Operação volta às aulas

O material escolar não é a única demanda do momento. Problemas, como piolho, pequenos ferimentos e viroses, passam a fazer parte da rotina das crianças 

Não são apenas as lojas que vendem material escolar que podem lucrar com o período de voltas às aulas. Para o varejo farmacêutico, o retorno ao ano letivo é uma época que confere excelentes oportunidades, tendo em vista o aumento da incidência de quadros, como piolhos, viroses e pequenos ferimentos. Entenda, a seguir, um pouco sobre esses problemas e como explorar o sortimento correto para garantir um bom atendimento e alavancar as vendas.

PIOLHO: alta infestação pede cautela

Junto com a volta às aulas, aumenta a reclamação sobre a incidência de piolhos. Embora esse seja um problema possível em quaisquer faixas etárias, a maior frequência costuma ocorrer entre dois e dez anos de idade, segundo afirma o presidente do Departamento de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Dr. Fausto Flor Carvalho. 

“A transmissão é facilitada pela concentração e proximidade das crianças dentro das escolas”, explica. Assim, é fundamental que, nessa época, os pais estejam atentos ao cabelo dos filhos, principalmente das crianças pequenas, para evitar a proliferação de lêndeas. Afinal, em um mês, o parasita pode colocar mais de 100 ovos, em geral, na região da nuca e orelhas; e em poucas semanas, tornam-se insetos adultos. O principal sintoma é a coceira e medidas simples podem prevenir a infestação. Para constatar o problema, o Dr. Carvalho indica colocar a criança sentada em um local de luz intensa e separar o cabelo em diversas partes; ao pentear, as primeiras lêndeas aparecerão.

Tratamento simplificado

Antigamente, era comum a criança com piolho precisar raspar o cabelo ou utilizar algumas receitas caseiras, como citronela, álcool ou chás, para tentar amenizar o problema. Hoje, isso não é mais necessário, pois o mercado oferece Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) acessíveis ao consumidor, com apresentações que variam entre xampu e loções, com fácil aplicação. 

Garanta a visibilidade

Segundo explica o gerente de trade marketing do Grupo Cimed, Lucas Frias, os produtos para tratamento de piolhos não possuem espaço específico na loja, pois se tratam de uma categoria destino, ou seja, o shopper vai buscar esse produto no ponto de venda mesmo que seja pedindo o auxílio para um atendente. Mas as farmácias podem facilitar a experiência de compras. 

“O ideal é trabalhar a categoria nas áreas mais próximas ao balcão, para poder indicar a quem está buscando. Seguindo esse critério, as categorias correspondentes mais adequadas para se trabalhar são Infantil ou Primeiros Socorros”, aconselha Frias.

A assessoria de imprensa de Escabin mostra outra possibilidade de exposição. “Os produtos específicos para tratamento de piolho devem ter comunicação clara e sustentada por marcas de referência na categoria. Preferencialmente, devem estar ao lado da categoria de produtos capilares, como xampus, condicionadores e cremes”, sinaliza.

 

PEQUENOS FERIMENTOS: cortes, arranhões e batidas

Correr e brincar são atividades que fazem parte da rotina de qualquer criança saudável, e que também são comuns no dia a dia das escolas. No entanto, todas elas trazem um risco, já que os pequenos ficam mais suscetíveis a ferimentos, como cortes, arranhões ou batidas. 

“As crianças ficam agitadas e ansiosas para o retorno à escola, o que pode acarretar em pequenas lesões ou pancadas”, adverte a Sanofi, via assessoria de imprensa.

No caso de ferimentos comuns, como no joelho ou cotovelo, os antissépticos devem ser usados logo após a limpeza do local, segundo explica a gerente de marketing da divisão de Cuidados Pessoais da 3M, Camila Gallo. 

“Primeiramente, a região deve ser lavada com água e sabão para limpar e eliminar a sujeira. Posteriormente, deve ser aplicado o antisséptico em spray ou com a espátula. O produto faz a assepsia e trata o ferimento. Logo após, é feita a aplicação do curativo para proteger a pele do contato com germes e bactérias. E a cada troca de curativo, o antisséptico deve ser reaplicado”, esclarece.

Outros itens que não podem faltar nas gôndolas são os dirigidos para o alívio de contusões, lesões, dores musculares, cãibras, torcicolos, que já contam com diversas apresentações.

Organize os produtos da farmacinha

ara tratar pequenos ferimentos, cortes, arranhões e batidas, é fundamental recomendar, ao shopper, itens para a montagem de um kit de primeiros socorros, trazendo curativos, antissépticos, pomadas, bolsas térmicas, fitas, esparadrapos, curativos adesivos, entre outros. 

“Recomendamos que os antissépticos sejam expostos logo na primeira prateleira. Em seguida, o álcool em gel e, logo abaixo, na altura dos olhos, os curativos. Na sequência, devem estar expostos as fitas e os esparadrapos e, por último, compressas, gases e soros fisiológicos. Ainda em curativos, recomendamos que sejam expostos também os decorados, que são muito bem requisitados pelas crianças devidos às estampas com personagens”, ensina a gerente de marketing da divisão de Cuidados Pessoais da 3M, Camila Gallo, acrescentando que, além do ponto tradicional, os curativos, caracterizados como compra emergencial, também podem estar na parte do checkout. No caso dos produtos para contusão, como géis e sprays, o ideal é que também estejam próximos aos artigos de primeiros socorros, segundo orienta a Sanofi, via assessoria de imprensa.

VIROSES: cuidados com a transmissão

O convívio constante com muitas crianças no mesmo local aumenta a incidência de viroses, pelo fato de estarem mais próximas umas das outras, já que os vírus são transmitidos por via respiratória. Assim, podem ser inalados pelo ar ou por contato, seja pela saliva ou pela mão, conforme explica o pediatra do Hospital Sírio-Libanês, Dr. Marcello Pedreira. 

“Por mais ventilada e limpa que seja a escola, a transmissão acontece facilmente e com maior rapidez, porque os alunos compartilham os brinquedos, alimentos e, por consequência, os vírus”, justifica o médico. 

Os sintomas mais comuns das viroses são febre, falta de apetite, abatimento, irritabilidade, dores de cabeça e no corpo, vômitos, espirros, coriza, tosse e, em alguns casos, até mesmo diarreia e erupções na boca e na pele. “Os incômodos podem aparecer isoladamente ou combinados e variam conforme os vírus causadores e o órgão ou o sistema atingidos”, reforça o Dr. Pedreira. 

Alerte sobre os antibióticos

Como a virose, geralmente, não traz complicações mais graves, o pediatra do Hospital Sírio-Libanês, Dr. Marcello Pedreira, aponta que o tratamento consiste no controle dos sintomas, passando por banhos combinados com antitérmicos quando há febre, repouso, hidratação adequada e alimentação saudável, sempre sob orientação do pediatra. 

Geralmente, os sintomas desaparecem no prazo de uma semana a dez dias. Se persistirem, o pediatra deve ser procurado, imediatamente. “O importante é nunca dar antibióticos por conta própria à criança. Esses medicamentos não combatem problemas causados por vírus e aumentam a resistência bacteriana. Os tratamentos devem seguir a indicação do médico”, adverte o especialista.

Autor: Kathlen Ramos

 

Estrada do crescimento

Edição 290 - 2017-01-01 Estrada do crescimento

Essa matéria faz parte da Edição 290 da Revista Guia da Farmácia.

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