Há vagas

Com mais de 70 áreas de atuação profissional, o farmacêutico encontra possibilidades de expansão, com abertura para novas oportunidades de especialização, como a de medicamentos biotecnológicos 

O mercado de trabalho para o farmacêutico, seja ele experiente ou recém-formado, não demonstra sinais de retração, pelo contrário. Basta navegar alguns minutos pelos sites de recolocação ou busca de empregos para visualizar um bom número de vagas espalhadas pelo País e dirigidas a esse profissional. 

Uma das razões para esse cenário positivo é a amplitude do campo de atuação para o farmacêutico no Brasil: são mais de 70 áreas que necessitam do trabalho deste profissional. Segundo a assessora de carreiras da Catho, Juliana Pereira, o segmento de varejo ainda lidera o ranking de contrações, visto que o aumento na procura por medicamentos faz com que o número de farmácias cresça em todo o País. “Além disso, a demanda por profissionais em farmácias e drogarias vem crescendo devido à exigência legal da presença de farmacêuticos em todos os estabelecimentos, visando combater fraudes de medicamentos”, ressalta. 

A indústria farmacêutica e cosmética cresceu muito na última década e, hoje, também é um dos setores com melhores perspectivas em termos de mercado de trabalho. “Vale destacar que o Brasil está entre os cinco maiores consumidores de medicamentos e a relação de farmácias por habitante é a maior do mundo”, diz Juliana. 

Para ela, não se fala em saturação e sim em expansão do mercado de trabalho aos farmacêuticos com destaque para as ocupações alocadas em hospitais; laboratórios; farmácias; indústrias de medicamentos, cosméticos e alimentos; agricultura; prevenção de pragas; distribuição de fármacos; órgãos públicos e de fiscalização. 

“No geral, a profissão farmacêutica está em plena ascensão no País e, com isso, poderão surgir cada vez mais oportunidades de empregos, necessitando de profissionais dinâmicos e preparados para crescer profissionalmente. Além disso, a ausência de profissionais em novos campos de pesquisa, principalmente de medicamentos biotecnológicos, e o aumento na produção de homeopáticos são alguns dos motivos que favorecem a empregabilidade dos farmacêuticos no País”, comenta. 

A assessora de carreira da Catho revela ainda que a média salarial para o farmacêutico no Brasil é de R$ 2.755,71, sendo que a indústria farmacêutica e a de cosméticos são as que melhor remuneram estes profissionais, pagando até 35,4% a mais, segundo a 51ª Pesquisa Salarial da Catho.

Capacitação e atuação profissional 

Atualmente, a formação do farmacêutico é generalista e se preocupa em habilitar pessoal tanto para a atenção à saúde e à clínica, quanto para o processo de inovação e produção de medicamentos, fármacos e correlatos. E é em função dessa formação generalista que o farmacêutico pode atuar nas mais diferentes áreas, como manipulação de medicamentos; cadeia de suprimentos e logística; desenvolvimento, produção e controle de nutracêuticos; produção e controle de medicamentos; realizar exames em análises clínicas e toxicológicas; no desenvolvimento de produtos, como cosméticos, medicamentos, fármacos; e produtos biotecnológicos, como vacinas, entre outros. 

“No varejo, que é o campo de atuação que mais absorve esse profissional, o trabalho do farmacêutico consiste em prestar a Atenção Farmacêutica no mercado que envolve farmácias e drogarias. Nesse âmbito, o farmacêutico realiza orientação, desde o processo de seleção, compra, logística, dispensação e comercialização de medicamentos e correlatos”, diz o professor e coordenador dos cursos de Farmácia e Radiologia da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), Dr. Guilherme Costa Matsutani. 

Vale reforçar que o farmacêutico é o único profissional habilitado para manipular fármacos e transformá-los em medicamentos e tem esse importante papel complementado pela dispensação responsável. 

“Nas indústrias farmacêuticas e cosméticas, lhe são reservadas as áreas de pesquisa e desenvolvimento, de produção e analítica de controle de qualidade. Cabe também a esse profissional conduzir os estudos que irão dar ao produto farmacêutico ou cosmético a eficácia, a qualidade e a segurança ao paciente. Portanto, pode-se dizer que o envolvimento do farmacêutico tem início a partir do uso tradicional de plantas que serão por ele transformadas em insumos e desenvolvidos até que o medicamento venha à mão do paciente. Dessa forma, o conhecimento técnico e científico desse profissional passa por uma gama de aprendizados que são fundamentais para que o cidadão possa ter a assistência necessária ao seu tratamento”, relata o diretor da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), professor Gerson Antônio Pianetti.  

Ainda segundo Pianetti, a rica formação desse profissional nas áreas da química e da biologia é aliada a um trabalho altamente assistencial devido à sua proximidade com as necessidades sanitárias da população, portanto, outra área de atuação em que esse profissional tem enorme trânsito é a do ensino e da pesquisa superior. 

Segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF), o Brasil possui 195.095 farmacêuticos regularmente inscritos nos Conselhos Regionais de Farmácia do País e forma anualmente 18 mil farmacêuticos.

Capacitação constante 

Para obter sucesso nessa profissão, é preciso dominar as habilidades adquiridas nas disciplinas básicas da formação em farmácia, com conteúdos voltados aos cuidados com a saúde e para a tecnologia de produção de medicamentos, além disso, é importante investir em uma especialização, adquirida geralmente por meio da realização de cursos de formação complementar, como especializações, mestrados e doutorados e claro, o conhecimento prático, obtido com o exercício da especialidade escolhida. 

“Além do já exposto, essa é uma área em que você precisa estar sempre atualizado com leituras, pois com o avanço da tecnologia, é recomendado adquirir novos conhecimentos científicos”, comenta a assessora de carreiras da Catho, Juliana Pereira. A capacitação constante dos farmacêuticos também se torna essencial frente às mudanças e inovações tanto em processos, equipamentos, legislações e alternativas terapêuticas que mudam com muita velocidade. 

Para o professor e coordenador dos cursos de Farmácia e Radiologia da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), Dr. Guilherme Costa Matsutani, o farmacêutico também precisa investir em cursos de línguas e, preferencialmente, ter inglês fluente. “A fluência em inglês é muito necessária em áreas, como indústria, pesquisa acadêmica e até mesmo em hospital”, diz.

Observe

As áreas mais desejadas pelos farmacêuticos são:

1.Indústria.

2.Hospitalar.

3.Varejo.

4.Manipulação. 

5.Cosmética. 

6.Pesquisa Clínica.

Fonte: professor e coordenador dos cursos de Farmácia e Radiologia da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), Dr. Guilherme Costa Matsutani 

Qualificação da mão de obra 

Em áreas mais tradicionais do segmento, como farmácias, hospitais e laboratórios, os empregadores encontram profissionais qualificados para atuar em suas empresas, entretanto, segundo Juliana, as áreas que estão inovando, como Pesquisa e Desenvolvimento, Genética Humana, Cosmetologia Natural, entre outras, ainda têm dificuldade para encontrar profissionais qualificados, pois além da graduação, estas áreas pedem cursos de especialização ou extensões. 

“Algumas empresas enfrentam dificuldade na contratação de profissionais e entre as causas mais comuns, estão a falta de experiência e a falta de conhecimento técnico”, diz. Para ela, dessa forma, a fim de assegurar que as contratações serão mais assertivas, as empresas passaram a recrutar cada vez mais cedo os profissionais nas universidades, lançando programas de recrutamento de trainees e estagiários, pois assim podem atuar de forma mais presente na qualificação e treinamento da mão de obra. 

A qualificação anda de mãos dadas com uma formação profissional de qualidade e cursos de especialização. Segundo o professor Pianetti, as unidades de ensino superior são os principais canais para a atualização do farmacêutico. “Não podemos deixar de pensar que não chega

rá a 20%, 25% o número de egressos que pretendam entrar na linha de pesquisa científica ou magistério. A grande maioria dos formados buscará, certamente, algum local onde poderá aumentar e aprofundar os seus conhecimentos. O farmacêutico, ao sair de uma escola, está apto ao exercício da profissão, mas não está pronto e as especializações, quando realizadas com seriedade, servem tanto para aumentar o conhecimento do profissional como lhe dar o sinal de que ainda falta algo para o exercício de sua profissão”, comenta.

Captura de Tela 2016 03 08 as 10.27.45Fonte: Adriana Bruno

Aumento de imposto

Edição 280 - 2016-03-01 Aumento de imposto

Essa matéria faz parte da Edição 280 da Revista Guia da Farmácia.

Deixe um comentário