Doria anuncia mil novos leitos de UTI para coronavírus, recomenda suspensão de cirurgias eletivas e mantém grandes eventos

Estado de SP tem 46 casos confirmados de coronavírus. Governo de SP recomenda suspensão de cirurgias eletivas em hospitais

O governador João Doria (PSDB) anunciou na manhã desta quinta-feira (12) a adição de mais mil leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em todo o estado de São Paulo, a compra de novos equipamentos e de medicamentos, além da contratação de mais profissionais de saúde para prevenir e combater o novo coronavírus (Covid-19).

O estado de São Paulo tem 46 casos confirmados de coronavírus e concentra a maior parte dos casos do Brasil, que tem 60 casos confirmados pelo Ministério da Saúde. “Neste momento, o estado de São Paulo está pronto para adicionar ao seu contexto mais mil leitos de UTI. Estes mil leitos tem de ser creditados pelo Ministério de Saúde e o ministério tem de repassar os recursos de investimento e custeio”, afirmou Uip.

De acordo com o coordenador do Centro de Contingência, o infectologista David Uip, dos mil leitos abertos, serão 600 só na capital paulista. Os outros 400 serão distribuídos por todo o estado. Atualmente, esses leitos já fazem parte da rede pública, mas serão transformados em leitos de UTI. No entanto, o governo do estado ainda vai pedir recursos ao governo federal para transformar os leitos.

Novos leitos

O secretário José Henrique Germann vai se reunir com o ministro da Saúde, Luiz Mandetta, nesta sexta-feira (13), para pedir dinheiro à União para custear os novos leitos.

“A solicitação é de R$250 milhões não só como medida de atenção imediata, como também de prevenção futura. E é justo e é correto que o estado que tem mais vulnerabilidade, que é o Estado de São Paulo, que este recurso seja disponibilizado e rapidamente para essa finalidade. Tenho segurança e convicção de que o ministro será sensível a isso. E a área econômica do governo, dado a situação de pandemia, será rápida e diligente no atendimento dessa solicitação”, afirmou o governador João Doria.

A cidade de São Bernardo do Campo, na região do ABC, vai receber 40 leitos de UTI e mais um hospital que vai ser inaugurado nos próximos dias.

O governo do estado orientou os hospitais a suspenderem as cirurgias eletivas e destinarem os leitos aos pacientes com o Covid-19. “A outra situação que cabe a esse a grupo [Centro de Contingência] assessorando as autoridades é fazer a gestão de leitos, quando necessário nós vamos estar orientando os hospitais públicos e privados a diminuir e depois parar com as cirurgias eletivas, os leitos vão ser destinados pra este momento a medida da necessidade”, declarou.

SP diz estar preparada para enfrentar o coronavírus

De acordo com Uip, o estado está preparado para enfrentar a doença e uma reunião na próxima semana irá discutir o assunto. “Na próxima terça-feira [17], o secretário convocou todos os hospitais estaduais, autarquias, autarquias especiais, administração direta, Organizações Sociais (OSs) e os hospitais universitários”, disse. São Paulo possui 101 hospitais estaduais e 100 mil leitos.

“Temos 101 hospitais estaduais e somando aos de rede privada e de beneverência, são 100 mil leitos. Estamos nos associando a hospitais privados e de beneverência. Atingimos 7.200 leitos de UTI, sendo 80% vai ter doença assintomática, não precisarão recorrer ao sistema de saúde, 20% precisará recorrer ao sistema de saúde. Desses 20% uma porcentagem menor precisará de internação e uma menor ainda de UTI. Quero deixar muito claro que o estado está pronto para qualquer nível de enfrentamento em qualquer cenário. Óbvio que as proporções vão sendo atingidas a medida da evolução da pandemia.”

Recomendações e orientações

Doria também disse que a recomendação é que pessoas acima de 60 anos evitem locais de grande aglomeração. Apesar disso, não haverá determinação para suspensão de aulas e nem eventos.

“Neste momento, no dia 12 de março, às 11h14, não há nenhuma razão para pânico. Eu respondo, evidentemente pelo estado de São Paulo, como governador eleito. Nenhuma razão para pânico no estado de São Paulo em razão do coronavírus”, afirmou Doria.

O governador de São Paulo declarou que os grandes eventos que precisam de autorização da administração pública serão mantidos. “Neste momento, volto a repetir, nesta data não há nenhuma recomendação do governo do estado de São Paulo para cancelamento de eventos esportivos, de entretenimento ou de conteúdo. Nesse 12 de março não há nenhuma determinação para cancelamento de eventos públicos, independentemente do número de pessoas”. Ele ressaltou que a decisão ficará por conta das empresas, organizadores. “Cada instituição pode tomar essa decisão, mas não sob recomendação oficial.”

Gestão dos leitos

Outra questão que será atualizada de acordo com a evolução da pandemia, segundo Uip, é a gestão de leitos. “Quando necessário estaremos orientando os hospitais públicos privados a diminuir e depois parar com as cirurgias eletivas. Os leitos vão ser destinados a medida da necessidade. Essa é uma pandemia que evolui. Toda vez que houver uma mudança será comunicada com transparência”, afirmou o infectologista.

O secretário da Saúde, José Henrique Germann Ferreira, ressaltou que o estado vai comprar mais kits para detectar a doença. “Nós temos estoques de kits para exames, mas estamos adquirindo mais 20 mil testes de diagnósticos para os casos que vierem necessitar de fazer o exame”, disse. Também serão adquiridos 200 novos equipamentos respiratórios, além dos que já existentes nas UTIs, 5 milhões de máscaras descartáveis, 15 milhões de luvas, 48 mil litros de álcool gel.

Grupo de risco

O infectologista David Uip ressaltou que a população mais vulnerável e que com maior risco de evolução da doença são as pessoas com mais de 60 anos e doenças crônicas preexistentes.

“A outra recomendação que hoje nós discutimos na reunião que antecedeu isso é a proteção dos pacientes mais vulneráveis. A recomendação do grupo da secretaria do estado e do governo pra que pacientes com mais de 60 anos, pacientes com doenças crônicas (cardiopata, nefropata, diabético, o indivíduo imunodeprimido em tratamento oncológico) que ele evite participar de aglomerações. A recomendação para que ele se poupe…seja protegido”, recomendou.

Cidade de SP

Bruno Covas (PSDB), afirmou que a Prefeitura de São Paulo está realizando uma ação integrada com o governo do estado em relação às medidas adotadas para combater a proliferação da doença.

“Estamos fazendo uma ação conjunta, reuniões permanentes, periódicas, mais do que diárias para avaliar ações e novas medidas que posam ser implantadas. A Vigilância Sanitária aqui em São Paulo tem feito prevenções desde o dia 10 de janeiro, tem acompanhando todos os casos suspeitos, confirmados.”

O que muda com a declaração de pandemia?

O Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta disse no começo da tarde desta quarta-feira (11) que nada muda no Brasil com a declaração de pandemia do coronavírus. Ele afirmou ainda que pacientes com sintomas, que chegarem de outros continentes, serão considerados “casos suspeitos”.

“Para nós […] qualquer pessoa que chegue no Brasil ainda neste momento, com febre, tosse, gripe, já tem nexo para você poder falar: ‘oh, é um caso suspeito’. Por que? Porque veio de fora de locais que têm transmissão sustentada. Mas nós já estávamos trabalhando assim, né? Nós já estávamos com América, Europa, Ásia, Oceania. Só não estávamos ainda considerando os da América do Sul e África, agora são todos”, afirmou.

Casos

O estado de São Paulo contabiliza 46 casos confirmados do novo coronavírus, segundo balanço divulgado nesta quinta-feira (12) pela Secretaria Estadual da Saúde. O aumento foi de 53% em relação ao balanço anterior: na quarta-feira (11), quando o estado registrava 30 casos confirmados.

Dos 46 casos confirmados em SP, 44 estão na capital, 1 em Ferraz de Vasconcelos e 1 em Santana de Parnaíba. No estado há 555 casos suspeitos da doença, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.

Foto: Shutterstock

Fonte: G1

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