Conselho Federal de Medicina orienta sobre a pandemia do novo coronavírus

São Paulo e Rio de Janeiro serão os primeiros campos de teste da estratégia de enfrentamento do coronavírus, elaborada pelo Ministério da Saúde e Estados

De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), o Brasil já entrou na fase de explosão da epidemia do novo coronavírus. Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro serão os primeiros campos de teste da estratégia de enfrentamento da epidemia, elaborada pelo Ministério da Saúde (MS) e Estados.

Confira outras considerações e recomendações sobre a pandemia do novo coronavírus, o COVID-19.

  • Embora a saúde individual da maioria das pessoas não será ameaçada pela pandemia de COVID‐19, está‐se frente a uma das maiores ameaças já vivenciadas pelos sistemas de saúde do mundo, com risco real de sequelas e mortes em grupos de risco e também, por escassez de leitos, entre pacientes com doenças graves, como câncer, doenças crônicas agravadas, transplantes, politraumas etc.;
  • O avanço da epidemia deve ser monitorado dia a dia e divulgado de forma cuidadosa, porém transparente. As dúvidas relacionadas às mudanças de estratégia, conforme as fases da epidemia, e mesmo as divergências a respeito de medidas tomadas em diferentes localidades, devem ser adequadamente explicadas pelos gestores para que não afetem sua credibilidade e seu cumprimento;

Medidas adotadas

  • A aplicação de medidas pelo governo local envolvido com casos de transmissão da COVID‐ 19 variará conforme o tipo de transmissão (importada, por transmissão local ou comunitária) e as características locais de população e da rede de serviços de saúde de alta e média complexidades;
  • O apoio científico das sociedades médicas afetas à COVID‐19, como Infectologia e Pneumologia, entre outras, é crucial para o aperfeiçoamento das decisões do Comitê Central liderado pelo MS e para a difusão de boas práticas no meio médico e entre a população brasileira;
  • Conforme a evolução da epidemia no País, medidas diferentes podem ser aplicadas a localidades diferentes. Porém, o Sistema Único de Saúde (SUS) e a Saúde Suplementar (planos de saúde) devem seguir exatamente as mesmas diretrizes determinadas pelo Estado em que se localizam;
  • Os leitos hospitalares devem ser destinados prioritariamente aos pacientes com quadros graves de COVID‐19. Recomenda‐se aos gestores que suspendam os atendimentos ambulatoriais e a realização de procedimentos eletivos;
  • As visitas hospitalares devem ser restritas em função de número de pessoas e tempo de permanência;
  • As equipes de saúde são o mais importante ativo e também o elemento mais sensível no enfrentamento da epidemia. É no hospital que o desgaste profissional é máximo. Os gestores hospitalares devem empreender esforços para manter as equipes de saúde protegidas e motivadas para uma ação eficaz e sem baixas;
  • Serviços de Saúde do Trabalhador oferecidos no hospital aos profissionais da linha de frente serão úteis para diagnosticar e tratar precocemente os infectados e favorecer a realocação de profissionais idosos ou com co‐morbidades para atividades de apoio à assistência, com menor risco de contágio;

Combate ao coronavírus

  • A destinação de estruturas hospitalares dedicadas e apropriadas para a assistência aos doentes com COVID‐19 e seu funcionamento é da competência do gestor do serviço sob supervisão e fiscalização dos conselhos regionais de medicina (CRMs);
  • O uso racional dos insumos necessários para proteção dos profissionais de saúde, redução do contágio do coronavírus e diagnóstico e tratamento dos doentes hospitalizados pela COVID‐19 deve ser enfatizado, evitando‐se o uso indevido, desperdícios e desabastecimentos;
  • Casos identificados de COVID‐19 devem passar por isolamento respiratório, sendo que os médicos e outros profissionais da saúde responsáveis pelo atendimento devem contar com equipamentos de proteção individual (EPIs);
  • Os EPIs a serem utilizados como precaução para evitar contato com gotículas em atendimentos de pacientes suspeitos ou confirmados são: máscara cirúrgica, avental e luvas descartáveis e protetor facial ou óculos. Nos procedimentos que podem gerar aerossol (como coleta de swab nasal, broncoscopia, aspiração de paciente entubado), a máscara cirúrgica deverá ser substituída por máscara N95 ou PFF2. Nas unidades de terapia intensiva (UTIs), com leitos destinados à COVID‐19, se deve utilizar máscara N95 ou PFF2; O teste diagnóstico RT‐PCR é insumo de máxima importância para o acompanhamento da epidemia. O teste deve ser solicitado pelo médico ao seu paciente, conforme orientações do Ministério da Saúde. Os profissionais de saúde, mesmo com sintomas respiratórios leves, devem ser testados e receber orientação tempestiva;

Recomendações do Conselho Federal de Medicina

  • Os casos leves devem ser isolados em casa e tratados com sintomáticos. Casos suspeitos ou confirmados de COVID‐19 que apresentem falta de ar ou outros sintomas de maior gravidade devem buscar, imediatamente, auxílio médico;
  • Em casos de idosos, pacientes crônicos e com condições especiais, que fazem uso de medicamentos de uso contínuo, recomenda‐se que sejam fornecidas receitas por um prazo maior de validade;
  • Recomenda‐se a vacinação contra a influenza de toda a população e de forma prioritária de todos os profissionais da saúde e dos grupos de risco. Estão no grupo de risco crianças até seis anos, gestantes, mulheres até 45 dias após o parto e idosos;
  • A mobilização da sociedade para reconhecer a gravidade do momento, respeitando‐se as recomendações e determinações da Saúde Pública, é fundamental para o êxito da estratégia. Em casos extremos, a desobediência deve ser punida, exemplarmente, pelas autoridades competentes;

Higiene e isolamento

  • A higienização e o isolamento social são as melhores formas de prevenção contra a COVID‐19, sendo essenciais para o controle da epidemia. Além das medidas já adotadas, limitando o contato e as aglomerações, sugere‐se ainda o fechamento de fronteiras nacionais;
  • Espera‐se que as medidas adotadas permaneçam coerentes nessa batalha que começou, onde o planejamento parece efetivo e os recursos estão sendo postos à disposição da estratégia. Porém, a vigilância ativa e diária do Conselho Federal de Medicina e da sociedade organizada sobre os acontecimentos, bem como a capacidade de mudar rumos em função da evolução da epidemia, serão cruciais para superar essa crise;
  • O rápido crescimento da pesquisa em tempos de epidemia pode proporcionar afrouxamento de requisitos regulatórios e princípios éticos, que devem merecer monitoramento atento por parte dos órgãos competentes;
  • considerando a importância do acesso à informação e à educação para mudança de comportamento e adoção de hábitos saudáveis, o CFM e os CRMs recomendam a realização de amplas campanhas de esclarecimento pelo Governo com foco na população em geral;

O CFM e os conselhos regionais de medicina somam seus esforços à coordenação do contingenciamento da pandemia do novo coronavírus no País para receber demandas, avaliar propostas e emitir normas e diretrizes em seus níveis de competência que venham a contribuir para o sucesso da estratégia.

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Foto: Shutterstock

Fonte: CFM

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