5 motivos para não escolher qual imunizante tomar contra a Covid-19

Não escolher qual imunizante tomar neste momento, ajuda a frear a transmissão do vírus

No atual momento que o Brasil está atravessando, não escolher qual imunizante tomar é a melhor opção.

Muito melhor tomar qualquer vacina disponível do que ficar vulnerável à Covid-19.

E, ao se vacinar, você ajuda a aumentar também a cobertura vacinal, que é o mais importante neste momento.

Veja 5 razões que mostram por que você não deve escolher vacina:

1) É urgente ter imunidade individual contra a Covid-19  e para isso não se deve escolher qual imunizante tomar

Todas as 3 vacinas aplicadas no Brasil contra a Covid-19 são capazes de proteger de casos graves e de morte pela doença.

Isso já foi demonstrado tanto em ensaios clínicos (quando os cientistas medem a eficácia de uma vacina) quanto na “vida real” (quando a efetividade da vacina é constatada).

Sim, é verdade que as vacinas têm eficácias diferentes, no entanto, a prioridade, neste momento, não é dar a vacina de maior eficácia a todos ou escolher a própria vacina, defende a epidemiologista Carla Domingues, que coordenou o Programa Nacional de Imunizações (PNI) de 2011 a 2019.

2) Acelerar e aumentar a cobertura vacinal

Um ponto importante sobre a cobertura vacinal é que as vacinas usadas no Brasil têm, no geral, eficácia menor do que as usadas nos Estados Unidos, por exemplo (que aplica Moderna, Pfizer e Johnson).

Dessa maneira, Isso significa que é preciso vacinar uma maior quantidade de pessoas para frear a transmissão do vírus.

No estudo em Serrana (SP), os cientistas avaliaram que o controle da pandemia foi feito depois que 75% da população recebeu a segunda dose da CoronaVac.

Ou seja: para controlar a pandemia é preciso que muitas pessoas se vacinem.

E, se isso não acontecer, é possível que mesmo as vacinas com maior eficácia não sejam capazes de proteger as pessoas de adoecerem, explica a pediatra Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

3) Não há vacinas suficientes para o ‘sommelier’ , logo, o ideal é não escolher o imunizante a ser tomado

No atual momento, o “sommelier de vacina” virou um termo crítico para representar aqueles que escolhem supostamente o que acham ser o melhor.

É importante lembrar que o Brasil não tem doses suficientes de nenhuma vacina para imunizar toda a população.

Por isso, infelizmente, nem todos poderão ser imunizados com as vacinas que tiveram maior eficácia nos estudos.

De acordo com a previsão do Ministério da Saúde (MS), atualizada no último dia 16, o Brasil deve dispor ao todo, em junho, de cerca de 38 milhões de doses de vacina (37.948.181), distribuídas assim:

  • Oxford/AstraZeneca: cerca de 20 milhões de doses, sendo 18 milhões da Fiocruz e o restante da Covax Facility.
  • CoronaVaccerca de 5 milhões de doses do Instituto Butantan. Na quarta-feira (16), o Butantan entregou 1 milhão de doses ao Ministério da Saúde.
  • Pfizer: cerca de 12,8 milhões de doses, sendo 12 milhões direto da Pfizer e o restante da Covax Facility.

 

Além dessas, mais 1,5 milhão de doses da vacina da Johnson chegaram ao Brasil no último dia 22.

Levando, portanto, o total de junho a cerca de 39,5 milhões de doses.

4) É prioridade evitar a circulação do vírus e de novas variantes

Quanto mais o vírus circula, sendo transmitido de uma pessoa para outra, mais ele faz replicações, e maior é a probabilidade de modificações, ou mutações, no seu material genético. É daí que surgem as novas variantes.

Já há dados que apontam que algumas vacinas não funcionam tão bem contra determinadas variantes.

Como a da AstraZeneca contra a variante sul-africana (beta/B.1351), por exemplo.

Mas, mesmo nesse caso, a vacina evitou casos graves e mortes, lembra o imunologista Jorge Kalil, pesquisador do Instituto do Coração (Incor) da Universidade de São Paulo (USP).

O cardiologista Marcio Bittencourt, pesquisador do Hospital Universitário da USP, lembra, também, que não sabemos quais são as próximas variantes que vão circular – e como vão agir contra as vacinas de hoje.

Ballalai reforça: é necessário, urgentemente, diminuir o número casos no país.

“Porque senão vai perder essa oportunidade. Vamos criar variantes novas aqui no país: o Brasil é considerado celeiro de variantes. Até a hora em que a gente vai ter uma variante contra a qual a vacina não vai conseguir proteger. Aí, sim, a gente está com um problema sério”, alerta.

É o mesmo caso, por exemplo, da vacina da gripe, compara Bittencourt:

Todo ano uma nova vacina é feita de acordo com as cepas que os cientistas calculam que vão circular naquele ano.

“Se a gente erra a cepa, a vacina fica ruim”, diz o médico.

5) Salvar vidas é também uma responsabilidade coletiva, ou seja, não devemos escolher o imunizante a ser tomado

Ao se vacinar, aumentar a cobertura vacinal e reduzir a circulação do vírus, você protege a si mesmo e às pessoas ao seu redor.

Incluindo aquelas que ainda não podem se vacinar, seja porque ainda não estão contempladas no plano de vacinação, porque são crianças ou porque têm algum problema de saúde que as impede.

Quando a circulação do vírus cai, portanto, mais pessoas se vacinam e há menos gente suscetível à doença, cai o número de casos e a probabilidade de que alguém desenvolva um caso grave.

Assim, cai o número de pessoas internadas e não há a sobrecarga do sistema de Saúde, que foi vista em praticamente todo o país neste ano. E, claro, milhares de mortes são evitadas.

‘Se eu tomar a vacina X, poderei viajar?’

Até agora, não há informação de que pessoas imunizadas com a vacina A, B ou C tenham sido impedidas de viajar ou de entrar em algum país.

Há duas semanas, a Espanha reabriu as fronteiras para turistas vacinados com alguma das vacinas aprovadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ou pela União Europeia.

Todas as vacinas usadas no Brasil são aprovadas pela OMS, mas o país ficou de fora da lista por ser de “especial risco epidemiológico”.

Na última segunda-feira (21), o Canadá determinou que, a partir das 23h59 do dia 5 de julho, viajantes “totalmente vacinados“ e que tenham permissão para entrar no país não precisarão mais ficar em quarentena nem fazer um teste de Covid-19 após a chegada se tiverem recebido ambas as doses das vacinas da Pfizer, da Moderna ou da AstraZeneca (ou uma combinação entre elas) ou a vacina da Johnson/Janssen.

Outras vacinas – como a Sputnik V, a Covaxin e a CoronaVac, entre outras – não serão consideradas; para os imunizados com essas, a necessidade de quarentena e de testes permanece.

Mas é importante lembrar que brasileiros não podem entrar no Canadá, hoje, para viagens não essenciais, mesmo vacinados e sem sintomas, e mesmo que entrem no país vindos dos Estados Unidos ou de outro lugar que não o Brasil. Segundo o governo canadense, essas restrições devem continuar após 5 de julho.

‘Mas e os efeitos colaterais?’

Você já deve ter ouvido falar nos casos de trombose após a aplicação da vacina da AstraZeneca. Esse risco, entretanto, é raríssimo – e bem menor do que o de desenvolver um coágulo após a própria Covid, de acordo com os cientistas de Oxford.

Alguns países estão substituindo a segunda dose da vacina por outras de RNA mensageiro – como a da Pfizer e a da Moderna.

A epidemiologista Ethel Maciel defende, portanto, que essa possibilidade de combinação deve ser estudada no Brasil.

“Por exemplo, várias gestantes tomaram a AstraZeneca antes de interromperem [a aplicação]. Essas gestantes poderiam tomar agora a Pfizer como uma segunda dose. Já tem alguns estudos de intercambialidade. Inclusive o próprio Ministério da Saúde já tem dados de pessoas que tomaram errando. Poderia completar o esquema de várias pessoas: pessoas que tiveram reação à AZ na primeira”, opina.

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Fonte: G1

Foto: Shutterstock

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