Se no passado era comum ouvir que alguém ficou cego em decorrência de cataratas nos olhos, hoje em dia, essa condição de opacificação do cristalino tende a ser facilmente erradicada. Nesse sentido, a prevenção, o cuidado com os olhos e com os gatilhos para a catarata são fundamentais, além das cirurgias oftalmológicas que evoluíram junto com os avanços tecnológicos, tornando mais acessível essa reversão.
Como detectar a catarata? O oftalmologista Dr. Hallim Feres Neto, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e diretor da clínica Prisma Visão, elenca os principais sintomas:
- Visão embaçada ou turva
- Sensibilidade à luz
- Percepção de cores desbotadas ou amareladas
- Dificuldade em ver à noite ou em ambientes com pouca luz
- Visão dupla em um olho
- Halos em torno das luzes
As cataratas, normalmente, acontecem nos dois olhos, segundo Dr. Feres. A única exceção é nos casos de acidentes/traumas em um dos olhos. “Nesses casos, o aparecimento da catarata no olho afetado não aumenta a chance de ocorrer no outro olho”.
Cuidados preventivos
Como evitar ou retardar essa condição que se acentua com a idade?
O oftalmologista lista cuidados simples e, muitas vezes, desconhecidos. “Podemos adiar o aparecimento da catarata protegendo os olhos dos raios ultravioleta, usando óculos de sol, chapéus e bonés. Além disso, parar de fumar e manter o diabetes controlado (cuidar da alimentação para não desenvolver diabetes)”, diz o especialista, que completa a lista recomendando o uso de EPIs em atividades de risco, na intenção de proteger contra cataratas traumáticas.
As cataratas podem surgir a partir de traumas nos olhos. Apesar disso, a forma mais comum é a catarata senil, que geralmente aparece após os 60 anos. Dr. Feres conta ainda que o uso de algumas medicações pode acelerar o aparecimento e que situações congênitas de catarata também acontecem, demandando atenção imediata logo após o nascimento.
Cirurgias
O único tratamento contra é o processo cirúrgico. A cirurgia corrige a doença e também permite tratar outros problemas, como presbiopia, miopia, astigmatismo e hipermetropia. “Hoje em dia, podemos escolher com bastante confiabilidade o grau da lente que implantamos dentro do olho, de modo que além de curar a catarata, podemos tirar ou pelo menos diminuir a dependência dos óculos, tanto de longe quanto de perto”, detalha o cirurgião, lembrando de outro detalhe inovador: “Os métodos modernos usam laser e ultrassom, que diminuem o tempo de cirurgia e de recuperação, além de deixar o procedimento ainda mais seguro”.
Vale ressaltar que a cirurgia de catarata consiste em retirar a lente natural dos olhos que está opacificada e colocar uma nova, transparente. “A catarata não volta depois dessa cirurgia”, afirma o especialista, explicando ainda que a cirurgia leva cerca de 15 a 30 minutos, podendo variar com a gravidade da catarata e a saúde ocular geral do paciente.
Apesar de comumente realizada em pessoas acima dos 60 anos, mais afetadas pela doença, a cirurgia também pode ser realizada em bebês e crianças pequenas que nasceram com catarata congênita. Dr. Hallim Feres afirma que, nesses casos, a cirurgia pode ajudar a restaurar a visão e evitar problemas de desenvolvimento visual.
Outra situação específica são casos de pacientes que não podem ser operados de catarata, como alerta Dr. Feres: “Pessoas com problemas de saúde ocular graves, como infecções e inflamações, além de pacientes com diabetes descontrolado podem ter um risco maior de complicações. É importante discutir todas as condições médicas com o cirurgião antes da cirurgia”.
Recuperação
O cirurgião comenta ainda que a recuperação geralmente é rápida e sem complicações. “A maioria dos pacientes experimenta uma melhora na visão poucos dias após a cirurgia. Orientamos afastamento de esportes de contato e impacto por cerca de 15 dias, além de não entrar em piscinas ou no mar por 30 dias”, diz Dr. Feres.
Segundo ele, é importante também seguir as instruções médicas, como usar corretamente os colírios prescritos.
A volta à vida normal vai no mesmo ritmo, com pacientes voltando ao trabalho poucos dias depois. “Vale novamente lembrar que é importante evitar atividades físicas extenuantes por algumas semanas”, frisa o especialista.
Números da catarata no Brasil
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 30% da população acima dos 60 anos desenvolve a condição. No momento pós-pandêmico, o Sistema Único de Saúde (SUS) costumava realizar 56 mil cirurgias de catarata por ano. Já em dados mais recentes, de 2021, o número anual de intervenções caiu para cerca de 30 mil.
Por fim, o CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) estima que cerca de 350 mil brasileiros aguardam por uma cirurgia de catarata, e que são diagnosticados cerca de 120 mil casos novos por ano.
Fonte: Dr. Hallim Feres
Foto: Shutterstock
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