Abradilan realiza Fórum Virtual para debater os principais impactos do Covid-19 na distribuição

Pode haver picos de demanda de produtos como dipirona, paracetamol, vitaminas e azitromicina, mas o abastecimento de medicamentos não está comprometido. Momento exige cautela nas negociações comerciais e cuidado na gestão de crédito

A Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan) promoveu na manhã de ontem (02/04) um Fórum Virtual sobre os impactos do Covid-19 para os seus associados. O objetivo foi estabelecer um canal de debate para que todos possam entender a realidade do momento, apresentar dúvidas e, juntos, definir os caminhos mais assertivos da distribuição.

O Brasil chega em seu 15º dia de distanciamento social e algumas coisas começam a ficar mais claras. De acordo com o presidente da Abradilan, Vinícius Andrade, nos últimos dois dias, o número de infectados pelo Covid-19 passou a ser de mil por dia, ou seja, a curva vai continuar sendo crescente. “A possibilidade de um isolamento vertical, com abertura parcial dos negócios, muito provavelmente não vai acontecer nesse momento. Nos países em que essa medida foi tomada, notou-se que a curva de infectados subiu muito. Provavelmente, o isolamento se mantenha durante todo o mês de abril no País.”

Isso vai trazer um impacto muito grande para a economia brasileira, mas o impacto no setor farmacêutico como um todo é bem menor. “Podemos dizer que somos privilegiados”, afirmou Andrade. O executivo comentou que, em março, as vendas tiveram picos fortes, houve um grande aumento de demanda, justamente porque as pessoas não sabiam exatamente o que ia acontecer e acabaram comprando em quantidade para fazer armazenamento em suas residências. “No final do mês, vimos uma desaceleração, com certa estabilidade , agora, nos primeiros dias de abril, notamos uma alta, novamente, mas ainda com queda relevante.”

Abradilan discute o impacto da Covid-19

Os produtos de maior demanda são aqueles que estão diretamente relacionados à sazonalidade proporcionada pela pandemia, entre eles, controle e prevenção de imunidade, gripe, resfriado, tosse e vitaminas, como: dipirona, paracetamol, vitaminas C e D e a própria azitromicina, que tem sido usada no tratamento do coronavírus. Itens de higiene, perfumaria e dermo não há aumento de demanda nas vendas.

Algumas alternativas impulsionaram as vendas, como a ampliação para três meses de tratamento pelo Farmácia Popular e o Ministério da Saúde (MS) liberou a validade das receitas de medicamentos controlados em até seis meses.

“Lojas que não têm delivery, que dependem exclusivamente da circulação de pessoas, fecharam nesse período, porque o faturamento não paga o custo fixo. Farmácias que não dependem da circulação de pessoas, se mantêm um pouco mais”, analisou Andrade.

O presidente da Abradilan enfatizou que o momento exige bastante atenção para que se consiga fazer uma análise de como o mercado reage, dia a dia, e a partir daí, definir quais serão as estratégias comerciais. Ele ressaltou ainda que não haverá desabastecimento de medicamentos. “As indústria farmacêuticas são unânimes ao dizer que não haverá ruptura, falta de produto. A China teve um pequeno atraso no envio de matéria-prima para o Brasil, em média 20 dias, mas já voltou ao normal e tudo está regularizado, não é nada preocupante. Os laboratórios estão bem abastecidos. Pode ser que aconteça ruptura de produtos de alta demanda, por conta do aumento da procura e não por falta de matéria-prima ou capacidade produtiva.”

Aumento do preço da moeda americana

O aumento do preço do dólar impacta de forma significativa toda a operação. O planejamento para 2020 foi feito com o dólar a R$ 4,20 e ontem (01/04) o dólar fechou a R$ 5,26, ou seja, cerca de 25% de aumento para os fabricantes. Além disso, muito material que vinha importado por meio marítimo, está vindo por transporte aéreo, por conta da rapidez, o que encarece ainda mais. “A consequência disso é que está havendo uma redução dos descontos comerciais por parte da indústria. Isso gera dificuldade para definir estratégias de compra e venda. Além disso, há um desgaste entre distribuidor e varejo, pois o varejo acredita que foi a distribuição que diminuiu os descontos e não a indústria.”

A recomendação é de calma e discernimento do que comprar e o que comprar, para que os distribuidores não comprem de forma errada e fiquem com estoques altos quando os preços começarem a se regularizar. “As negociações exigem uma leitura crítica do que de fato é aumento de custo e o que é oferta e demanda. Não é uma avaliação fácil”, contextualizou Andrade.

Uma segunda preocupação envolve a questão da inadimplência, por isso, a gestão de crédito exige atenção e cuidado. Por fim, a Abradilan destacou que tem conversado com muitos profissionais, especialistas do mercado, indústrias e instituições, para poder ter uma leitura real do mercado e da economia, para passar por esse período da melhor forma possível.

Foto: Shutterstock

Fonte: Abradilan

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