“A melhor tática é apostar em todas as vacinas”, afirma neurocientista

Para o neurocientista, Miguel Nicolelis, as autoridades não devem descartar nenhum imunizante que está sendo desenvolvido para conter o avanço do novo coronavírus

Considerado pela Scientific America um dos 20 cientistas mais influentes do mundo, o neurocientista Miguel Nicolelis comparou a busca pela vacina contra o novo coronavírus a uma corrida de cavalos.

Para ele, não se pode descartar nenhuma hipótese entre as medicações que estão sendo pesquisadas. Coordenador do Comitê Científico do Consórcio do Nordeste, Nicolelis participou no dia 20 de outubro, da webinar “Cérebro, o criador do universo e a Comunicação” e falou sobre ciência, o funcionamento do cérebro e fake news.

Acredito piamente que a vacina é o grande trunfo que vamos ter para reduzir a taxa de transmissão. A vacina é como corrida de cavalos. Tem 15 cavalos na raia e você de antemão não sabe que cavalo vai ganhar. A melhor tática é apostar em todos. Enquanto ela [vacina]não vem, em teoria teríamos que manter o que funciona, o isolamento“, afirma o Nicolelis.

Dessa forma, o neurocientista crê que o Brasil falhou desde o início, principalmente por ignorar os avisos externos e minimizar a gravidade da doença.

“É a maior tragédia humana da história do Brasil num único evento. Nos deparamos com um sistema e instituições que negaram a gravidade da pandemia. Perdemos a guerra no começo”, diz Nicolelis.

A pandemia colocou o planeta na maior crise dos últimos 100 anos e, segundo ele, comprovou a fragilidade do modelo adotado pela sociedade moderna.

Entretanto, a vulnerabilidade do sistema não foi o único responsável pelas milhares de mortes causadas pela Covid-19.

Problemas com fake news

Nicolelis crê que a disseminação de fake news em larga escala contribuiu decisivamente para ampliar o alcance da pandemia.

“É por isso que muita gente morreu na pandemia. Nós estamos precisando de uma vacina num momento que o jornalismo sério e profissional sofre os maiores ataques da história. Esse processo acelerou com a criação de mídias de massa que permitem que essas notícias se espalhem. O cérebro é mais propenso à fake news do que verdades. E esse é o grande problema do mundo atual”.

Na mesma direção, a sócia-diretora da In Press Oficina, Patrícia Marins, resume em poucas palavras o cenário criado pelo coronavírus. “A pandemia é também uma crise de confiança, uma guerra de narrativas e desencontros”.

Fonte: Miguel Nicolelis, neurocientista

Foto: Shutterstock

Deixe um comentário