Castanha-da-Índia: para que serve e como usar?

A castanha-da Índia é uma oleaginosa comumente utilizada no tratamento de insuficiência venosa. Mas quais são seus benefícios e como ela pode ser utilizada? Há contraindicações e efeitos colaterais? É verdade que ela ajuda a emagrecer? Leia e esclareça suas dúvidas

De acordo com informações divulgadas pela mídia no início deste ano, a distribuição de fitoterápicos já alcança a marca de 6,7 milhões somente na cidade São Paulo (SP). Isso representa um crescimento de 662% em 2019, comparado ao ano de 2015.

A crescente busca por tratamentos com substâncias e plantas alternativas muitas vezes é justificada pelo aumento de interesse em uma vida mais saudável e uma manutenção do bem-estar por meio de soluções naturais. 

Entre os principais fitoterápicos utilizados no Brasil estão aqueles que utilizam a castanha-da-Índia como opção terapêutica de tratamento. No entanto, o uso deste fruto como medicamento ainda gera dúvidas nos consumidores. 

Por isso, esse artigo esclarece o que é essa semente, para quais doenças seu uso é recomendado e como ela é consumida. Além disso, você poderá tirar dúvidas quanto ao uso da castanha-da-Índia para perda de peso, problemas de insuficiência venosa e hemorroidas. 

Confira também os principais efeitos colaterais que o fitoterápico pode causar, se há recomendações de uso dessa substância por crianças e saiba a importância de ter acompanhamento médico no tratamento de patologias. Boa leitura!

O que é a castanha-da-Índia?

A castanha-da-Índia é uma oleaginosa cujo óleo pode ser extraído para consumo, embora não seja um fruto consumível in natura. Nasce no castanheiro-da-Índia, uma árvore robusta, de até 25 metros de altura. 

O fruto é comumente utilizado como fitoterápico na medicina popular para o tratamento de problemas na circulação sanguínea. Além disso, pode servir de matéria-prima para medicamentos validados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

Dessa forma, a castanha-da-Índia é geralmente comercializada em embalagens que contém 30 comprimidos revestidos de 100 miligramas de extrato seco de sementes de Aesculus hippocastanum L

Veja a identificação do medicamento registrado pela Anvisa:

Nomenclatura botânica oficial: Aesculus hippocastanum L., da família Hippocastanaceae

Parte da planta utilizada para desenvolver os medicamentos: sementes.

Cada comprimido revestido contém: 

  •  100 mg. de extrato seco de sementes de Aesculus hippocastanum L.  (padronizado em 20% de derivados de glicosídeos triterpênicos expressos em escina anidra) *equivalente a 20 mg de derivados de glicosídeos triterpênicos expressos em escina anidra para cada comprimido revestido de 100 mg. 
  • Excipientes (celulose microcristalina, croscarmelose sódica, dióxido de silício, estearato de magnésio, álcool polivinílico, talco, dióxido de titânio, macrogol, óxido de ferro amarelo, bicarbonato de sódio) q.s.p. 

A escina presente na fórmula é um princípio ativo que tem como efeito terapêutico a inibição da exsudação (eliminação de líquidos orgânicos pela pele, que pode resultar em processo inflamatório)  e edema, além do aumento da permeabilidade vascular.

Ademais, em alguns locais que comercializam fitoterápicos é possível encontrar produtos com a castanha-da-Índia em pó, além de cremes e sabonetes. Também há cápsulas com concentrações acima de 100 miligramas da substância. No entanto, é importante ressaltar que a dosagem, fórmula e apresentação do produto deve ser recomendada por um médico.

Para que serve a castanha-da-Índia?

É possível encontrar, no site da Anvisa, uma bula eletrônica que explica as indicações de uso do medicamento à base de castanha-da-Índia

De acordo com os dados da bula, o fármaco de castanha-da-Índia é indicado para o tratamento de problemas relacionados à insuficiência venosa, com sintomas como:

  • câimbras e prurido, 
  • sensação de dor e peso nas pernas, 
  • inchaço e também fragilidade capilar.

O que é a insuficiência venosa crônica?

castanha da índia

A insuficiência venosa crônica (IVC) é uma doença evolutiva que tem como característica mais conhecida o surgimento de varizes. Entretanto, as varizes são apenas uma etapa da doença.

É uma das patologias que mais frequentemente acometem a população. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular de São Paulo (SBACVSP), baseados em estudos internacionais, cerca de 20 a 33% das mulheres vão apresentar algum grau da doença ao longo da vida. Entre os homens, a porcentagem cai para 10 a 20%.

Cerca de 3 a 11% das pessoas com varizes podem atingir estágios bem avançados da doença, chegando a características irreversíveis na pele da região afetada. Isso inclui ressecamento, descamação e escurecimento da pele, que podem vir acompanhados de dor, inchaço e até mesmo feridas.

Assim, a causa da doença é um tema bastante estudado. Mas, ainda não há um consenso sobre a origem exata do problema. 

Confira os fatores de risco que influenciam no desenvolvimento e agravamento da insuficiência venosa: 

Histórico familiar 

Ter parentes próximos com varizes – como pais e avós – pode indicar um risco maior de ter a doença. De acordo com os dados da SBACVSP, em 70% dos casos encontra-se a correlação entre o surgimento da doença e fatores genéticos e hereditários.

Sedentarismo

A circulação das pernas pode ser otimizada por meio do movimento muscular, especialmente da panturrilha. Por isso, a falta de exercícios físicos pode aumentar a chance de problemas venosos.

Obesidade

O excesso de peso sobrecarrega o sistema venoso, principalmente das pernas, podendo levar à dilatação venosa.

Uso de anticoncepcionais

Os hormônios presentes em anticoncepcionais, principalmente de uso oral, podem resultar no enfraquecimento da parede venosa, causando sua dilatação. Porém, esse efeito colateral não ocorre de maneira uniforme entre as mulheres – algumas são mais suscetíveis.

Tabagismo

Apesar de não estar diretamente relacionado ao surgimento da insuficiência venosa crônica, fumar gera graves implicações no sistema circulatório. 

Trombose venosa

Quando acomete grandes veias das pernas, a trombose dificulta o retorno de sangue. As válvulas do interior dessas veias podem se degenerar, sobrecarregando as veias mais abaixo. Isso aumenta a chance de desenvolver varizes e, a longo prazo, a insuficiência venosa crônica.

Compressão venosa

Quando o sistema nervoso é comprimido por alguma estrutura externa, pode haver sobrecarga nas veias abaixo dessa região. Isso aumenta as chances do surgimento de varizes e insuficiência venosa crônica.

Uso de salto alto e longas jornadas em pé

Sapatos de salto muito alto reduzem a mobilidade da musculatura posterior da perna, região importante para a circulação e retorno do sangue em direção ao coração. No entanto, não há comprovação científica a esse respeito. Ficar muito tempo em pé também está relacionado à maior incidência de varizes.

Idade

Apesar das exceções, o surgimento de varizes ocorre comumente em pessoas de idades mais avançadas

Gênero

A maioria dos casos de varizes ocorre em mulheres.

Múltiplas gestações (ver tabela abaixo)

Durante a gravidez ocorrem alterações hormonais e também do retorno do sangue das pernas. Isso leva a uma maior incidência de varizes durante o período gestacional, muito embora boa parte do problema diminua de maneira espontânea nas semanas após o parto.

tabela

Fonte: site da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular de São Paulo 

A castanha-da-Índia pode ser utilizada no tratamento de hemorroidas?

benefícios castanha da índia

De acordo com o artigo publicado em junho de 2006, as sementes de castanha-da-Índia são utilizadas em diversos países como tratamento de varizes e hemorroidas.

diferentes versões de medicamentos e fitoterápicos que utilizam a castanha-da-Índia como matéria-prima, como pílulas, pós, cremes e chás. Alguns desses produtos podem ter características anti-inflamatórias

Por isso, a semente é constantemente associada ao alívio de problemas como hemorroidas, dermatites, eczemas e outros tipos de inflamações. 

Porém, ainda não há consenso científico sobre os benefícios da castanha-da-índia para tratar hemorroidas. Por isso, é recomendado buscar auxílio médico para realizar o tratamento mais adequado a cada caso.

Os benefícios da semente

Pessoas que sofrem com problemas vasculares podem se beneficiar das propriedades naturais da castanha-da-Índia. Suas substâncias colaboram para reduzir os sintomas da inflamação dos vasos sanguíneos e melhora a drenagem corporal. 

Mulheres que tomam anticoncepcional e pessoas que apresentam sintomas iniciais de varizes podem se beneficiar do fruto do castanheiro-da-índia.

Alguns medicamentos com castanha-da-índia proporcionam aumento da resistência vascular periférica e melhora no retorno do fluxo venoso. Ou seja, favorecem a volta do sangue para o coração.

A Castanha-da-Índia ajuda a emagrecer?

Oleaginosas geralmente ajudam a prolongar a sensação de saciedade, por possuírem fibras e proteína. 

No entanto, não há estudos nem consenso científico a respeito do potencial de emagrecimento da castanha-da-Índia. 

Sabe-se que o fruto pode colaborar para a redução do inchaço.

Noz-da-Índia é igual a castanha-da-Índia?

Um alimento de nome muito parecido com o da castanha é a noz-da-Índia, que por muito tempo também esteve relacionada ao emagrecimento

Porém, a Anvisa proibiu o uso e a venda no Brasil de medicamentos que contenham essa noz, por considerar que as sementes são tóxicas. 

A noz-da-Índia é fruto da árvore nogueira-de-iguape. É uma semente branca e pequena, bem diferente da castanha, que é marrom. 

Também não há respaldo científico em sua fama de noz de emagrecimento. No entanto, sabe-se que ela possui propriedades laxativas

Como tomar a castanha-da-Índia?

como tomar castanha da índia

A oleaginosa não deve ser consumida in natura, por ter substâncias que podem ser tóxicas. Ela é normalmente consumida em pó, como extrato seco ou em cápsulas

Com relação aos fármacos, o Bulário eletrônico da Anvisa divulga a bula digital de apenas um medicamento com substâncias derivadas da castanha-da-Índia. Seu uso é oral e recomenda-se que seja ingerido um comprimido três vezes ao dia.

No entanto, a ingestão correta de medicamentos é essencial para a eficiência do tratamento, que deve ter acompanhamento médico.

No caso da castanha-da-índia em pó, o consumo pode ser em forma de chá – uma xícara por duas vezes ao dia, após as refeições.

O site da Zona Cerealista de São Paulo recomenda misturar 1,5g (meia colher de sopa) de sementes de castanha-da-índia trituradas a 150 ml de água (uma xícara de chá). A mistura deve ferver por cinco a dez minutos. 

Quando o uso da oleaginosa não é recomendado?

Embora seja uma substância eficaz no tratamento de doenças relacionadas à circulação sanguínea, a castanha-da-Índia não é recomendada para todos os perfis de paciente

Dessa forma, pessoas com histórico de hipersensibilidade e alergia a qualquer um dos componentes da fórmula – como a escina ou os extratos de A. hippocastanum – não devem utilizar produtos com essas substâncias. 

Além disso, pacientes com insuficiência renal ou no fígado devem evitar a substância. Isto porque já houve relatos de toxicidade em pacientes com esses tipos de desordens ao usar preparados à base de castanha-da-Índia.

Também não é recomendado que crianças façam uso dessa substância, pois há indícios de que elas absorvem mais a escina. Isso pode expor a criança à toxicidade. 

Por último, mulheres grávidas também não devem fazer uso dessa medicação sem orientação médica.

Castanha-da-índia: efeitos colaterais 

A ingestão de medicamentos com substâncias da castanha-da-Índia pode desencadear, em casos isolados, sintomas como:

– pruridos;

– náuseas;

– desconforto gástrico.

 Ainda mais raramente pode haver:

– irritação gástrica, 

– refluxo.

É importante também citar que o medicamento não deve ser administrado junto a anticoagulantes orais, pois potencializa esse efeito de anticoagulação.

O médico que acompanha o tratamento deverá ser informado se o paciente faz uso de outros medicamentos, plantas medicinais ou fitoterápicos.

O que fazer em casos de superdosagem?

contraindicações

Caso o paciente faça a ingestão de altas doses do medicamento à base de castanha-da-Índia, ele deve suspender imediatamente a medicação e buscar auxílio médico. Recomenda-se tratamento de apoio e controle das funções vitais.

A superdosagem pode levar  a vômitos, diarreia, contrações musculares, fraqueza, dilatação da pupila, desordem da visão e da consciência e falta de coordenação.

Atenção: qualquer reação indesejável durante o tratamento com castanha-da-Índia deve ser relatada ao médico.

Conclusão

A castanha-da-Índia é uma semente bastante associada ao tratamento de problemas na circulação sanguínea

Ela pode ser encontrada em diferentes versões, seja em fórmulas naturais ou em fármacos. Não  deve ser consumida in natura e pode ser comercializada em pó, em creme, em cápsula e outras apresentações. Até mesmo suas folhas são utilizadas na medicina popular. 

Porém, medicamentos à base da oleaginosa não são recomendados para crianças e pessoas com insuficiência renal ou no fígado. Também é preciso acompanhamento médico especial em caso de mulheres grávidas.

Por fim, o acompanhamento médico é fundamental durante todo o tratamento. Somente um profissional poderá fazer o diagnóstico correto da patologia e recomendar o tratamento mais efetivo e adequado à cada paciente.

Bibliografia

https://consultaremedios.com.br/aesculus-hippocastanum-l/bula

Fonte: Guia da Farmácia

Fotos: Shutterstock

10 Comentários

    • Olá,

      Somos uma empresa especializada na produção de conteúdos de saúde e gestão.

      Infelizmente não podemos orientar sobre tratamentos. Parar ou continuar o tratamento envolve todo o conhecimento clínico do paciente, então, o melhor seria conversar com seu médico prescritor 🙂

      Atenciosamente,

  1. Em casos de preparos de cosméticos, sabonetes por exemplo ou óleo de massagem estas informações de restrições ao uso tbm terão que ser observadas

  2. Lift Detox Black em

    Aqui é a Luana Da Silva, achei seu artigo excelente! Ele
    contém um conteúdo extremamente valioso. Parabéns
    pelo trabalho incrível! Nota 10.

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