Apesar dos riscos, 64% de brasileiros com diabetes tipo 2 não seguem tratamento adequado

Pacientes também enfrentam dificuldades por falta de informações sobre complicações cardiovasculares do diabetes, agravantes da Covid-19

Monitorar frequentemente a glicemia e seguir as orientações médicas no diabetes são procedimentos que podem prevenir complicações não apenas da Covid-19, como também de várias outras comorbidades relacionadas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, o risco de complicações na pessoa com diabetes bem controlado é menor do que aquela que não segue as recomendações necessárias. Ainda assim, uma pesquisa realizada em todo o Brasil mostrou que 64% dos brasileiros com diabetes entrevistados não seguem o tratamento adequado. Não bastasse isso, 90% desses pacientes alegam sentir falta de informações quando o assunto é a relação da doença com seus males cardiovasculares, ambos fatores que, somados, podem agravar ainda as consequências causadas pelo novo coronavírus.

“Quando o Diabetes Toca o Coração”

Os números são resultados do estudo “Quando o Diabetes Toca o Coração”, realizado em 2019 com 1.439 brasileiros, incluindo 828 pessoas sem diabetes e 611 com diabetes tipo 2, tipo mais comum da doença e que pode aumentar em até quatro vezes a propensão a eventos como infarto cardíaco e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Embora a maioria tenha sido diagnosticada há pelo menos cinco anos, 80% das pessoas com diabetes tipo 2 apresentavam pelo menos um dos indícios de possível comprometimento cardiovascular, como tontura, dores no peito e nas pernas, bem como falta de ar ou palpitação no peito, enquanto 52% indicavam ao menos dois destes sintomas.

O levantamento foi resultado de uma parceria entre o departamento de inteligência da Editora Abril e o médico endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, com apoio da campanha “Quem Vê Diabetes Vê Coração”, lançada em 2019 pela Novo Nordisk, empresa global de saúde com mais de 95 anos de inovação e referência nos cuidados com o diabetes, e focada também em obesidade e distúrbios hematológicos e endócrinos raros. Em um questionário aberto e espontâneo, a pesquisa perguntou aos entrevistados qual a primeira palavra vinha à cabeça ao ouvirem sobre problemas do coração. Dos cerca de 1.500 consultados, 662 apontaram o infarto num primeiro momento, enquanto menos de dez mencionaram o diabetes, resposta similar a termos como fadiga, dificuldade, dieta, equilíbrio e emoção.

Tratamento da diabetes: preço da falta de informação

A pesquisa também mostrou que os pacientes com diabetes tipo 2 pagam um preço alto em suas rotinas após passarem por algum evento cardiovascular no Brasil. Pelo menos 63% das pessoas com diabetes entrevistadas tiveram mais gastos com a saúde após sofrerem um desfecho cardiovascular sério, como infarto. Enquanto isso, 38% consideram que ficaram com a vida mais limitada, 31% passaram a depender mais de serviços de saúde e 23% ficaram mais deprimidos.

O medo de morrer também está presente nesse cotidiano, com 18%, e a dependência de outras pessoas, com 13%. Por outro lado, mais de um terço dos pacientes admitiram não ter se cuidado mais mesmo depois de passarem por algum evento cardiovascular. Segundo a Federação Internacional do Diabetes (IDF), o Brasil é o terceiro país que mais gasta com o diabetes, com 52,3 bilhões de dólares por ano, atrás apenas de China (109 bilhões de dólares) e Estados Unidos (294,6 bilhões de dólares).

Conscientização nos consultórios

A falta de percepção sobre os riscos cardiovasculares do diabetes também tem reflexos nos consultórios médicos. Segundo o estudo, para 60% das pessoas com diabetes tipo 2, o médico transmitiu informações insatisfatórias ou sequer mencionou as questões relacionadas ao coração na última consulta para controlar o diabetes. Essa é uma realidade que reforça a necessidade de um trabalho conjunto, com acesso a informação de qualidade e conscientização, como explica a gerente médica da Novo Nordisk, Jung Hyun Yoon.

“Temos muito trabalho pela frente e o primeiro passo é levar informação de qualidade para consultórios, mídias e também para as famílias dos pacientes. Muitas vezes, o conhecimento dos pacientes em relação às complicações do diabetes fica mais restrito às complicações ditas microvasculares da doença, como danos renais e comprometimento visual. No entanto, pesquisas como esta mostram que apenas uma parcela da sociedade tem a informação de que os males cardiovasculares compõem a principal causa de mortalidade em pessoas com o diabetes. Para reverter esse cenário, é preciso o envolvimento de toda a população”, ressaltou.

Tratamento da diabetes: falhas na adesão

Outro destaque trazido pelo levantamento diz respeito ao cuidado geral com a saúde entre as pessoas com diabetes. Embora uma parcela desses pacientes tenha conhecimento dos principais hábitos para uma vida mais saudável, com acesso à informação e famílias com rendas mensais de mais de R$ 24.950, muitos enfrentam dificuldades para seguir as recomendações na prática. Entre as pessoas com diabetes tipo 2, por exemplo, um em cada dez admitiu não passar pelo médico para consultas de rotina no período de um ano. O resultado das falhas na adesão, somadas à falta de informação, pode ter desencadeado uma percepção limitada sobre os reais fatores de risco do diabetes, como mostra o estudo.

Enquanto 96% das pessoas com diabetes tipo 2 relacionam a doença às amputações, o cenário é outro quando o assunto é a relação com a insuficiência cardíaca, conhecida por apenas 36% dos entrevistados. Sobre o risco de infarto cardíaco, 25% dos pacientes não enxergam ou não sabem dizer se existe alguma relação. Com o AVC, o desconhecimento chega a 26%, ainda que duas a cada três mortes de pessoas com diabetes estejam ligadas a doenças cardiovasculares, segundo a Associação Americana de Diabetes. Ao todo, mais de 12 milhões de pessoas vivem com o diabetes atualmente no Brasil.

Confira a pesquisa completa no site da campanha “Quem Vê Diabetes Vê Coração”.

Novo Nordisk auxilia no combate ao novo coronavírus 

Foto: Shutterstock

Fonte: Novo Nordisk     

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