Brasil chega a 10 milhões de diagnósticos positivos de Covid-19

Especialistas estimam, no entanto, que número real seja o dobro e que a vigilância epidemiológica deficitária atrapalha avaliar a dinâmica da pandemia

diagnósticos positivos covid O Brasil atingiu na última quinta-feira (18) a marca de 10 milhões de resultados positivos em testes para Covid-19 desde o início da epidemia.

Dados do boletim do consórcio de imprensa apontam um total de 10.028.644 casos, além de 243.610 mortes em decorrência do vírus no país.

No entanto, de acordo com pesquisadores, por causa das falhas na notificação, o número real de casos acumulados deve ser pelo menos o dobro. diagnósticos positivos covid

E lacunas nos dados os impedem de saber se os diagnósticos feitos chegaram aos pacientes a tempo.

Uma maneira de dimensionar essa subnotificação são as pesquisas de soroprevalência da Covid-19.

Mas a última que foi feita no Brasil foi em julho do ano passado.

Estimativa da subnotificação

O epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas, Pedro Hallal, deve divulgar novos resultados nacionais só em março.

Mas já tem uma ideia vaga de quanto é o tamanho da população que já teve contato com a Covid-19.

O Brasil tem, no mínimo, 20 milhões de casos acumulados, mas eu acho que está mais perto dos 40 milhões“, diz, o pesquisador, baseado na quantidade de resultados positivos obtidos no Rio Grande do Sul, onde a pesquisa não foi interrompida.

Um outro grupo de pesquisa, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, usa uma outra abordagem para estimar a subnotificação da Covid-19, e chega a um número parecido.

Com base naquilo que se acredita ser a taxa de letalidade da doença no país (1 morte a cada 90 casos), os pesquisadores liderados por Domingos Alves estimam que o número real de pessoas expostas à Covid-19 já tenha passado de 21 milhões.

Tanto nas observações de Hallal quanto no modelo de Alves, a notificação hoje é melhor do que no início da pandemia.

Quando o país tinha 1 milhão de diagnósticos positivos, o número estimados de casos era de 6 milhões.

Falta de testes

A falha em identificar 50% dos casos, porém, também tem consequências graves.

A falta de testes é um sintoma da falta de cuidado que se dedica à vigilância epidemiológica no Brasil, afirma a professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Maria Amélia Veras.

“Nós não temos uma política consistente para testagem que tenha sido guiada por critérios epidemiológicos racionais e permita a gente ter alguma orientação”, afirma.

Para a epidemiologista, o objetivo da testagem como política pública tem de ser não apenas a medição da epidemia.

Mas usar o diagnóstico como ferramenta para implementar uma política de rastreamento de contatos e distanciamento social.

Rastreamento e isolamento

A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) afirma, contudo, que a falta de orientação geral por parte do Ministério da Saúde (MS) abriu terreno para a falta de padronização nas orientações e enfraqueceu a capacidade da rede de combater o espalhamento do vírus.

De acordo com especialistas, o isolamento dos contatantes e casos suspeitos deve ser feito sempre, mesmo na ausência de um diagnóstico.

Mas um diagnóstico pode determinar se essas pessoas vão aderir ao isolamento. E, na situação de um exame negativo, poupa trabalho dos agentes de saúde e voluntários de rastrear mais contatos.

Dados desconexos

Um problema encontrado hoje pelos cientistas é que, dada a diversidade de critérios regionais para notificar um caso, os números oficiais do MS são pouco consistentes.

Há casos de Covid-19 notificados por RT-PCR, mas também por testes de anticorpos e até exames de sintomas.

Alguns dados federais que o ministério não consegue, portanto, estimar têm sido mais reportados pelos laboratórios privados.

Vigilância privada

A Dasa foi responsável por cerca de 600 mil diagnósticos positivos de Covid-19 no país até agora por RT-PCR.

Em média, 26% dos exames feitos retornaram positivos, mas a taxa variou de acordo com a demanda.

Quando a procura é maior, a positividade tende a cair.

Uma preocupação do laboratório agora é adequar os testes para que seja possível diferenciar as versões do Sars-CoV-2 que estão circulando.

A Fiocruz do Amazonas já está trabalhando em um teste capaz de fazer isso na iniciativa pública também.

Mas, por enquanto, a vigilância genômica e a rede de testagem também não estão dando conta de monitorar a variante P.1, de Manaus, que se espalha pelo país.

 

Dezembro foi o mês campeão de vendas em testes rápidos de Covid-19 em 2020 

Fonte: Globo

Foto: Shutterstock

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