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Como o farmacêutico pode ajudar o(a) paciente com esclerose múltipla (EM)?

Qualquer que seja o tratamento, o paciente deve ser assistido por uma equipe multidisciplinar, para que seja promovida a sua qualidade de vida e a segurança no uso dos medicamentos

A prática educativa visa o desenvolvimento da autonomia e da responsabilidade dos indivíduos pelas decisões diárias que envolvem o seu cuidado com a saúde, ou seja, o seu empoderamento com o autocuidado.

Em doenças crônicas, há necessidade de preparo mental para as adaptações que se fazem necessárias para as mudanças de estilo de vida, manejo de sintomas, relações familiares entre outras condições de vida que terão inevitavelmente algum impacto sobre o indivíduo e sua família.

A esclerose múltipla (EM), é uma doença neurológica, crônica e autoimune, ou seja, as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões cerebrais e medulares e gera impacto na qualidade de vida dos pacientes, que são predominantemente jovens, mulheres, entre 20 e 40 anos.

Essa enfermidade pode manifestar-se por meio de diversos sintomas: fadiga intensa, depressão, fraqueza muscular, alteração do equilíbrio da coordenação motora, dores articulares, disfunção intestinal e da bexiga.

Os tratamentos disponíveis ajudam a impedir que a enfermidade evolua e a EM pode se desenvolver de maneira diferente e com respostas individuais também diferentes aos tratamentos disponíveis.

A causa desta enfermidade não está completamente esclarecida, porém estudos indicam que fatores genéticos e fatores ambientais (falta de exposição solar nos primeiros anos de vida, tabagismo e infecção por alguns tipos de vírus) podem levar ao desenvolvimento da doença que é caracterizada como desmielinizante (o sistema imunológico é responsável pela destruição da bainha de mielina) que afeta a condução dos impulsos nervosos trazendo como consequências déficits cognitivos, físicos e emocionais.

Em períodos de surto (exacerbação da EM) a piora é decorrente de processos inflamatórios intensos causados pelo ataque à mielina podendo surgir sintomas como problemas de visão, fraqueza, perda de equilíbrio e coordenação motora, dormência nos membros e alguns fatores estão relacionados como estresse emocional, calor excessivo, infecções virais e com a saúde não cuidada adequadamente.

Em relação aos surtos e sintomas normalmente é utilizado o tratamento farmacológico com a administração de glicocorticoides (que se constituem na classe de primeira linha de tratamento para os surtos) por meio de Pulsoterapia, ou por via oral, para acelerar a melhora do indivíduo.

Em relação às terapias modificadoras de doença, os imunomoduladores mais utilizados são acetato de glatirâmer, interferon beta 1a e interferon beta 1b (deve ter acompanhamento médico e realização de hemogramas periódicos e monitoramento da função hepática); com os imunossupressores mais utilizados (fingolimode, natalizumabe, alemtuzumabe, dimetil fumarato) o cuidado deve ser redobrado em relação à exposição à outras enfermidades em função da imunossupressão.

Qualquer que seja o tratamento, o paciente deve ser assistido por uma equipe multidisciplinar, para que seja promovida a sua qualidade de vida e a segurança no uso dos medicamentos.

O cuidado farmacêutico pode estimular o paciente a adotar tratamentos não farmacológicos como exercícios físicos adequados supervisionados por profissionais para a condição física apresentada que poderão melhorar sintomas como fadiga, falta de equilíbrio e dificuldade de locomoção.

Também as terapias como fisioterapia ou terapia ocupacional poderão ser outro recurso de muita ajuda para melhorar as funções motoras dos pacientes; outras terapias como musicoterapia, acupuntura, reflexologia podem melhorar muitos dos sintomas apresentados.

Não se pode descuidar da saúde mental dos pacientes, particularmente, em relação à depressão, porque é mais frequentemente observada nos pacientes que apresentam EM e, portanto, o acompanhamento psicológico ajudará a superação das limitações decorrentes da enfermidade.

Como a EM tem natureza multifatorial, o estado nutricional é relevante para que não haja aumento dos processos inflamatórios com a ingestão de determinados alimentos, hábitos e bebidas.

A orientação de um nutricionista é essencial para o direcionamento correto da dieta. É muito importante que esses pacientes tenham apoio e algumas instituições prestam alguns serviços em equipes multidisciplinares (ABEM – Associação Brasileira de Esclerose Múltipla / AME – Amigos Múltiplos pela Esclerose / ANEM – Associação Nacional de Esclerose Múltipla), e que as dúvidas, tanto do paciente quanto da família, possam ser esclarecidas com o atendimento por meio de escuta ativa do farmacêutico e que todos os envolvidos possam receber as orientações necessárias para a melhoria da qualidade de vida; afinal é uma doença que atinge o paciente e todos os que estão envolvido emocionalmente com ele(a).

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Fonte e foto: Farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, Maria Aparecida Nicoletti, com exclusividade para o portal Guia da Farmácia.

Não se automedique, consulte um profissional de saúde.

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