EMS: o impacto da automação na farmacêutica

Marcus Sanchez, vice-presidente da empresa, detalha como a robótica, machine learning, big data e IA melhoraram a qualidade e produtividade

O laboratório EMS sobre driblar os efeitos da pandeia da Covid-19 e a automação foi um dos caminhos.

Entre os muitos efeitos colaterais, a pandemia da Covid-19 colocou a saúde em foco. Impactados pelo medo e  insegurança trazidos pela crise sanitária, os consumidores foram impelidos a pensar mais sobre o bem-estar físico e mental.

Esse movimento reverberou, então, no mercado farmacêutico.

Em 2020, no auge da pandemia, o varejo farmacêutico faturou R$ 58,2 bilhões.

Aumento de 8,8% em relação ao ano anterior, de acordo com a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). Com isso, o Brasil é responsável por cerca de 2% do mercado mundial.

Com mercado aquecido, tecnologia e automação são um dos focos da indústria para gerar, então, mais eficiência e aprimorar as verticais de pesquisa e desenvolvimento.

Quem descreve esse movimento é o vice-presidente da EMS, Marcus Sanchez, farmacêutica com mais de cinco mil colaboradores e 2,6 mil apresentações de produto.

“A robótica, machine learning, big data e inteligência artificial (IA) vão melhorar o controle da qualidade e o nível de produtividade. A digitalização dos processos, com assinaturas eletrônicas e melhor gestão do ciclo de vida dos contratos, irá colaborar com o processo de compras, vendas e contratações. Além disso, o gerenciamento ágil de dados sobre farmácias, hospitais, médicos e parceiros permitirá conhecer mais sobre a demanda e as inovações que deverão movimentar o mercado”, afirma o executivo.

No Brasil, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da EMS tem 600 pesquisadores e recebe 6% do faturamento anual do laboratório em investimentos.

Para o mercado farmacêutico, como a pandemia impulsionou a digitalização da EMS? O que já é automatizado?  


Marcus Sanchez • Mesmo em segmento mais regulamentado, a transformação digital foi, portanto, acelerada e impactou nosso setor e a empresa.

Para nos adaptarmos de forma mais rápida, planejamos e executamos estratégia de investimento que está em curso e prevê aporte de R$ 120 milhões em transformação digital até o ano de 2024.

Isso deve trazer impacto para as áreas administrativa, operacional, comercial e de logística.

Os recursos também contemplam tecnologia digital, treinamento de colaboradores, governança digital e roadmap estratégico.

O setor digital da empresa atua em parceria com as unidades de negócios e passou a contar com time multidisciplinar.

Outros processos digitais também foram acelerados por causa da pandemia, como é o caso da propaganda médica virtual, que acabou sendo antecipada e implementada em março de 2020.

Contudo, com o isolamento social, tivemos de implantar novo sistema de contratação na área de recursos humanos.

Adotamos a plataforma Gupy, portal de carreira da empresa para modernizar as ferramentas de atração de talentos. Desde o início, reduzimos em 43% o tempo médio para fechamento de vagas.

Nos últimos dois anos, foi possível economizar R$ 600 mil com custos de processos seletivos, que antes eram realizados com apoio de consultorias externas.

Quais tendências tecnológicas e ferramentas emergentes são encaradas como oportunidade para a companhia no futuro? Quais dores podem suprir?


Sanchez • Internet das coisas (IoT), cloud computing, machine learning e big data são soluções que vamos explorar mais.

Elas serão capazes de resolver problemas na área de produção e ajudarão a gerar mais oportunidades comerciais, permitindo melhor relacionamento com parceiros e stakeholders, como, por exemplo, os médicos.

Sob o ponto de vista científico, temos expectativas de aprofundar estudos e trazer lançamentos importantes em inovação incremental e radical, na área dos medicamentos genéricos de alta complexidade e de biotecnológicos.

Como a tecnologia está presente no desenvolvimento de produtos da EMS?

Sanchez • A tecnologia é uma realidade e se estende a todas as áreas da EMS.

As ferramentas e conceitos da Indústria 4.0, IA e big data, por exemplo, são fundamentais, pois nos permitem ampliar a produtividade, reduzir o custo de produção e aumentar a segurança para o paciente, possibilitando a ampliação do acesso à saúde.

Temos um processo de produção automatizado.

Os maquinários conectados e inteligentes identificam e solucionam erros, monitoram toda a operação e fornecem dados sobre produção e qualidade.

Entre 2012 e 2021, investimos mais de R$ 1 bilhão em modernização de plantas fabris no Brasil e em aumento da capacidade de produção, que é de mais de 1 bilhão de unidades (caixas) de medicamentos por ano.

Este ano, ainda estão previstos investimentos de R$ 200 milhões para atualização de tecnologias em maquinários e linhas de produção pela EMS.

A transformação digital tem acelerado processos, integra diferentes áreas e nos permite testar mais e corrigir a rota, se necessário, de maneira rápida, favorecendo a tomada de decisões mais assertivas.

Na área propriamente dita da pesquisa e desenvolvimento de produtos, a tecnologia nos ajuda, então, a avaliar os medicamentos com relação à eficácia e segurança.

Aumentamos aportes em nossas principais marcas e pipeline de produtos inovadores.

A inovação é fundamental para alcançarmos mais competitividade em relação às indústrias internacionais e trazer qualidade de vida à população, com novos medicamentos e terapias.

São quatro principais frentes de inovação que recebem investimento da empresa:

Os genéricos de alta complexidade, de difícil desenvolvimento; a inovação incremental (novas associações ou formas farmacêuticas de medicamentos já existentes no mercado); os biotecnológicos (com a Bionovis, empresa de alta tecnologia na qual a EMS possui participação); e a inovação disruptiva (radical), por meio da presença da EMS nos Estados Unidos.

De que maneira a EMS trabalha seus dados? Como são transformados em insights para a companhia?

Sanchez • Essa transformação ocorre por meio do projeto Data Blue, plataforma habilitadora para a tomada de decisão, um arsenal tecnológico para que as áreas tenham mais inteligência e insights para atuação estratégica em seus mercados.

Passamos, então, das análises descritivas para a utilização de modelos preditivos que nos permitem ter maior previsibilidade sobre a demanda e controlar o abastecimento dos pontos de venda.

Tudo isso conectado às áreas de operações, comercial, logística e de pesquisa clínica nos permite gerar, portanto, análises prescritivas evitando possíveis gargalos no abastecimento, otimizando os processos produtivos e melhorando ainda mais nossas condições comerciais.

No futuro, qual será o papel da tecnologia na indústria farmacêutica?

Sanchez • Novas plataformas irão nos aproximar ainda mais das pessoas que consomem nossos produtos. Essa proximidade nos permitirá olhar para o consumidor de forma única e o avanço da tecnologia será fundamental para desenvolver novas terapias e produtos, proporcionando mais acesso à saúde e qualidade de vida à população.

A robótica, machine learning, big data e IA vão melhorar o controle da qualidade e o nível de produtividade.

A digitalização dos processos, com assinaturas eletrônicas e melhor gestão do ciclo de vida dos contratos, irá colaborar com o processo de compras, vendas e contratações.

Além disso, o gerenciamento ágil de dados sobre farmácias, hospitais, médicos e parceiros permitirá conhecer mais sobre a demanda e as inovações que deverão movimentar o mercado.

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Fonte: M&M

Foto: EMS

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