O medicamento é um dos custos que mais pesam no orçamento doméstico de milhares de brasileiros, especialmente idosos. Segundo levantamento do IBGE, a participação das despesas com saúde no orçamento das famílias subiu de 7,3% em 2010 para 9,2% em 2021, último ano considerado na pesquisa.1
E esse cenário só não é mais desafiador para as famílias porque, em 1999, foi aprovada a Lei número 9.787, conhecida como a Lei do Genérico, um verdadeiro marco na política de saúde do Brasil. Essa lei veio propor a disponibilização de medicamentos seguros, eficazes e acessíveis, mantendo a qualidade dos produtos de referência. Seu impacto foi significativo e progressivo, promovendo maior acesso da população a tratamentos essenciais e diminuindo os custos tanto para os consumidores quanto para o sistema público de saúde.
“Com 86,2% dos consumidores relatando confiança nos medicamentos genéricos, esses produtos se destacam não apenas pelo custo-benefício, mas também pelas diversas opções terapêuticas. A alta adesão à troca de medicamentos pioneiros por genéricos demonstra a consolidação desse segmento no mercado brasileiro”, destaca presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (PróGenéricos), Tiago de Moraes Vicente.
Cenário
Ao completar 26 anos, os medicamentos genéricos registraram um crescimento de 7,04% nas vendas em 2025, totalizando 553 milhões de unidades comercializadas entre janeiro e março – frente aos 517 milhões contabilizados no mesmo período de 2024. Atualmente, esses medicamentos representam mais de 38,96% das vendas em determinadas categorias, especialmente naquelas voltadas ao tratamento de doenças crônicas, como hipertensão e colesterol, além de enfermidades do sistema nervoso central, como os transtornos de ansiedade.
Os dados são de um levantamento da ProGenéricos, com base em indicadores do IQVIA. Vicente destaca que em mais de duas décadas de presença no varejo, esses medicamentos conquistaram a confiança de médicos e pacientes. “Em 2024, as vendas do segmento movimentaram 20,4 bilhões de reais, um crescimento de 13,50% em relação ao mesmo período de 2023”, diz.
Por lei, os genéricos devem custar 35% menos que os medicamentos de referência. Na prática, no entanto, o desconto médio chega a 67%. Desde a criação da categoria, a economia direta aos consumidores já soma quase R$ 341 bilhões.
Resumindo, o mercado de genéricos no Brasil é bastante robusto e está em constante crescimento. “Percebemos que há uma dinâmica bastante intensiva, robusta e dinâmica que ao longo do tempo vem permitindo a consolidação de uma base industrial de natureza nacional, permitindo então a toda a população ter acesso cada vez mais ampliado aos medicamentos”, comenta a vice-presidente executiva do Grupo FarmaBrasil, Adriana Diaféria.
Ela destaca o papel dos genéricos são no tratamento da maioria das doenças conhecidas, incluindo diabetes, hipertensão, colesterol, ansiedade, depressão, um rol bastante expressivo, e, por isso, a expectativa é que esse mercado continue crescendo a taxas muito elevadas.
“Isso se dá não só pela confiança que os consumidores aportam aos medicamentos genéricos, porque hoje eles atendem a padrões de qualidade, segurança e eficácia de qualquer tipo de medicamento no mundo, e pela necessidade especial de medicamentos cada vez mais acessíveis”, pontua.
Para Adriana, a produção de genéricos consolidada no País permite que as indústrias façam a migração para um novo padrão, com desenvolvimento de inovações incrementais e radicais; e possibilidade de um atendimento ampliado das doenças.
Genéricos para doenças crônicas
Em 2024, os genéricos atingiram uma participação de mercado de 75,46% em unidades entre os medicamentos voltados ao controle da hipertensão, registrando um crescimento de 14,74% em relação a 2023. No segmento de medicamentos para controle do colesterol, a participação chegou a 52,02%, com aumento de 42,86% nas vendas.
Quanto aos tratamentos para saúde mental, os genéricos alcançaram participações de 68,44% entre os antidepressivos e 75,41% entre os ansiolíticos, com crescimento respectivo de 56,83% e 8,27%. “Além de um market share expressivamente superior à média do setor, eles têm se destacado pela velocidade com que avançam nas categorias voltadas a doenças crônicas, tornando-se essenciais na rotina de milhares de brasileiros”, ressalta Vicente.
Top 10 medicamentos genéricos em valor (vendas anuais março/25)
- Losartana- Neo Química
- Dipirona – Neo Química
- Rispedirona – Prati-Donaduzzi
- Tadalafila – EMS
- Cetoprofeno – Medley
- Nista-Zinco – Neo Química
- Tadalafila – Eurofarma
- Cetoprofeno 100 mg – Medley
- Cetoprofono – Eurofarma
- Pantoprazol – Medley
Fonte: Close-Up Internacional
Top 10 medicamentos genéricos em unidades (vendas anuais março/25)
- Losartana – Neo Química
- Losartana – Teuto
- Losartana – EMS
- Sildenafila – Neo Química
- Hodroclorotiazida – Neo Química
- Dipirona – Neo Química
- Losartana – Medley
- Hidroclorotiazida – Medley
- Atenolol – Sandoz
- Nista+Zinco – Neo Química
Fonte: Close-Up Internacional
Top 10 corporações de medicamentos genéricos em valor (vendas anuais março/25)
- NC Farma
- Eurofarma
- Sanofi
- Teuto Brasileiro
- Hypera Pharma
- Grupo CIMED
- Prati-Donaduzzi
- Sandoz
- Aché
- Geolab
Fonte: Close-Up Internacional
Referência:
1Estadão
Acesso em: 20/05/2025
Fonte: Guia da Farmácia
Foto: Shutterstock
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