A indústria farmacêutica Eli Lilly anunciou nesta semana o início de testes em humanos de um novo tratamento contra a Covid-19, feito à base de anticorpos de pacientes curados.
É a segunda terapia do tipo que a empresa começa a testar – a diferença entre os dois tratamentos é a ligação dos anticorpos às células infectadas. Além disso, a nova terapia será testada em pessoas saudáveis. A anterior é voltada a pacientes hospitalizados com Covid-19 e está sendo testada nos Estados Unidos.
Segundo a farmacêutica, o objetivo da variedade de tratamentos é aumentar as opções para chegar à eficácia. Caso os testes se mostrem promissores, a expectativa é que tratamento esteja disponível a partir de setembro, segundo o diretor científico e presidente da Lilly Research Laboratories Daniel Skovronsky.
A nova terapia recebeu o nome de JS016 – ela percorre e age no organismo humano em pessoas saudáveis que não foram diagnosticadas com a Covid-19. A pesquisa está sendo feita em parceria com a chinesa Junshi Biosciences, que lidera o desenvolvimento na China, enquanto a Lilly possui os direitos exclusivos da terapia no resto do mundo.
A Lilly avaliará a eficácia do JS016 como agente único e em combinação com outros tratamentos de anticorpos em pacientes com Covid-19. Se os resultados mostrarem que o anticorpo pode ser administrado com segurança, as empresas iniciarão os estudos de Fase 2 para avaliar a eficácia.
Eli Lilly contra a Covid-19: anticorpos mononucleais
Os medicamentos pertencem a uma classe de biotecnológicos chamados anticorpos monoclonais, amplamente utilizados no tratamento de câncer, artrite reumatoide e muitas outras condições.
Um anticorpo monoclonal desenvolvido contra a Covid-19 provavelmente será mais eficaz do que os medicamentos reaproveitados atualmente sendo testados contra o vírus, segundo a Reuters.
Abaixo, confira as diferenças entre o tratamento com plasma ou com anticorpos monoclonais.
Plasma x anticorpos monoclonais
Plasma: O plasma é a parte líquida do sangue, onde ficam os anticorpos produzidos pelo organismo para combater as doenças. Essa substância, retirada de pacientes recuperados, pode ser aplicada em alguém que tenha um quadro grave da Covid-19. No entanto, cada amostra terá uma quantidade e uma composição diferente de anticorpos, pois depende do organismo do doador.
Anticorpos monoclonais neutralizantes: Os cientistas isolam apenas o anticorpo que consegue neutralizar o coronavírus, especificamente. Assim, com o uso do gene, células são criadas em laboratório. O produto será um frasquinho apenas com o anticorpo contra a doença específica; enquanto o plasma contém todos os anticorpos, variando em composição de pessoa para pessoa.
Tratamento disponível em setembro
Em entrevista à Reuters, o pesquisador-chefe da Eli Lilly, Daniel Skovronsky, afirmou que, caso os testes das terapias se mostrem eficazes, o tratamento poderá ser autorizado já em setembro.
“Para a indicação do tratamento, particularmente, isso pode ser bastante rápido”, afirmou ele na entrevista. “Se em agosto ou setembro estivermos vendo que as pessoas que foram tratadas não estão avançando para hospitalização, isso seria um dado poderoso e poderia levar à autorização de uso emergencial.”
Skovronsky disse que as terapias – que também podem ser usadas para prevenir a doença provocada pelo novo coronavírus – podem superar uma vacina para uso generalizado como tratamento da Covid-19, caso se mostrem eficazes. “Setembro, outubro e novembro não são datas exageradas”, completou ele.
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Fonte: G1