Sinal de alerta

Cerca de 30% dos brasileiros sofrem de dores crônicas, isto representa 60 milhões de pessoas. Uma pesquisa revelou que, para 92% dos entrevistados, os principais pensamentos estão ligados ao alívio rápido

Sentir dor não é apenas sinônimo de desconforto. A dor compromete a rotina das pessoas e afeta a qualidade de vida. E dependendo do local que dói, até a mais fácil das tarefas se torna um obstáculo a ser ultrapassado até que a pessoa deixe de realizar ações simples e cesse até mesmo o convívio social.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) Conecta, em parceria com a Pfizer Consumer Healthcare, traçou o panorama “A dor no cotidiano”. O estudo realizado com 1.007 brasileiros com acesso à internet identificou as dores mais frequentes entre a população. A pesquisa constatou que quando sentem dor, os principais pensamentos estão ligados ao alívio rápido, sendo que 92% esperam que passe rápido, 86% pensam no que podem fazer para melhorar mais rápido e 78% pensam em algum recurso para o alívio imediato.

O impacto da dor na vida das pessoas chega a ser tão expressivo que três em cada quatro brasileiros revelam que a dor atrapalha de duas a três atividades diárias. A pesquisa conversou com homens e mulheres a partir de 18 anos de idade e, para 63% deles, o trabalho é a principal atividade impactada, seguida do sono (32%), atividades domésticas (30%) e até mesmo o lazer (29%).

De acordo com o professor titular de ginecologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e vice-presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo (Sogesp), Dr. Paulo Giraldo, cerca de 30% dos brasileiros sofrem de dores crônicas, isto representa 60 milhões de pessoas em busca pela causa de suas dores, e tratamentos adequados. “Em São Paulo, três em cada dez paulistanos convivem com a dor, mas, segundo especialistas, são principalmente as mulheres que devem ter atenção redobrada: dos 28% que sofrem com dores, a maioria é de mulheres.”

Segundo a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), 95% da população brasileira apresentará ao menos um episódio de cefaleia em sua vida.

Ruptura das atividades

A dor é a principal causa de afastamento do trabalhador, já que afeta a produtividade, como destaca a médica fisiatra do Centro de Dor do Hospital das Clínicas de São Paulo, Dra. Lin Tchia Yeng. Mesmo sentindo dor, o estudo deixa claro que as pessoas mantêm suas obrigações. Quando questionados sobre a frequência com que as atividades deixam de ser cumpridas, apenas 6% interrompem suas responsabilidades.

“Sentimos dor devido a algum desbalanço entre estímulos dolorosos vindos do meio externo e/ou interno do organismo e também pela capacidade do corpo em lidar com eles. Quando a dor persiste por mais tempo ou não é adequadamente controlada, há impactos em áreas do cérebro que podem comprometer o humor, o bem-estar, a capacidade de raciocínio, a concentração e até a qualidade da execução das atividades do dia a dia. É como se o trabalho estivesse sendo desempenhado, mas sem ser o foco principal, comprometido pela dor”, diz a Dra. Lin.

Muitas vezes, a dor deixa de ser um sintoma ou alerta do corpo para algo que não está funcionando bem, e passa a ser a doença em si, a chamada dor crônica, acrescenta a chefe do departamento da dor da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, que atua como professora colaboradora do University of Iowa e Wake Fores, ambas nos Estados Unidos, Dra. Gabriela Lauretti. Os pacientes acometidos por essa dor persistente, e que se prolonga há mais de três meses, apresentam distúrbios no sono, na alimentação e alterações no humor, interferindo negativamente no cotidiano. 

Autor: Vivian Lourenço

Aumento de imposto

Edição 280 - 2016-03-01 Aumento de imposto

Essa matéria faz parte da Edição 280 da Revista Guia da Farmácia.

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