Meses após suas aprovações pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os medicamentos antivirais, em pílulas, contra Covid-19 chegarão ao Brasil nas próximas semanas. O Ministério da Saúde (MS) informou que assinou o contrato para compra de tratamentos Paxlovid, da Pfizer, e que as primeiras remessas devem desembarcar no país “nas próximas semanas”.
A pasta não fala em quantidade, mas médicos que conhecem no processo já relataram que há a possibilidade que sejam 100 mil tratamentos, nesse primeiro acordo.
A Pfizer, por sua vez, não dá datas e diz que a previsão de chegada é “em breve”.
A farmacêutica MSD, responsável pelo Molnupiravir — outro antiviral — não recebeu o aval para entrar no Sistema Único de Saúde (SUS) e deve chegar ao país, neste primeiro momento, por meio de outro mecanismo: a oferta para iniciativa privada, em farmácias, hospitais e clínicas.
“Os primeiros tratamentos devem chegar ao Brasil na primeira quinzena de outubro. Entendemos que há uma população desassistida, porque ainda não há tratamento antiviral disponível, (portanto) queremos trazer para o mercado privado. O uso emergencial não é restrito a hospitais, a intenção é colocar em farmácias também”, afirmou o diretor de negócios da MSD, Mário Ferrari.
“Não temos ainda definição de custo, mas há um intervalo (de possibilidade) entre 300 e 350 dólares, por ciclo de cinco dias com oito comprimidos a cada 24 horas. A primeira importação será de mil tratamentos, mas não é um número limite, é o que conseguimos trazer rapidamente. Vamos atender a demanda que for necessária, temos produto para atender”.
Autorização
A Anvisa que concedeu autorização de uso emergencial ao medicamento informou por meio de nota que “a autorização de uso emergencial pela Anvisa para medicamentos no âmbito da Covid-19 é feita preferencialmente para o uso em programas públicos. No entanto, não há restrição para o uso destes medicamentos pela rede privada”.
Ferrari, ainda explicou que a empresa seguirá com o plano de inclusão do medicamento do SUS — embora recusado na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), responsável por esse aval — a ideia para chegar no sistema é entrar com um recurso pedindo a reavaliação. A MSD tem um acordo firmado com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para a produção do medicamento no país, para abastecimento da rede pública.
Anti-covid
Atualmente o Brasil conta com dois antivirais, em pílulas, aprovados emergencialmente pela Anvisa, cuja atribuição é avaliar sua segurança e eficiência. Trata-se do medicamento da Pfizer, aprovado em março, e o da MSD — aprovado em maio.
O medicamento da MSD, por sua vez, inibe a disseminação do vírus no organismo ao inserir “erros” no código genético do Coronavírus.
Deste modo, impede a piora da doença. Em estudos clínicos, o medicamento chegou a reduzir a mortalidade pela doença em até 89%.
O fármaco tem um trunfo em seu funcionamento: não é comum que ele sofra interação medicamentosa — isto é, tenha algum tipo de impacto de uso quando combinado com outro remédio utilizado pelo paciente — trata-se de uma característica importante para pessoas que passam por tratamentos de doenças crônicas e graves.
Fonte: O Globo
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