A importância da hidratação

Distúrbio atinge mulheres de todas as idades e afeta de forma significativa a vida sexual. Uso de lubrificantes e hidratantes torna- -se essencial

Problema que aflige milhões de mulheres pelo mundo, a secura vaginal pode tornar desconfortável até mesmo atividades diárias, como sentar, andar e pedalar. A diminuição da lubrificação natural pode estar associada à diminuição da libido, com impacto no período de excitação, ou pela baixa produção hormonal relacionada à menopausa.

A secura vaginal, também conhecida como ressecamento vaginal, é um sintoma que decorre da atrofia da mucosa da vagina. A falta de lubrificação é um dos vários sintomas que ocorrem na chamada síndrome de atrofia urogenital, que está associada à queda progressiva dos estrogênios, chamada hipoestrogenismo.

Segundo o médico ginecologista e 2o vice-presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo (Sogesp), Dr. Rogério Bonassi Machado, as condições que geram hipoestrogenismo e levam ao ressecamento vaginal são: menopausa natural ou após a retirada dos ovários; tratamento com radioterapia ou quimioterapia; algumas doenças autoimunes; tabagismo; medicações, como o tamoxifeno e agonistas do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH); e o aumento da prolactina durante a lactação.

“Todas essas condições clínicas têm como elemento central a falta do estrogênio. Esse hormônio é absolutamente necessário para manter o trofismo vaginal, por ação direta na mucosa da vagina e também propiciando a ação dos lactobacilos, favorecendo o pH baixo no local”, esclarece o Dr. Machado.

O médico ginecologista do Hospital Santa Cruz de São Paulo, Dr. Eddy Nishimura, afirma que as alterações anatômicas e fisiológicas na vagina e bexiga associadas com a menopausa estão diretamente relacionadas à redução dos níveis circulantes de estrogênio e ao envelhecimento, associando-se basicamente a um adelgaçamento (diminuição da densidade) do tecido vaginal, redução da circulação sanguínea, da elasticidade e da lubrificação vaginal.

“Os pequenos lábios afinam, a entrada da vagina retrai, o meato da uretra torna-se proeminente e sensível ao trauma da mesma forma que a mucosa, que está mais afinada e com perda da flexibilidade. Isso ocorre de uma forma progressiva, variável de mulher para mulher, se não há uma intervenção adequada para a sua prevenção.” 

Descoberta, prevenção e tratamento

Segundo o site inglês Daily Mail, em 2013, foi realizada uma pesquisa que ouviu duas mil pessoas. O resultado concluiu que 20% das mulheres se sentem depressivas devido à secura vaginal; 25% delas disseram ser “menos femininas” por causa do problema; quase metade disse se sentir mais “velha” por isso; e 50% afirmaram não ter relações sexuais de jeito nenhum devido ao problema.

A dor causada pela falta de lubrificação diminui a excitação e a sensação de prazer, reduzindo ainda mais a capacidade de lubrificação. A causa também pode estar relacionada a problemas ginecológicos mais sérios, desequilíbrios na flora vaginal e questões psicológicas. 

Outros fatores que contribuem são o estresse, a ansiedade, o cansaço e o medo, que acabam prejudicando a lubrificação das paredes vaginais, bloqueando a excitação sexual e a umidificação. O problema pode atingir mulheres de todas as faixas etárias, mas ocorre com mais frequência em mulheres na menopausa, idosas, ou que não estejam preparadas para a relação sexual.

Os primeiros sintomas que devem ser observados segundo o coordenador do Núcleo de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Samaritano de São Paulo, Dr. Edilson Ogeda, são: dor e ardor durante as relações sexuais e, algumas vezes, sangramento.

De acordo com o Dr. Nishimura, a diminuição do trofismo do tecido vaginal e o aumento da friabilidade também predispõem a traumas com a atividade sexual, causando dor vaginal, queimadura, fissuras, irritação e hemorragia após o sexo. “Coexistem problemas urinários, tais como aumento da frequência de micção, urgência e ardor ao urinar e infecções urinárias recorrentes”, diz o médico.

Existem diversos tratamentos disponíveis para o ressecamento vaginal, hormonais e não hormonais, sob a fórmula de pílulas, cremes, supositórios, pomadas ou géis, além do uso de hidratantes e lubrificantes.


Autor: 
Renata Martorelli

Mulher 2016

Especial Mulher 2016

Essa matéria faz parte do Especial Mulher 2016.

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