Síndrome do Olho Seco

São vários os fatores que causam o problema ocular. Olhos embaçados, dificuldade para ficar em lugares com ar-condicionado ou em frente ao computador podem ser alguns deles

Você já ouviu falar na Síndrome do Olho Seco? Sabe o que é? Pois bem, grande parte da população também deve ter o mesmo questionamento. Para esclarecer as dúvidas que permeiam o assunto, é importante saber, antes de tudo, qual a função das lágrimas e de que forma elas estão diretamente relacionadas com o problema.

As lágrimas são produzidas pelo olho o tempo todo para hidratar a superfície ocular e evitar que esta área fique seca, além de proteger da ação de agentes externos, como bactérias e partículas de poeira.

“A lágrima, ou filme lacrimal, é um líquido composto de água, sais minerais, proteínas e gordura, produzido pelas glândulas lacrimais. O filme lacrimal é constituído por três camadas. A camada mais externa, formada por lípidos originados da secreção das glândulas de Meibomio, tem como função atrasar a evaporação de água. A camada intermediária é a aquosa, que contém água, sais minerais, anticorpos, entre outras substâncias, e é responsável por parte da oxigenação do epitélio corneal, assim como por proporcionar à córnea uma superfície óptica regular e lisa. Por fim, a camada mais interna, em contato direto com a córnea, é a de mucina, que é constituída por glicoproteínas secretadas pelas glândulas caliciformes da conjuntiva, e permite que a camada aquosa se espalhe sobre a córnea”, informa a oftalmologista e gerente médica da Johnson & Johnson Vision Care Latam, Dra. Liane Touma.

A Síndrome do Olho Seco, ou Síndrome da Disfunção Lacrimal, é uma doença crônica caracterizada pela diminuição da produção de lágrima ou alteração em algum de seus componentes. Esse distúrbio no filme lacrimal e na superfície ocular pode produzir áreas secas sobre a conjuntiva e córnea, o que facilita o aparecimento de lesões. Pode estar relacionada à exposição a determinadas condições do meio ambiente (poluição, computador), trauma (queimaduras químicas), alguns medicamentos, idade avançada, menopausa (nas mulheres) e doenças do sistema imunológico (síndrome de Sjögren, Stevens-Johnson e outras).

O problema é mais comum na mulher que toma anticoncepcional, antidepressivo e/ou que está na menopausa, devido às alterações hormonais. Além disso, pode ser frequente em pacientes com doenças reumáticas, que também, de modo geral, acometem mais as mulheres. 

Prevenção e controle

“O tratamento é feito principalmente por meio do uso de lágrimas artificiais, que devem ser instiladas várias vezes durante o dia, de acordo com a gravidade do quadro”, alerta a oftalmologista consultada pela Allergan e vice-chefe do Setor de Doenças Externas Oculares e Córnea do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Dra. Myrna Serapião dos Santos. Elas agem com o objetivo de hidratar e manter a superfície ocular hidratada por mais tempo.

Para a prevenção, o ideal é hidratar os olhos várias vezes ao dia, antes que tenham “sede” ou desidratem, assim como devemos fazer com nosso organismo, por meio da ingestão frequente de água.

Segundo o oftalmologista do Hospital San Paolo, Dr. Alexandre K. Misawa, quando a causa é a diminuição da produção da lágrima, o importante é investigar a etiologia e tratar a doença de base. No início, podem ser usadas lágrimas artificiais e, em casos mais avançados, é recomendado o uso de pomadas lubrificantes que possuem poder de lubrificação maior e até casos cirúrgicos para preservar a lágrima no olho.

Os colírios e lágrimas artificiais atuam equilibrando o filme lacrimal e suas camadas, e cada produto tem uma composição específica que contribuirá de maneira variada. Portanto, não atuam sempre da mesma forma, podendo ser combinados entre si para um melhor resultado.

Grande parte dos tratamentos oculares é realizada de forma tópica, ou seja, por meio do uso de colírios. O colírio tem a vantagem de agir com rapidez e com menor dosagem ao compararmos com a via sistêmica. Os lubrificantes atuam diretamente no olho por aumentar a lubrificação da superfície ocular e diminuir a evaporação das lágrimas. A Síndrome do Olho Seco é um processo crônico, portanto, o tratamento deve ser de uso contínuo ou de acordo com a orientação do médico. 

Queixa frequente

Assistir à televisão de perto e ficar muito tempo em frente ao computador podem causar cansaço ocular. Algumas queixas, como ardor, lacrimejamento, ressecamento, hiperemia e embaçamento, podem ser apresentadas. A Computer Vision Syndrome (CVS), ou Síndrome da Visão do Computador, pode afetar qualquer pessoa que, com muita frequência, passa mais de duas horas diante do PC, sem pausa, gerando o ressecamento dos olhos, miopia transitória, etc.

“O filme lacrimal é reposto a cada piscar que, em situações normais, ocorre entre sete e dez segundos. O uso prolongado do computador faz com que o intervalo entre um piscar e outro se estenda, muitas vezes, além de 60 segundos, deixando, desta maneira, a superfície do olho sem hidratação por tempo prolongado, pois a lágrima evapora mais precocemente e não é reposta no tempo ideal”, alerta a Dra. Myrna.

Ela informa que o mesmo ocorre com a exposição prolongada ao ar-condicionado, onde acontece a evaporação excessiva da lágrima, ocasionando o surgimento dos sintomas de ressecamento ocular.

Autor: Tassia Rocha

Aumento de imposto

Edição 280 - 2016-03-01 Aumento de imposto

Essa matéria faz parte da Edição 280 da Revista Guia da Farmácia.

Deixe um comentário