A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estuda liberar a realização de testes rápidos para outras doenças em farmácias e drogarias. Hoje, esses estabelecimentos só podem realizar testes de Covid e de glicemia. Segundo o órgão, o processo regulatório está em fase avançada e a deliberação deve ocorrer em breve, mas sem uma data definida.
A mudança acontece com a revisão da resolução da Anvisa, de 2005, que estabelece os critérios técnico-sanitários para o funcionamento de locais que realizam exames de análises clínicas. O tema chegou a entrar em pauta em reunião realizada no dia 29 de março, mas foi retirado para nova avaliação.
Em nota, a Anvisa afirmou que a questão será retomada “com a brevidade necessária, mas sem perder de vista a sensibilidade da matéria e a necessidade de construção de uma minuta que permita o aprimoramento técnico e sanitário dos serviços de diagnóstico do país, pautada na ciência e nas lições aprendidas desde a edição da RDC nº 302, em 2005”.
Para Sérgio Mena Barreto, CEO da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), a possibilidade de realizar mais testes desse tipo em farmácias facilitaria o acesso das pessoas a exames de check-up. Ele considera que a atuação das farmácias vem evoluindo nos últimos anos e passou a funcionar como “um hub de saúde”, que oferece uma gama maior de serviços para os clientes.
No dia 28 de abril de 2020, a Anvisa liberou a realização de testes rápidos para Covid por farmácias e drogarias sob caráter temporário e excepcional. O Ministério da Saúde declarou o encerramento da emergência sanitária provocada pela Covid no dia 22 de abril de 2022, mas a Anvisa manteve a autorização para a realização de testes rápidos, que segue vigente.
Segundo a Abrafarma, mais de 20 milhões de testes rápidos para Covid foram realizados nas farmácias. De acordo com Barreto, a pandemia funcionou como um teste de capacidade para oferecer o serviço, com a instalação e melhoria das salas farmacêuticas, bem como treinamento dos funcionários.
Jonas Laurindvicius, CEO do grupo DPSP (Drogarias Pacheco e Drogaria São Paulo) afirma que um maior acesso à testagem é essencial para a prevenção de novos surtos de doenças.
“Quanto mais a população testa, mais controle o Ministério da Saúde tem sobre uma doença, porque ele sabe onde estão concentrados os casos. Isso ajuda a prevenir a propagação e a desafogar os atendimentos em hospitais”, diz.
Laurindvicius afirma que a rede foi a maior realizadora de testes de Covid no estado de São Paulo. Em 2023, a drogaria São Paulo foi eleita pela nona vez consecutiva como a melhor farmácia da capital paulista, de acordo com 35% dos cidadãos paulistanos ouvidos pela pesquisa do Datafolha.
“A gente cuida das pessoas na empresa para que elas possam cuidar dos nossos clientes. Toda a diretoria fica muito orgulhosa com mais um ano de reconhecimento da marca São Paulo. A gente carrega o nome do paulista na nossa drogaria e isso gera uma identificação com o nosso trabalho”, diz ele.
Em 2022, a rede inaugurou 70 novas lojas no país e planeja abrir outras 130 neste ano. Hoje, o grupo tem 1.440 unidades. Também foi iniciado o atendimento farmacêutico online, buscando mais comodidade para os clientes, além de facilitar o acompanhamento e explicação dos tratamentos receitados pelos médicos.
Esse atendimento é feito por farmacêuticos especializados em telemedicina, que oferecem orientações sobre medicamentos, esclarecem dúvidas sobre patologias e fornecem informações sobre a posologia adequada e frequência ideal de administração. Ainda assim, a rede ressalta que o serviço não substitui a orientação médica.
O grupo tem investido em causas sociais, auxiliando lares que acolhem pessoas idosas. São realizados trabalhos voluntários com atendimento farmacêutico e psicológico, além da doação de produtos como fraldas, pomadas e alguns medicamentos.
Para Barreto, da Abrafarma, o ano de 2022 ainda teve marcas da pandemia para o setor e representou um caminho de volta à normalidade, marcando uma nova relação das pessoas com os cuidados com a saúde. “Como efeito, vimos maior consciência do consumidor na importância do tratamento e de sua continuidade. Há alguns anos, o crescimento do setor vinha da venda de outros produtos, como cosméticos. Agora, voltamos a ver impacto vindo dos medicamentos e tratamentos”, diz ele.
Laurindvicius vê a proximidade das pessoas com as farmácias como uma tendência mundial. Ele acredita que a capilaridade e o número de lojas facilitam um atendimento mais rápido e personalizado, principalmente nos cuidados preliminares.
“Nosso objetivo é ajudar os clientes na sua jornada de cura e prevenção. Mas a gente prefere trabalhar na saúde, e não na doença. E esse papel de cuidado e prevenção ficou mais intensificado pós-pandemia”, diz ele.
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