“A grande questão é entender que os testes não são todos iguais e têm desempenhos diagnósticos diferentes”, completa. “E é preciso voltar até ao momento da coleta, não só ao reagente em si — ao quanto ele é sensível e específico. Essas condições pré-analíticas são fundamentais para que o resultado seja crível.”
Nesse sentido, então, para que os testes de antígeno tenham maior chance de sucesso, diz o pneumologista, eles precisam ser realizados no momento certo (leia mais abaixo), com uma técnica de coleta e mistura ao reagente apropriadas, aplicação adequada na célula de leitura e com o devido tempo de processamento.
Já o diretor do comitê de análises clínicas da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), Alex Galoro, também reitera a importância da qualidade da realização das diferentes etapas do teste, especialmente no momento de escolher entre o autoteste, o teste de antígeno feito na farmácia e o teste de antígeno feito em laboratório.
“O profissional de laboratório é treinado, vive disso, o da farmácia pode ter recebido algum treinamento, mas certamente menos — assim, pode haver alguma falha na execução. No caso do autoteste, mais ainda”, ele completa.
Kits
Os kits do autoteste para detecção de antígeno, aliás, são diferentes daqueles utilizados nas farmácias e laboratórios, apesar, então, de usarem o mesmo mecanismo.
Por razões de segurança, a coleta do material no autoteste não é feita na região mais profunda do nariz, mas apenas na área mais superficial — de maneira geral, as instruções indicam inserir o swab entre dois e três centímetros no nariz.
Na prática, isso significa que a probabilidade de a amostra coletada no autoteste ter uma carga viral pequena — que não chega a ser detectada pelo reagente — é maior do que no teste realizado na farmácia ou no laboratório.
“Pode haver muito falso negativo”, ressalta Galoro.
Quando fazer?
No caso dos testes de antígeno, a recomendação é que seja feito no segundo ou terceiro dia de sintomas, quando há maior carga viral no sistema respiratório do indivíduo infectado e, assim, a probabilidade de que ela seja detectada é maior.
Todavia, oficialmente, a Anvisa sugere que eles sejam feitos entre o primeiro e o sétimo dia de sintomas.
Para os assintomáticos, o ideal é fazer entre três e cinco dias depois do contato com alguém que foi diagnosticado com a doença, por conta do tempo de incubação do vírus.
“Lá no começo, o tempo de incubação podia ir de dois a até 14 dias — isso não é mais verdade. Estamos vendo muitas pessoas que tiveram contato com alguém contaminado e três dias depois já estão com diagnóstico positivo”, pontua Granato.
Como ler o autoteste
Para quem optar pelo autoteste, é importante saber ler o resultado.
A lâmina de teste tem dois campos: C, de “controle”, e T de “teste”. Quando o resultado é negativo, a linha colorida aparece apenas na área C. Quando positivo, ambas as áreas ficam “pintadas” na lâmina.
A Anvisa destaca que o resultado é considerado, então, positivo independentemente da intensidade da cor das linhas.
O exame é considerado inválido caso apenas a linha T fique colorida, mas não a linha de controle; caso nenhuma das duas seja pintada ou se houver um grande borrão na lâmina.
Leitura

Fonte: Possíveis resultados dos autotestes de antígeno para detecção de Covid-19 — Foto: Anvisa/Reprodução (via BBC)
Deu positivo, e agora?
O pneumologista Gustavo Prado ressalta que os testes de antígeno são, portanto, bastante específicos e, por isso, têm uma incidência baixa de falsos positivos.
“Teste positivo é resultado positivo.”
A recomendação é de isolamento por um período entre 7 e 10 dias, a contar a partir do primeiro dia de sintomas.
A saber, a Anvisa chegou a emitir uma sugestão liberando o fim do isolamento a partir do quinto dia, com a realização de um novo teste que traga resultado negativo, no entanto, o pneumologista não considera a medida segura.
Deu negativo, não tenho Covid?
Os resultados negativos, por sua vez, precisam ser olhados com mais cautela, de acordo, então, com os especialistas.
A sensibilidade dos autotestes varia, mas muitos atingem cerca de 80%, afirma Prado — o que significa que, de cada 100 casos positivos, o exame detectará 80.
Para aqueles que fizeram o teste porque estão sem sintomas e tiveram contato com alguém que teve diagnóstico positivo, a recomendação do médico é que mantenha os cuidados para evitar a transmissão — uso de máscara, higiene das mãos, distanciamento social, preferência por ambientes abertos e ventilados.
Fonte: G1
Foto: Shutterstock