O Dia do Farmacêutico é comemorado no dia 20 de janeiro no Brasil e, para celebrar a data, o portal Guia da Farmácia preparou entrevistas exclusivas com os conselhos de farmácia de diversos estados, para falar sobre as expectativas para o ano, e o Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) foi um dos contemplados desta série.
Nesta entrevista exclusiva, o farmacêutico bioquímico e diretor-presidente entidade, Marcos Machado Ferreira, ele mostra as principais reflexões em cima do Dia do Farmacêutico e bem como as lutas mais importantes do CRF-SP para o próximo ano. Acompanhe:
GUIA DA FARMÁCIA – No Dia do Farmacêutico, é natural fazer algumas reflexões sobre o tema e queremos ouvir a opinião do CRF-SP sobre alguns temas. Diante da pandemia pela Covid-19, por exemplo, quais foram os principais desafios que os farmacêuticos tiveram de enfrentar?
MARCOS MACHADO FERREIRA – Com a pandemia, o impacto na farmácia foi muito grande. Nesse sentido, uma boa parte da população foi para as lojas procurando o atendimento que não encontravam nem nos consultórios, que muitas vezes estavam fechados, nem nos hospitais, que estavam focados no atendimento a Covid-19.
Foi uma mudança de conceito, o farmacêutico se viu diante de novos serviços e novas formas de atendimento. Dessa forma, a maneira de se trabalhar mudou.
Assim, hoje, os farmacêuticos estão mais cientes da necessidade de se proteger, coisa que não havia antes. A implementação dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), por exemplo, é uma solução que teremos de pensar para o futuro, com ou sem pandemia, para a saúde das pessoas e dos funcionários.
GUIA – A população passou a ter um novo olhar para esses profissionais e para as farmácias como um estabelecimento de saúde?
FERREIRA – Acredito que a visão da população diante do farmacêutico também mudou. Desse modo, ao longo de décadas, a população se acostumou a ir na farmácia comprar medicamentos ou produtos e ir embora. Então, com a pandemia, ela se viu diante de uma nova situação.
Como consequência, os brasileiros se viram assustados com a Covid-19, preocupados com a saúde e querendo conversar com o profissional para entender a situação. Acho que isso irá se consolidar: o profissional farmacêutico está lá para ajudar e orientar.
GUIA – De que forma a telemedicina e a prescrição digital se tornaram uma realidade para as farmácias? Quais os benefícios e riscos dessas mudanças para o farmacêutico?
FERREIRA – A prescrição digital, a telemedicina e as outras tecnologias beneficiam o acesso da população. Contudo, corremos o risco de perder a individualidade e o contato com os profissionais de saúde. Assim, quando falamos do serviço digital e do atendimento eletrônico, tudo é muito automatizado. Nesse sentido, temos de tomar cuidado com isso. Ademais, o atendimento farmacêutico muitas vezes é individualizado e temos que ouvir a pessoa.
GUIA – Com a esperada atualização da RDC 44/09, quais novas responsabilidades se pode esperar dos profissionais farmacêuticos? Os farmacêuticos estão preparados para elas?
FERREIRA – Acho que os farmacêuticos ainda não estão preparados para as atualizações dos serviços farmacêuticos. Assim, os profissionais terão que procurar capacitação, afinal, o profissional da área não é obrigado a saber de tudo. Todas as profissões precisam se atualizar. Virão novas tecnologias e os farmacêuticos precisarão se preparar e os conselhos podem ajudar nessa capacitação.
Treinamento e capacitação são importantíssimos, principalmente no quesito tecnologia, onde todos os dias surgem coisas novas.
GUIA – Mais do que conhecimento técnico, hoje, se cobra que os farmacêuticos que atuem em farmácias, também tenham perfil de liderança e conhecimentos de gestão. Na sua visão, qual o perfil que os profissionais que atuam hoje no varejo farmacêutico precisam ter?
FERREIRA – Ter conhecimentos de gestão é importante para todos os profissionais,. Contudo, não são todos que gostam de gestão. Assim, temos de nos perguntar se o farmacêutico tem perfil para isso. Eu não entendo o porquê essa obrigação. Acho que o tema precisa ser analisado com mais calma.
GUIA – Quais foram as principais conquistas do Conselho de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) em 2020?
FERREIRA – Com a pandemia, nós, do Conselho de Farmácia do Estado de São Paulo tivemos, de nos reinventar rapidamente, usando ferramentas que até então não conhecíamos para fazer capacitações ou reuniões on-line, a fim de manter as pessoas e farmacêuticos motivados a fazerem os cursos, entre outros.
Assim, começamos a fazer lives para manter os colegas informados de tudo o que estava acontecendo. Aliás, hoje, nossos atendimentos são praticamente 75% on-line.
Nós conseguimos emplacar rapidamente a tecnologia e mantivemos a motivação dos nossos profissionais. Antes, nos atingíamos 10 mil pessoas por ano e, agora, só no nosso canal de YouTube já temos capacitações e lives com mais de 10 mil acessos. Então foi um período de reinvenção, mas muito importante, que tiramos muitas lições que levaremos para daqui para frente.
GUIA – Quais as lutas e desafios do CRF-SP para 2021?
FERREIRA – Em 2021, o maior desafio do CRF-SP, como órgão regulador, talvez seja se adaptar e acompanhar a evolução das tecnologias que vão se incorporar ao trabalho das pessoas, principalmente dos farmacêuticos.
A farmácia tem passado por uma série de mudanças que, possivelmente, mudarão a forma de trabalho do farmacêutico.
Então, o maior desafio será se adaptar às novas realidades, tentando encontrar como fazer a fiscalização ética de forma a poder manter toda a ordem, uma vez que nossas legislações são antigas, algumas com 60 anos.
As profissões estão mudando, não só em drogarias, mas também nos laboratórios, na educação farmacêutica e na área hospitalar. Então temos de entender como encaixar a profissão farmacêutica, acompanhando as mudanças e a evolução da profissão, com uma legislação antiga.
Fonte: Guia da Farmácia
Foto: CRF-SP
As principais atividades do cotidiano do farmacêutico