Brasil deixa de receber 246 estudos clínicos na área de saúde

Demora na análise de pedidos faz com que País perca oportunidades de crescimento

Pesquisadores estão deixando de fazer estudos clínicos no Brasil, privando o País de investimentos expressivos e prejudicando a qualificação dos profissionais de saúde. Além disso, os tratamentos mais modernos e inovadores só passam a ser acessíveis depois de seu lançamento, sendo que os estudos clínicos poderiam ser benéficos à população.

Esses são dados da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), realizado com 21 companhias. No total, as farmacêuticas deixaram de incluir o Brasil em 246 estudos clínicos entre 2012 e 2018, o que poderia beneficiar 12.844 pacientes antes do lançamento oficial dos tratamentos. Foram perdidos R$ 490 milhões em investimentos no período.

“Existem vários fatores que levam a essa situação, mas a morosidade para a análise dos pedidos de pesquisa clínica está entre os principais”, explica o presidente-executivo da Interfarma, Pedro Bernardo. Durante muitos anos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o sistema CEP/Conep foram os principais causadores dos atrasos. Enquanto a Anvisa é responsável pela análise dos aspectos sanitários da pesquisa, o sistema CEP/Conep verifica o caráter ético dos pedidos.

Em média, a aprovação de um pedido de pesquisa clínica no Brasil é de 12 meses – o dobro da média mundial. Em países como os Estados Unidos e a Coreia do Sul, o tempo de análise raramente passa dos três meses. “Os estudos mais importantes são multicêntricos, ou seja, realizados em diversos países ao mesmo tempo. Contudo, o Brasil não dá resposta em tempo hábil. O mundo não vai ficar esperando”, comenta Bernardo.

A Anvisa e o sistema CEP/Conep estão se esforçando para resolver esse problema e alguns avanços já estão sendo notados, mas os prazos ainda não são mundialmente competitivos. Como consequência, o País perde não somente o estudo clínico, mas investimentos em saúde, qualificação de profissionais do setor, conhecimento científico e tecnológico, sistemas e processo de desenvolvimento de novos medicamentos, além de postergar o acesso a tratamentos inovadores.

“Pacientes precisam sair do Oaís ou esperar muitos meses, às vezes anos, para ter acesso a esses tratamentos mais modernos. E os pesquisadores também precisam buscar instituições fora do país para se atualizar sobre os avanços da ciência”, finaliza o presidente.

Fonte: da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma)
Foto: Shutterstock

Deixe um comentário