Chega ao Brasil tratamento que preserva a qualidade de vida para pacientes com câncer de próstata

O país é o segundo a aprovar a darolutamida (Nubeqa®), indicada para câncer de próstata não-metastático resistente à terapia de privação hormonal

Nubeqa® (darolutamida), novo tratamento para pacientes com câncer de próstata não-metastático resistente à terapia de privação hormonal (bloqueio de testosterona), já está disponível no mercado brasileiro. A terapia, desenvolvida pela Bayer e pela Orion Corporation, chega para atender uma gama de pacientes que até recentemente não tinha opções de tratamento eficazes e que não interferissem em sua rotina e qualidade de vida. O país é o segundo a receber o tratamento, atrás apenas dos Estados Unidos.

Indicado para os casos de tumores que ainda não desenvolveram metástases, mas que demonstram alto risco para esta ocorrência e que perderam a resposta à terapia hormonal, o medicamento foi testado em 1.500 pacientes de 150 centros distribuídos pelo mundo, entre eles 25 centros de pesquisa clínica no Brasil.

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) prevê 625 mil novos casos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2020-2022, sendo que o câncer de pele não melanoma será o mais incidente, seguido pelos tumores de mama e próstata. Além disso, a previsão para o câncer de próstata para esse triênio é de mais de 65 mil novos casos por ano. “Em paralelo, estudos mostram que cerca de 3% dos casos existentes atualmente são resistentes à castração não metastáticos”, explica Dr. Murilo Luz, uro-oncologista brasileiro que participou do estudo ARAMIS, que comprova a eficácia e segurança do novo medicamento.

Tratamento para o câncer de próstata

O médico conta que o observado no estudo é que “além de todos os subgrupos de pacientes, mais jovens ou mais velhos, com a doença mais ou menos agressiva, terem sido beneficiados, a droga apresentou um perfil de segurança muito bom, com pouquíssimos eventos adversos graves observados. O principal deles, a fadiga, se mostrou presente em apenas 12% dos casos, sendo que 9% dos pacientes que receberam placebo também apresentaram o sintoma”.

Estudos indicam que cerca de um terço dos homens com esse tipo de câncer desenvolve metástases – quando as células cancerosas atingem outras áreas do corpo – dentro de dois anos a partir do desenvolvimento da resistência à castração. “Tendo isso em vista, o objetivo principal do tratamento aprovado é atrasar o aparecimento de metástases nesses pacientes. E os resultados foram satisfatórios: aqueles que estavam em tratamento com darolutamida demoraram em torno de 40 meses – quase 4 anos – para desenvolverem metástases sem terem sua rotina normal afetada. Isso enquanto o grupo que recebeu placebo desenvolveu algum tipo de metástase em uma mediana de 18 meses”, explica Dr. Murilo.

Novos estudos

“O câncer de próstata resistente a este “bloqueio” de testosterona é uma forma avançada da doença. Nesse caso o câncer continua progredindo apesar do tratamento com terapia de privação hormonal. A chamada ‘terapia de privação androgênica’ busca reduzir o nível dos hormônios masculinos (andrógenos); um dos principais responsáveis por estimular as células do câncer de próstata a crescerem”, detalha. Nesse cenário, darolutamida impede que o hormônio seja recebido pelas células do tumor. Desse modo,  retardando a disseminação do câncer sem acrescentar efeitos colaterais graves ao tratamento. “Acredita-se que este perfil de segurança favorável se deve, entre outras causas, ao fato do medicamento (dois comprimidos duas vezes ao dia, por via oral) agir sem grande penetração no sistema nervoso central, assim,  contribuindo para que o paciente passe pelo tratamento mantendo a sua qualidade de vida”, completa.

Atualmente, é cada vez mais importante tratar diversos tipos de câncer pensando não só na cura, mas em como controlar o seu desenvolvimento. “A partir de inovações como a darolutamida, a medicina se mostra capaz de vislumbrar o cuidado do câncer assim como hoje fazemos com as doenças crônicas: mesmo que incuráveis, existem opções de tratamento que prolongam a vida do paciente com bastante qualidade e baixo impacto em seu dia a dia”, conclui Dr. Murilo.

Consumo de remédios para câncer de próstata aumenta 261% 

Foto: Shutterstock

Fonte: Bayer

 

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