O colesterol é um tipo de gordura produzida no fígado e encontrada em todas as células do nosso corpo. Muitas vezes visto apenas como um vilão, ele desempenha funções importantes no organismo, como a produção de alguns hormônios e vitaminas. O problema começa quando os níveis de colesterol no sangue ultrapassam os limites considerados adequados – condição chamada de hipercolesterolemia.
A situação é especialmente preocupante quando existe o excesso da partícula LDL, que compõe o chamado “colesterol ruim”.
Qual é a diferença entre o colesterol “bom” e o “ruim”? Segundo o Ministério da Saúde, embora a composição deles seja a mesma, o seu meio de transporte, ou seja, a partícula (lipoproteína) à qual estão ligados é diferente. Ela pode ser de alta densidade (HDL) ou de baixa densidade (LDL).
A versão LDL é perigosa porque, em excesso, deposita-se nas paredes das artérias, formando placas de gordura. Essas estruturas aumentam o risco de obstrução, ou “entupimento”, um problema chamado aterosclerose. Isso pode provocar eventos cardiovasculares como o infarto e o acidente vascular cerebral (AVC).
Já o HDL, conhecido como “bom” colesterol (HDL), desempenha um papel protetor, ajudando a remover o colesterol ruim do sangue. Por isso, níveis altos de HDL não representam uma ameaça: longe disso, já que é fator protetor contra o entupimento das artérias e suas consequências.
Sinais do colesterol alto
O colesterol alto é um problema silencioso, ou seja, não dá sintomas. É por essa razão que os exames de sangue são muito importantes, pois são a única forma de diagnosticá-lo.
De qualquer forma, é bom ter atenção para alguns sinais que podem indicar que já existe uma obstrução das artérias devido ao colesterol alto:
- Dor ou desconforto no peito;
- Falta de ar e fadiga quando é realizado um esforço físico;
- Dores nas pernas ao caminhar que melhoram com o repouso;
- Pele fria e palidez nos dedos.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), esses já são sinais tanto de que o coração pode não estar recebendo sangue ou oxigênio suficiente quanto de um comprometimento das artérias que irrigam o corpo.
O cardiologista Andrei Sposito, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), reforça que esses sintomas já são indicativos da existência de uma doença e só aparecem quando já se apresenta um quadro grave.
Por isso, o médico reforça que o ideal é realizar exames de sangue para flagrar a elevação do colesterol LDL o quanto antes. “Não vale a pena esperar surgir a manifestação. A hipercolesterolemia [colesterol alto]é uma doença realmente silenciosa até que seja tarde demais.”, enfatiza.
Como é o diagnóstico?
Ele é feito pelo médico, após a avaliação dos resultados de um exame de sangue. Nele, são apresentadas a soma do colesterol bom (HDL) e o colesterol ruim (LDL), ou seja, o chamado “colesterol total”, além dos valores individuais de cada tipo de colesterol.
Sposito explica que todas as pessoas com 40 anos ou mais devem realizar exames de colesterol. Além disso, segundo o médico, sujeitos com menos de 40 anos que tenham histórico familiar de doença cardiovascular precoce também devem realizar esses exames.
Os testes são disponibilizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e podem ser feitos em qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS).
Quais os riscos associados à elevação do colesterol?
De acordo com o Ministério da Saúde, o colesterol alto é um dos fatores que mais contribuem para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Segundo a pasta, no Brasil, cerca de quatro entre 10 pessoas adultas têm um nível alterado de colesterol.
Como a condição está ligada a um maior risco de formação de placas de gordura nas artérias – a aterosclerose –, a SBC informa que os riscos envolvem eventos como:
- infarto do miocárdio
- Acidente vascular cerebral
- Aneurisma da aorta
- Doença vascular periférica
- Encefalopatia isquêmica
- Morte súbita
O que fazer para diminuir o colesterol?
O Ministério da Saúde recomenda que o ideal para evitar os riscos do colesterol alto é ter uma alimentação saudável, baseada em alimentos in natura ou minimamente processados, sem excesso de gorduras saturadas (encontrada principalmente em produtos de origem animal), e evitar o consumo de alimentos ultraprocessados (que tendem a apresentar excesso de açúcar, sal e também gorduras saturadas).
Além disso, a prática de exercícios regulares e o abandono do hábito de fumar também podem ser grandes aliadas.
O que não comer
De acordo com a SBC, um dos motivos da alteração dos níveis de colesterol ruim é o consumo excessivo de gorduras saturadas e trans, presentes em alimentos de origem animal, como carnes, ovos, derivados do leite, além de produtos ultraprocessados, como biscoitos, margarina, salgadinhos de pacote, comidas congeladas, bolos prontos e sorvete.
“Cerca de 70% do colesterol é produzido pelo próprio organismo, no fígado. Os demais 30% vêm da dieta e, por isso, é tão importante manter uma alimentação equilibrada”, alerta Antonio Carlos Palandri Chagas, presidente do Departamento de Aterosclerose da SBC.
Para o diretor da Socesp, uma alimentação saudável pode ajudar de diversas formas, impedindo a soma dos danos do colesterol alto a outros fatores de risco, como diabetes e obesidade.
O médico destaca, no entanto, que o colesterol é, sobretudo, determinado por fatores genéticos e, por isso, a melhor saída são os tratamentos medicamentosos. Por isso, buscar atendimento médico é fundamental.
Fonte: Estadão
Foto: Shutterstock
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