Butantan detalha produção da ButanVac, vacina própria contra a Covid-19

O Instituto pretende começar a produzir a vacina em larga escala em maio. O objetivo é começar a imunização em julho, com 40 milhões de doses

Instituto Butantan detalha nesta sexta-feira, 26, a produção da ButanVac, uma possível nova vacina contra a Covid-19.

Se tudo correr bem nos testes clínicos, o Instituto começará, então, a produzir a vacina em larga escala em maio. O objetivo é ter 40 milhões de doses prontas até o fim deste ano e começar a imunizar a população em julho.

De acordo com o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, a capacidade de produção anual é de 100 milhões de doses.

Dessa maneira, o Instituto vai pedir autorização à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar ensaios clínicos de fases 1 e 2 em humanos, envolvendo 1,8 mil voluntários.

Desenvolvimento da ButanVac do Butantan 

Dimas Covas disse que o desenvolvimento da vacina começou há um ano e adiantou que os estudos devem durar de 45 a 75 dias.

A tecnologia usada pela vacina é a mesma usada na produção da vacina da gripe, que já é feita no Butantan. A vacina é produzida em ovos de galinha e o País não dependerá de insumos importados para a sua produção.

Ainda de acordo com Dimas Covas, nenhuma outra vacina contra a Covid-19 utiliza essa tecnologia. Ele disse que essa vacina tem vantagens porque é barata e segura.

“Essa é a geração 2.0 da vacina. Nós aprendemos com as vacinas anteriores e agora sabemos o que é uma boa vacina para a covid-19. Essa já incorpora algumas dessas modificações”, disse Covas.

Ele falou também que essa é uma vacina mais imunogênica e, por isso, usa uma dosagem menor, aumentando a disponibilidade de doses.

O lote piloto, que será usado nos ensaios clínicos, já está pronto. A vacina utiliza o vetor víral do coronavírus de forma íntegra. 

A vacina foi enviada à Índia para ser testada em animais e, segundo Dimas Covas, teve resultados “excelentes”.

Consórcio internacional

O Instituto Butantan produzirá a vacina em um consórcio internacional ao lado do Instituto de Vacinas e Biologia Médica do Vietnã e da Organização Governamental Farmacêutica da Tailândia.

O Brasil produzirá, então, 85% da capacidade total. O compromisso do Butantan é fornecer a vacina para países de baixa e média renda. 

Dimas Covas disse que existe a possibilidade de a vacina se de dose única. Fatores como dosagem e o intervalo entre doses serão avaliados nos estudos clínicos.

O presidente do Butantan acredita que a fase de estudos clínicos pode ser encurtada porque já há um conhecimento maior sobre vacinas contra a covid-19.

“O estudo pode ser feito de forma comparativa com as demais vacinas do ponto de vista imunológico”.

Os voluntários dos ensaios clínicos são pessoas dos grupos que ainda não estão sendo vacinados no Brasil.

Não há nenhum recurso do Ministério da Saúde (MS) alocado no desenvolvimento da vacina neste momento.

A prioridade é atender a população brasileira, então o Ministério da Saúde terá prioridade para a compra.

O excedente poderá ser comprado pelo governo de São Paulo e exportado para países da América Latina ou para os países do consórcio internacional.

Fonte: Estadão

Foto: Shutterstock

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