Os alertas da nova temporada

Os dias mais frios e charmosos do ano trazem, consigo, epidemias. Entenda as doenças e as formas de oferecer uma solução ao consumidor na farmácia

A sensação de que se vê as pessoas adoecerem mais por problemas respiratórios e virais, no ciclo que vai do outono para o inverno, não é só impressão ou coincidência.

“O ar frio reduz a resistência do aparelho respiratório ao ataque dos vírus e bactérias”, aponta o diretor do núcleo médico científico do Aché, Dr. Eduardo Motti. Além disso, durante o outono, segundo explica o infectologista do Hospital Bandeirantes, Dr. Ivan Marinho, os períodos de chuvas são reduzidos, levando a uma menor circulação do ar. “Aliada a este cenário, está a baixa umidade, que traz mais poluição e irritação de vias aéreas”, diz.

E não é somente a temperatura e qualidade do ar que levam ao maior número de casos. A aglomeração de pessoas em espaços fechados também interfere, de forma relevante, nesse cenário.

“Nos meses frios, têm-se o hábito de manter as janelas fechadas e, com isto, por se renovar pouco o ar dos ambientes, facilita-se a circulação dos vírus”, esclarece o médico da Divisão Consumer Health da Hypermarcas, Dr. Marcelo Neubauer.

Em relação à incidência, nos casos de gripe (influenza), são notificados casos de síndrome respiratória aguda grave. “No Brasil, em 2016, foram notificados 54.224 casos, sendo 27,5% positivos para influenza e, destes, 87% foram do vírus H1N1. Entre esses casos, houve 7.171 mortes”, contabiliza o Dr. Motti.

Durante uma epidemia sazonal de influenza, segundo informa o gerente de produto do Grupo Cimed, Marcello Pontello, entre 5% e 15% da população é infectada. No caso dos resfriados, não há notificações, portanto, não há estatísticas para a quantidade de casos. Mas sabe-se que a incidência é numerosa.

“Admite-se que toda a população apresenta de um a três episódios de resfriado por ano. Os resfriados não são graves, mas têm impacto no absenteísmo dos trabalhadores e estudantes”, acrescenta o especialista do Aché.

De fato, dependendo do vírus, o grau de comprometimento dos acometidos pode ser alto, afetando a realização das atividades diárias. “Os números são extremamente variáveis, mas há consenso de que o resfriado é a primeira causa de absenteísmo no mundo”, diz o Dr. Neubauer. 

Pessoas de quaisquer idades podem ser acometidas, embora o público infantil tenda a ser mais suscetível. “Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a gripe comum ocorre mundialmente, acometendo entre 5% a 10% da população adulta e entre 20% a 30% das crianças”, afirma o executivo da Cimed.

Vírus atuantes

A impressão que se tem é que os casos de gripes têm se tornado cada vez mais agressivos. O que é verdade, já que cada vez que um novo tipo de vírus aparece por meio de mutações, os casos são mais graves do que o habitual, porque as pessoas ainda não têm imunidade a este agressor.

“Isso ocorre em intervalo variável de cinco a 15 anos. Na chegada do vírus H1N1, ocorreu esse fenômeno”, comenta o Dr. Motti, lembrando que a vacinação reduz o número e a gravidade dos casos.

A otorrinolaringologista do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP), Dra. Maura Neves, lembra que, em 2009, ocorreu uma pandemia desse novo sorotipo, que combina genes da gripe humana, aviária e suína, denominada H1N1 ou gripe suína.  

“Atualmente, esse é o vírus que mais provoca casos de gripes”, constata.

A Dr. Maura lembra que, em 2016, cerca de 70% das infecções foram causadas pelo vírus influenza e cerca de 30% por outros vírus respiratórios, como adenovirus, parainfluenza e  vírus sincicial respiratório  -> (uma das principais causas de infeccções das vias respiratórias e pulmões em recém-nascidos e crianças pequenas, podendo causar bronquite). 

“Entre os casos de influenza, 62,5% foram tipo A subtipo H1N1, 30% foram influenza B, 5,5% foram influenza A não subtipado e 1,7% foram de influenza A H3N7. Até o momento, a principal notificação de 2017 foi de vírus sincicial respiratório e influenza A H3N7”, diz. (uma das principais caudas de infeccções das vias respiratórias e pulmões em recém-nascidos e crianças pequenas, podendo causar bronquite).

“De acordo com a resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a vacina de Influenza trivalente de 2017 deverá conter os vírus influenza A (H1N1), subtipo Michigan/45/2015; influenza A (H3N2), subtipo Hong Kong/4801/2014; e influenza B, subtipo Brisbane/60/2008”, constata Pontello.

Eles merecem atenção especial 

Crianças (abaixo de cinco anos de idade) e idosos (acima de 60 anos de idade) estão entre os grupos de risco para gripes e resfriados, segundo explica o infectologista do Hospital Bandeirantes, Dr. Ivan Marinho.

“A criança com menor idade ainda não tem imunidade bem desenvolvida e está vulnerável às formas mais graves da doença”, diz. E entre os idosos, o que acontece é uma perda progressiva da imunidade.“Com o passar dos anos, eles também têm maior frequência de doenças crônicas, portanto, estão sujeitos a maior risco de apresentar formas graves de gripe”, acrescenta.


CRIANÇAS

riscos 27RISCOS: a gripe tem como principal complicação a infecção bacteriana sobreposta, que pode
acontecer em decorrência da maior produção de muco e inflamação do trato respiratório.
Os acometidos também estão suscetíveis à ação do vírus influenza, que pode levar a uma
pneumonia viral; e ao agravamento de casos de alergias respiratórias, como asma,
bronquite, rinite.

calendario 27
 CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO:
a vacina contra gripe deve ser aplicada a partir dos
 seis meses de idade. Na primeira vacinação (entre seis meses e nove anos de vida),
 são duas doses, com intervalo de quatro semanas entre elas. Após a primovacinação,
 as doses devem ser anuais, por toda a vida.

atencao 27
SITUAÇÕES QUE MERECEM ATENÇÃO:
crianças abaixo de dois anos, com asma,
ou que estejam muito prostradas, chorosas, com dificuldade em se alimentar e se hidratar,
com dificuldade em respirar ou com febre prolongada por mais de três dias, devem procurar
auxílio médico. Além dos casos em que há melhora da febre, mas com recorrência.

prevencao 27

FORMAS DE PREVENÇÃO: as crianças devem permanecer em ambientes ventilados,
arejados e sempre limpos. É importante orientá-las – e os cuidadores – a ter objetos
de uso individual.

 

ASPECTOS COMUNS EM TODAS AS IDADES

TRATAMENTO: na maioria dos casos, hidratação, repouso e sintomáticos são suficientes para controle dos sintomas. O tratamento com medicamentos está indicado nos casos graves e com fatores de risco para complicações. O ideal é iniciar o tratamento nas primeiras 48 horas de sintomas. A droga de escolha é o oseltamivir.

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DURAÇÃO DO QUADRO:
a febre e os sintomas respiratórios podem durar de um a quadro dias. A tosse pode persistir por mais tempo, chegando a duas semanas. Em raros casos, pode durar até seis semanas.

 

IDOSOS

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RISCOS:
assim como acontece com as crianças, entre idosos, a gripe tem como principal complicação a infecção bacteriana sobreposta, que pode acontecer em decorrência da maior produção de muco e inflamação do trato respiratório. E própria ação do vírus influenza pode levar a uma pneumonia viral. Além disso, os idosos têm, em geral, maior suscetibilidade a infecções pela senescência do sistema imunológico. Eles podem apresentar, ainda, outras doenças associadas (como diabetes mellitus, cardiopatias, problemas renais e de fígado), que podem aumentar o risco de complicações.

forma 27

FORMAS DE PREVENÇÃO: devem-se manter os ambientes ventilados, arejados e sempre limpos. Orientar a manter objetos de uso individual, como copos e outros utensílios; além de higiene das mãos constante e uso de lenços descartáveis para conter secreções.

situacao 27
SITUAÇÕES QUE MERECEM ATENÇÃO:
sensação de falta de ar, cansaço excessivo, febre prolongada e prostração intensa são motivos para se buscar assistência médica

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CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO:
a vacina deve ser feita anualmente. Além disso, há vacina contra pneumococo, que deve ser administrada em idosos. São duas doses, com intervalo de cinco anos.

 

OUTROS GRUPOS DE RISCO1

Doentes crônicos: são um alvo particularmente mais sensível para desenvolver complicações de saúde graves provocadas pelo vírus da gripe.

gravida 27Grávidas: o corpo da mulher sofre diversas alterações, especialmente no sistema imunológico, tornando-a mais sensível e suscetível aos efeitos do vírus da gripe, que podem afetar não só a gestante, como também o feto.

1. Gerente de Produto do Grupo Cimed, Marcelo Pontello

Construa uma boa estratégia para a categoria de Gripes e Resfriados

1- Tenha um ótimo espaço para a categoria, com destaque na loja.

2- Ofereça preços e promoções competitivos.

3- Melhore a exposição, usando sinalizadores, iluminação, testeiras de ambientação, a fim de chamar a atenção do cliente.

4- Tenha um sortimento robusto e mais completo que a concorrência nas subcategorias que a compõem.

5- Treine todo o time da loja sobre produtos relacionados, como características e posologia.

6- Faça ações de Atenção Farmacêutica voltadas para a categoria.

7- Aborde o consumidor no ponto de venda (PDV), com um foco e olhar de prestação de serviço. Essa pode ser uma ferramenta importante de vendas.

8- Utilize informativos, como Dicas de Saúde, para uma melhor prevenção contra gripes e resfriados.

9- Aproveite o período de inverno para adotar estratégias sazonais de promoção em loja, como ponta de gôndola com soluções integradas para gripes e resfriados e promoções cruzando diversos segmentos da categoria.

10- É muito comum que, na jornada de compra da categoria de Gripes e Resfriados, os clientes comprem também produtos de outras categorias dentro da farmácia. Essa informação é importante para um melhor aproveitamento da jornada de compra, como proximidade física de produtos na loja (gôndolas próximas) ou possíveis ações de cross-merchandising. As categorias ou produtos relacionados são: lenços descartáveis; vitamina C; termômetros; dor e febre; álcool gel; e chás.

Fonte: gerente de marketing de Naldecon, Alexandra Janeiro

 

Prepare o PDV

Quando as gripes ou resfriados acontecem, além de medicamentos sintomáticos – como analgésicos, antitérmicos e antigripais –, outros produtos podem ser necessários, a exemplo de termômetros, lenços, higienizadores nasais, lenços descartáveis, entre outros produtos.

“Nos meses mais frios do ano*, entre maio e julho, a média das vendas da categoria de Gripe e Resfriado aumenta em torno de 57% versus a média de vendas dos outros meses”, afirma a diretora de trade marketing da Hypermarcas, Shelida Vicentini.

A Libbs lembra, ainda, que o mercado de soluções salinas cresce, aproximadamente, 40% no começo do inverno.

Portanto, é hora de abastecer os estoques e preparar uma exposição visando a uma solução completa para as demandas desse paciente; e manter o estoque em dia para não prejudicar as vendas por rupturas. 

“Além de perder vendas, quando a loja não está devidamente abastecida, o ponto de venda (PDV) corre o risco de não atender às necessidades do tratamento para o paciente. Da mesma forma, quando o cliente não encontra o produto na gôndola, ele irá buscar em uma loja concorrente”, alerta o laboratório Libbs.

No caso dos medicamentos dirigidos para o tratamento dessas doenças, como a grande maioria deles é isenta de prescrição médica, então podem-se alocá-los fora do balcão, no autosserviço, com acesso fácil ao shopper.

A especialista da Hypermarcas indica que eles sejam separados por sintoma como, Antigripais, Nariz Entupido, Irritação na Garganta, Tosse, e Alergia.

“A ideia é que o PDV entregue uma solução ao consumidor para os diversos sintomas da gripe. Fazer cross-merchandising junto com a categoria de analgésicos e antitérmicos também pode ajudar o shopper nesse momento”, diz.

No período de sazonalidade desses produtos, indica-se, ainda, trabalhar a categoria em pontos extras, como displays de balcão, ponta de gôndola e checkout.

“Esse posicionamento extra vai aumentar o estoque em loja e permitir visibilidade em pontos mais quentes do estabelecimento”, sugere o gerente de trade marketing do Grupo Cimed, Lucas Frias.

Autor: Kathlen Ramos

De olho no shopper

Edição 293 - 2017-04-01 De olho no shopper

Essa matéria faz parte da Edição 293 da Revista Guia da Farmácia.

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