porque o envelhecimento da população lança um novo desafio, como observa o presidente executivo do Grupo Farma Brasil (GFB), Reginaldo Arcuri.

“Em 2030, a população brasileira será de 216 milhões de pessoas, sendo que 40,5 milhões terão mais de 60 anos de idade. Com essa realidade, é sabido que a demanda por medicamentos irá crescer de forma exponencial e os gastos governamentais sofrerão forte expansão para fazer frente à nova realidade”, afirma o executivo, lembrando que, há dez anos, o País gastava R$ 1,9 bilhão por ano com medicamentos. Em 2012, para atender às necessidades do sistema de saúde pública, o número saltou para R$ 9,4 bilhões. “O caso dos medicamentos biológicos é emblemático. Embora tenham respondido por apenas 3,7% do total de unidades de medicamentos adquiridas pelo governo em 2010, esses produtos consumiram 31,9% da verba disponível para as compras públicas destinadas à saúde, volume gasto eminentemente com fármacos importados”, salienta Arcuri.

Realidade apurada

O mercado de medicamentos no Brasil, incluindo todos os canais de distribuição no atacado, varejo e exportações, movimentou R$ 125,07 bilhões em 2014 e a expectativa é de que, neste ano, mesmo com a desaceleração econômica, o segmento encerre com R$ 132,15 bilhões, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). Com este crescimento, o Brasil figura entre os seis maiores mercados farmacêuticos do mundo, com perspectiva de subir mais uma ou duas posições até 2018. Apesar da pujança, o Brasil tem um longo caminho a percorrer em pesquisa e inovação na área biotecnológica.

“Os projetos estão em fase inicial de implementação, num processo que levará vários anos até a produção dos medicamentos biológicos no País, por causa da complexidade tecnológica que envolve o início de fabricação de qualquer produto na indústria farmacêutica. No curto prazo, algumas empresas estão importando os produtos que, em um segundo estágio, pretendem fabricar no Brasil”, avalia Mussolini.

“A expansão desse segmento vai depender dos estímulos corretos, como linhas de financiamento adequadas aos altos investimentos e prazos de maturação dos projetos, acordos de fornecimento para o Sistema Único de Saúde (SUS) e a instauração de um ambiente favorável para a transferência de tecnologia e a realização no País de pesquisa e desenvolvimento de medicamentos, por meio da consolidação de parcerias entre indústria e instituições acadêmicas”, revela o presidente do Sindusfarma.

Essa também é a visão do presidente executivo da Interfarma, Antonio Britto, que pede um ambiente propício ao investimento. “Não podemos deixar acontecer novamente o que ocorreu com a inovação do setor no Brasil. Em torno de 85% dos princípios ativos, que são o coração dos medicamentos, são importados e infelizmente o Brasil tem uma posição medíocre na descoberta, desenvolvimento e patenteamento de novos medicamentos. O País pode se tornar mundialmente competitivo e relevante na inovação farmacêutica a partir dos biológicos”, sustenta. Mas para isso ocorrer, segundo o executivo, é preciso resolver dois problemas fundamentais. O primeiro deles é o ambiente de integração entre universidade e iniciativa privada.

“A posição que o País ocupa em inovação é medíocre e desproporcional à qualidade de nossa ciência. Isso significa que, com a qualidade dos cientistas que já temos, poderíamos ser muito mais importantes na pesquisa e no desenvolvimento de novos medicamentos. Isso não acontece porque o Brasil não conseguiu reproduzir o ambiente de cooperação entre governos, universidades e iniciativa privada. Os principais centros geradores de novas drogas no mundo são aqueles em que o governo apoia pesadamente a pesquisa básica. A indústria e a universidade trabalham de forma integrada para transformar a pesquisa básica em pesquisa aplicada, o que significa novos medicamentos no mercado. Já no Brasil, a universidade resiste em trabalhar com a iniciativa privada, e a iniciativa privada resiste em assumir riscos.”

O segundo aspecto apontado pelo executivo é o tempo de aprovação da pesquisa clínica no País. “Para que um estudo seja aprovado na Coreia, por exemplo, bastam 30 dias; nos Estados Unidos, são necessários de 45 a 60 dias; e na Europa, até 75 dias. Enquanto isso, no Brasil, espera-se até 365 dias. É fundamental que tenhamos mais agilidade, sem abrir mão da qualidade e da ética nas análises, para que o País seja atraente ao desenvolvimento de novas terapias”, revela Britto.

Outro aspecto apontado pelo presidente da Interfarma diz respeito ao montante aplicado em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) no País. A indústria farmacêutica fatura no mundo, por ano, cerca de US$ 1 trilhão e investe em pesquisa algo entre 12% e 16% de seu faturamento, ou seja, algo entre US$ 120 bilhões e US$ 160 bilhões. “O Brasil recebe cerca de US$ 300 milhões por ano, o que é rigorosamente medíocre”, sublinha Britto.

Uma alternativa para que os medicamentos biológicos ganhem espaço mais rapidamente no Brasil, barateando o custo dos tratamentos e ampliando o acesso à população, pode estar relacionada à produção de biossimilares. “Esse tipo de medicamento já é uma realidade e provavelmente deve diminuir os custos gerais com os produtos biológicos. A expectativa é de que, com o desenvolvimento de novos métodos de produção, esses produtos acabem se tornando mais baratos ao longo do tempo, como acontece com todas as tecnologias que barateiam ao longo do tempo”, pondera Azevedo da UFPR.

Acesso ponderado

 
Biossimilar é uma cópia, uma espécie de “genérico” do medicamento biológico inovador. O uso do termo genérico vale apenas para ilustrar, mas é impreciso e impróprio para designar o biossimilar, porque genéricos são cópias químicas exatas de medicamentos tradicionais, de moléculas pequenas, enquanto, para os produtos biológicos, não é possível fazer uma cópia idêntica já que a célula que produzirá o biológico é diferente, o processo para a produção também é diferente e consequentemente o produto final será diferente.

“Como o próprio nome diz, são biossimilares e não bioiguais. Não há possibilidade de reproduzir igualmente um medicamento biológico após a queda da sua patente. O banco master para a obtenção de um biossimilar será diverso daquele para obtenção do produto de referência”, afirma Azevedo. Segundo o professor, os medicamentos biossimilares devem provar que são basicamente muito similares em termos físicos, químicos, biológicos, farmacocinéticos, farmacodinâmicos e em seu perfil de segurança e eficácia em seres humanos. Para isso, também precisam ser testados em ensaios clínicos comparativos com os produtos de referência.

“Há enorme potencial para que os biossimilares ocupem espaço no tratamento de doenças, principalmente oncológicas e autoimunes. Alguns países já estão optando por utilizar biossimilares como primeira linha de tratamento de muitas enfermidades, especialmente na Europa. Espero que o Brasil possa aproveitar as parcerias para desenvolvimento de produtos. Assim, poderíamos evoluir com nosso parque biotecnológico de medicamentos e baratear custos de biológicos para o SUS”, frisa Azevedo. “Os biossimilares já respondem por quase 40% do orçamento do Ministério da Saúde com medicamentos. À medida que se tornarem mais acessíveis, podem ocupar espaço ainda maior, tendo em vista que são cada vez mais utilizados no tratamento de doenças complexas”, salienta Arcuri.
Mussolini pondera que, por conta dos vários testes para comprovar eficácia e segurança, o custo dos biossimilares é elevado. Por isso, segundo ele, a redução de preço dos biossimilares não será tão acentuada quanto a provocada pelos genéricos. Na Alemanha, por exemplo, o biossimilar é, em média, apenas 10% mais barato do que seu produto de referência. “Os investimentos em medicamentos biológicos são mais altos porque a tecnologia é nova e ainda está sendo desenvolvida. À medida que o processo for completamente dominado, os custos de produção serão gradativamente menores, resultando em preços mais baixos”, diz Mussolini e compara. “Os genéricos só existem por causa dos medicamentos de referência inovadores dos quais são cópias exatas. A mesma lógica vale para os biossimilares. Não se trata de defender sua produção e, sim, de criar as condições necessárias para que as empresas voltadas ao segmento de biológicos se consolidem e conquistem mercados. A história dos genéricos no Brasil ilustra perfeitamente o que precisa ser feito para que se viabilize no País a produção de medicamentos biológicos, sejam de referência ou biossimilares.”

 

Por Marcelo de Valécio

Novo padrão de consumo

Edição 273 - 2015-08-01 Novo padrão de consumo

Essa matéria faz parte da Edição 273 da Revista Guia da Farmácia.

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