Como abrir uma farmácia?

No Brasil, existe uma farmácia para cada 2700 habitantes e o varejo farmacêutico continua sendo um bom negócio, dados divulgados pelo IQVIA, mostram também um crescimento de 15.6% e um faturamento de 139,37 bilhões, contra R$ 120,54 bilhões do ano anterior

Muitos empreendedores estão pensando em abrir uma farmácia e surfar nesta onda, logo, é importante entender e levar em considerações as particularidades do negócio, por ser uma unidade de saúde é fortemente regulamentada por leis e normas sanitárias que devem ser cumpridas, que vão desde a infraestrutura do ponto comercial até a elaboração de Procedimentos Operacionais padronizados.

Como abrir uma farmácia?

O ponto de partida para abrir uma farmácia é a escolha do ponto, pois depende do fluxo de pessoas, fácil estacionamento, perfil do consumidor que reside e/ou trabalha no local, entre outras facilidades para gerar tráfego na loja, mas deve considerar também se a localização é conveniente sobre o aspecto sanitário e, se atende a legislação na esfera Federal, Estadual e Municipal.

Alguns requisitos fazem parte do ambiente da farmácia, diferente dos demais varejos e devem ser inseridos no projeto da loja, como área de recebimento, armazenamento de produtos, dispensação dos medicamentos, DML (depósito de material de limpeza), sala de aplicação, além de sanitários e local para os funcionários guardarem seus pertences. Do ponto de infraestrutura deve ter atenção para atender alguns requisitos, ter piso, paredes e teto lisos e impermeáveis, resistentes a agentes sanitizantes e de fácil limpeza. Um arquiteto e um farmacêutico com experiência poderão auxiliar em relação as regulamentações, sendo que a contratação do profissional farmacêutico é imprescindível e obrigatória, pois para as solicitações das licenças sanitárias o CRF será solicitado.

Documentação para abrir uma farmácia

Quanto a documentação necessária, além do contrato social, CNPJ e CNAE definido corretamente para a atividade, solicitar as licenças sanitárias, Cadastro Municipal da Vigilância em Saúde (CMVS) e Autorização de Funcionamento (AFE) contemplando todas as atividades e Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB).

O farmacêutico responsável cuidará dos documentos e manuais necessário para o funcionamento como os certificado de limpeza de caixa d’água, de controle de pragas, da elaboração do Manual de Boas Práticas Farmacêuticas em farmácias e drogarias, Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde (PGRSS), Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) ou atestados de saúde dos funcionários; Certidão de Regularidade, elaboração dos Procedimentos Operacionais Padrão (POPS) descrevendo todas as atividades da empresa, organograma hierárquico das responsabilidades e atribuições.

Além desta documentação a farmácia deve ter controles e registros de atividades, que são solicitados pelos fiscais nas visitas técnicas, entre eles: registro da temperatura da geladeira dos termolábeis; certificado de calibração e manutenção dos termo-higrômetros; registro da limpeza do ar-condicionado, dedetização e limpeza do ambiente dos serviços farmacêuticos.

A venda de medicamentos controlados (psicotrópicos) exige liberação e registros a cada unidade vendida e só poderá ser feita a após a Publicação de Autorização de Funcionamento contemplando a atividade, do Cadastro Municipal de Vigilância em Saúde (CMVS), da informatização de livros, mapas e balanços destes medicamentos e certificado de escrituração digital emitido pelo SNGPC. Este processo é liberado após a farmácia em aberta.

Por onde começar?

Para o empreendedor que não tem afinidade com o negócio, contratar uma consultoria em regulamentação para farmácias, poderá facilitar o processo.

Outro ponto importante é o estoque e a compra dos produtos, que deverá levar em consideração o mercado e o consumo na região em que a farmácia irá atuar. Distribuidores de medicamentos e perfumaria poderão auxiliar informando dados de consumo da região, quais medicamentos são da curva A de demanda para melhor gestão e lucratividade. Venda de perfumaria e produtos de higiene representam em média 30% do faturamento das farmácias e em geral apresentam boa margem de lucro.

Investir em tecnologia, para ter um controle de estoque eficiente, gestão do fluxo de caixa e outras questões administrativas de uma farmácia, deve ser considerado, mesmo que seja para uma única loja. No mercado existem soluções especializadas em farmácia, com baixo custo de implementação.

Como qualquer negócio o importante é ter informação sobre o segmento, um bom planejamento de todas as etapas e ter pessoas técnicas com conhecimento para auxiliar nas questões burocráticas do segmento.

Novos formatos

Atualmente, todo varejo deve considerar o formato digital e ter seu e-commerce. Se a farmácia nascer online, um modelo a ser implementado são as dark store, que seguem o mesmo processo de abertura para uma loja, a diferença está no baixo custo da infraestrutura em relação a loja, pois basta ter uma porta aberta ao consumidor para atender aqueles que quiserem comprar ou retirar no local. Para este modelo de negócio a escolha e implementação de uma boa plataforma para e-commerce, definição do modelo logístico e o investimento em mídia, farão a diferença.

Com a equipe certa e uma estratégia comercial e de marketing bem definida, a farmácia poderá ser bem rentável para o empreendedor que busca um negócio lucrativo.

Foto e fonte: sócia da Avila e Gonçalves Consultores, Lismeri Avila, com exclusividade para o portal Guia da Farmácia.

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