Covid-19 faz crescer busca por alternativas de combate à obesidade

Pesquisa Nacional de Saúde mostra que o excesso de peso mais que dobrou no Brasil durante a pandemia da Covid-19

excesso peso covid A pandemia está trazendo uma herança incômoda para muita gente: o excesso de peso. Cenário delicado quando já se sabe que a obesidade é um fator de risco elevado para quem contrai a Covid-19.

De acordo com boletins epidemiológicos do coronavírus de várias secretarias de saúde pelo Brasil, cerca de 7% dos pacientes que morreram pela doença tinham a obesidade como fator de risco.

Os números da Pesquisa Nacional de Saúde, divulgados no último dia 21 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o universo de pessoas com esse fator de risco já era enorme antes da pandemia.

De acordo com a pesquisa, entre 2003 e 2019, mais do que dobrou a proporção de obesos na população com 20 anos ou mais no país – saltando de 12,2% para 26,8%.

Os números também mostram que um em cada quatro brasileiros de 18 anos ou mais estava obeso em 2019 – o que equivale a 41 milhões de pessoas.  

Estudo Abeso sobre o excesso de peso durante a pandemia da Covid-19

Um estudo divulgado em julho, na página da Associação Brasileira Para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), mostrou que quanto maior o Índice de Massa Corporal (IMC) de uma pessoa, maior é a probabilidade do quadro de Covid-19 se complicar.

Quem tem um IMC entre 30 e 35 kg/m2 apresenta um risco 1,4 vez maior que uma pessoa saudável.

Enquanto indivíduos com IMC entre 35 e 40 kg/m2 têm 1,8 vez mais risco.

Já um paciente com IMC maior de 40 kg/m2, por exemplo, o risco se eleva para 2,6 vezes.

O cirurgião do aparelho digestivo e especialista em cirurgia bariátrica do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba, Caetano Marchesini, explica o porquê dessa relação perigosa entre obesidade e coronavírus.

O excesso de gordura é uma inflamação crônica do corpo, que leva à imunossupressão, à redução da capacidade do sistema imunológico. Ou seja, com a imunidade afetada, o organismo do obeso tem mais dificuldade em combater o vírus”, diz. Marchesini.

O médico conta que, na época do vírus H1N1, de 37 a 47% dos pacientes obesos infectados pelo vírus evoluíam a doença para quadros mais graves.

Agora, com o coronavírus, a estatística quase dobrou. De 70 a 80% dos obesos infectados pela COVID-19 evoluem para sintomas graves da doença.

Bariátrica 

Uma das alternativas médicas para o combate da obesidade, em pacientes com alto IMC, é a cirurgia bariátrica. Marchesini conta que muitos pacientes obesos lhe procuraram preocupados em emagrecer, por entenderem o risco que a obesidade lhes trazia frente ao coronavírus. 

Nutrição  

De acordo com a nutricionista da equipe de check up do Hospital Marcelino Champagnat, Andressa Troles,  a cirurgia começa a ser indicada para pessoas com IMC maior que 35 para pacientes com comorbidades (diabetes, pressão alta) e 40 aos pacientes com obesidade mórbida.

Porém, ainda assim, cada caso é analisado individualmente e abaixo desse patamar, o indicado é o controle nutricional.

Desde o começo de setembro, ela vem recebendo muitos pacientes relatando que o excesso de peso na pandemia da Covid-19.

As alegações no consultório de Andressa para o ganho de peso são muitas: pacientes que tiveram que começar a fazer comida em casa, outros que não sabiam cozinhar e partiram para o fast food.

Alguns, porém,  que comiam no restaurante da empresa, com cardápio balanceado e  passaram a improvisar em casa porque não dá tempo de cozinhar no intervalo de almoço do home office.

Outras, ainda, passaram a dar mais “porcarias” para as crianças em casa e acompanharam a comilança.

Sem contar, todavia, a ansiedade, que muitos descontaram na comida.

A média de ganho de peso por pessoa no consultório da Andressa tem sido de 10 quilos na pandemia.

Dicas para uma alimentação mais saudável

Mas independente da quantidade ou do motivo, a nutricionista dá algumas dicas que podem ser seguidas por qualquer pessoa que queira emagrecer:

  1. Fazer trocas saudáveis – a bolacha pela fruta com granola, cookies integrais, iogurte natural, por exemplo
  2. Aumentar o consumo de frutas e verduras ao dia, entre 3 e 5 porções
  3. Troque tudo o que tem farinha branca pela integral (pães, bolachas, macarrão, arroz)
  4. Acrescente ovos mexidos, frutas, aveia, granola no café da manhã e lanches intermediários
  5. Adicione oleaginosas (castanhas) e sementes na alimentação
  6. Não tem tempo pra cozinhar? Organize para ir à feira ou ao supermercado no fim de semana. Cozinhe marmitas para a semana toda (frango desfiado, carne moída, arroz integral, legumes diversos, sopas) e congele para ir consumindo na semana
  7. Não quer ter trabalho com o preparo? Ao invés de fast food, opte pelas marmitas fitness

 

“Criança com obesidade, antes de tudo, é uma criança” 

Fonte: Hospital Marcelino Champagnat

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