Quatro boas notícias sobre novos tratamentos em testes contra a Covid-19

Corrida por medicamentos já levou ao registro de mais de 2,7 mil ensaios clínicos pelo mundo. Veja quatro que tiveram resultados positivos divulgados no último mês

 Desde o início da pandemia de coronavírus diversos tratamentos experimentais e testes contra a Covid-19 tem sido feita.

Já foram registrados no planeta nada menos do que 2,7 mil ensaios clínicos de tratamentos envolvendo humanos.

É o que mostram dados de uma plataforma internacional International Clinical Trials Registry Platform, que reúne cadastros de estudos desse tipo prestes a serem iniciados.

Importância dos voluntários

No entanto, até o momento, cerca de 1,6 mil ensaios estão ativamente recrutando voluntários ou já completaram esta etapa de experimentos, seja com remédios, alguns tipos de vacinas e até terapias alternativas.

Os ensaios clínicos são exigidos por agências sanitárias para comprovação da segurança e eficácia de um tratamento, e seu posterior registro e comercialização.

Na América Latina, o Brasil é o país com mais ensaios clínicos relativos à Covid-19 planejados ou em execução em seu território: 159.

No mundo, quem lidera são os Estados Unidos, com 532.

Diante dessas milhares de apostas, apresentamos quatro tratamentos experimentais contra a Covid-19 que apresentaram avanços no último mês, no Brasil e no mundo.

O soro, um líquido injetável rico em anticorpos contra o coronavírus, é destinado ,portanto, a pessoas já infectadas e busca frear o agravamento da doença, impedindo por exemplo que ela ataque o pulmão.

Os testes com cobaias tiveram resultados “extremamente” efetivos, de acordo com o Instituto Butantan.

Ainda não há data determinada para início, mas os testes com pessoas devem começar em breve.

Também está sendo definido o número de voluntários, mas pela natureza do tratamento, a abrangência é menor do que em testes com vacinas.

Elas são planejadas para serem aplicadas na população geral e têm função preventiva – diferente de tratarem alguém já infectado, como faz o soro.

O Butantan é responsável pela produção e fornecimento de outros soros para todo o país, como contra a raiva e venenos de cobras.

Como funciona

No tratamento desenvolvido contra a nova doença,  por exemplo, o coronavírus foi isolado de um paciente, multiplicado, inativado (para não desencadear uma infecção) e aplicado em cavalos em uma dose segura para não adoecerem.

Os animais funcionam como “fábricas” de anticorpos, produzidos em contato com o vírus e depois retirados para compor o soro aplicável em humanos.

Spike é como se chama a proteína que se encaixa nas células humanas para promover a infecção pelo coronavírus.

Os ensaios clínicos vão verificar, na fase 1, se o soro é seguro para uso; na fase 2, qual seria a dosagem ideal; e na fase 3, se ele é eficaz em um grande número de pessoas.

2. Antiviral inicia testes

Outro tratamento em estudo que avançou para a primeira fase dos testes clínicos foi um remédio de uso oral que está sendo desenvolvido pela farmacêutica Pfizer.

A empresa anunciou no dia 23 que os experimentos com pacientes foram iniciados nos Estados Unidos.

O que diz a farmacêutica

De acordo com a Pfizer, o antiviral mostrou uma ação “potente” em testes in vitro no laboratório e é projetado para ser usado aos primeiros sintomas de Covid-19.

O medicamento da Pfizer é do tipo inibidor de protease — uma enzima essencial para o vírus se multiplicar.

Por ora, a primeira fase de ensaios clínicos anunciada pela Pfizer vai avaliar principalmente a segurança do medicamento, acompanhando eventuais efeitos adversos e alterações em exames.

3. Coquetel: metas atingidas na terceira fase

Já na fase 3, envolvendo mais de 4,5 mil participantes, os testes com um coquetel desenvolvido pela farmacêutica Roche tiveram bons resultados anunciados no último dia 23.

O coquetel, uma combinação das substâncias casirivimab e imdevimab com aplicação intravenosa, configura um tipo de tratamento chamado de anticorpos monoclonais — quando anticorpos de uma pessoa que se recuperou da doença são selecionados e copiados em laboratório.

Os voluntários eram pessoas infectadas pelo coronavírus, não hospitalizadas, mas sob risco de agravamento da doença.

De acordo com a companhia, o coquetel reduziu em 70% o risco de hospitalização e morte, na comparação com o placebo (um tratamento inócuo). Este era o principal objetivo a ser verificado pelo estudo.

Bons resultados

Mas objetivos secundários também tiveram bons resultados, como a redução da duração dos sintomas de 14 para 10 dias. Os efeitos adversos se mostraram estatisticamente pouco signficantes, em 1% dos pacientes.

Há vários outros experimentos em curso com o casirivimab e imdevimab, incluindo no projeto Recovery, um conjunto de testes em larga escala no Reino Unidos com potenciais tratamentos para Covid-19.

Em um comunicado, a Roche afirmou, todavia, que irá compartilhar os resultados com agências sanitárias americanas e europeias, indicando sua intenção de ver o produto registrado e comercializado.
A farmacêutica também pretende divulgar os dados em uma publicação científica.

4. Antiviral pode acelerar eliminação do vírus

No início de março, no dia 6, as farmacêuticas MSD e Ridgeback apresentaram resultados preliminares de um ensaio clínico em fase 2 com o antiviral oral molnupiravir, envolvendo 202 pessoas infectadas com o coronavírus nos Estados Unidos e não hospitalizadas.

Após o quinto dia de tratamento, a carga viral foi reduzida entre aqueles que receberam tratamento.

Além disso, os efeitos adversos foram considerados irrelevantes e não relacionados ao medicamento.

Especificações

Detalhes e mais resultados da fase 2, incluindo os objetivos principais, serão, portanto, divulgados em breve, de acordo com o consórcio.

Assim, outros ensaios de fase 2 e 3 com o antiviral também estão sendo realizados.

O molnupiravir inibe a replicação de vírus de RNA como o SARS-CoV-2, e teve bons resultados em laboratório não só com este patógeno, mas com outros como o SARS-CoV-1 e MERS.

Fonte: G1

Foto: Shutterstock

Deixe um comentário