A variante ômicron da Covid-19 é 4,2 vezes mais transmissível no estágio inicial da doença do que a delta, de acordo com um estudo realizado por um cientista que assessora o Ministério da Saúde do Japão.
A descoberta tende, então, a confirmar os temores sobre o grau de contágio da nova cepa.
O professor de saúde e ciências ambientais da Universidade de Kyoto e especialista em modelagem matemática de doenças infecciosas, Hiroshi Nishiura, analisou dados de genoma disponíveis até 26 de novembro na província de Gauteng, na África do Sul.
“A variante ômicron transmite mais e escapa mais da imunidade construída naturalmente e por meio de vacinas”, afirmou Nishiura na conclusão do estudo.
Diferenças da variante Delta
Há também temores de que a ômicron cause um estrago ainda maior do que a delta ao redor do mundo.
A Organização Mundial de Saúde Mundial (OMS) alertou, todavia, que a nova variante pode alimentar surtos com “consequências severas”.
No entanto, o salto no número de infecções na África do Sul após, então, o surgimento da variante ainda não lotou os hospitais.
Motivando, dessa maneira, algum otimismo de que a ômicron cause principalmente casos leves.
Pfizer e BioNTec afirmaram esta semana que uma dose de reforço do imunizante fabricado pela dupla pode aumentar a proteção contra a variante.
O estudo de Nishiura não foi revisado por pares nem publicado em uma revista científica. A análise usou o mesmo método que o cientista aplicou em um estudo de julho publicado pela Eurosurveillance sobre a previsão de dominância da delta antes das Olimpíadas de Tóquio.
O que dizem os pesquisadores
Centenas de pesquisadores em todo o mundo tentam acelerar o entendimento da ômicron, que é a mais diferenciada até agora entre as cinco variantes mais preocupantes identificadas pela OMS desde o início da pandemia.
O número de casos na África do Sul subiu rapidamente para perto de 20.000 por dia desde que o país relatou a descoberta há duas semanas.
O total de infecções pela Covid-19 no país permanecia baixo nas semanas anteriores.
Apesar, então, de apenas 26% da população ter sido totalmente vacinada, de acordo com o Vaccine Tracker da Bloomberg.
“A taxa de vacinação era inferior a 30% e muitas pessoas provavelmente foram infectadas naturalmente”, disse Nishiura. “Nós precisamos prestar muita atenção às tendências futuras para ver se o mesmo acontecerá em países com elevada taxa de uso de vacinas mRNA.”
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Fonte: Exame.com
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