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O uso adequado de multivitamínicos ajuda a combater carências que surgem devido a um estilo de vida desregrado

O consumo regular de vitaminas e minerais é fundamental para o bom funcionamento do organismo. Por agir como cofatores das reações das enzimas, as vitaminas servem como elo fundamental para a ação de todo o metabolismo.

São elas as responsáveis pela manutenção das células e tecidos – pele, ossos, cabelos – e pelo combate de radicais livres. Com propriedades antioxidantes, ainda são capazes de proteger as estruturas celulares.

Para obter todos esses benefícios, é preciso ter uma alimentação saudável e balanceada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo de cinco a sete porções de frutas, verduras e legumes por dia – o equivalente a 400 gramas. Na teoria, já parece complicado. Na prática, em meio a uma rotina cada vez mais atribulada, prova-se ser quase impossível.

“Com a jornada acelerada e as exigências de cumprimento das jornadas profissionais e pessoais, as pessoas dispõem cada vez de menos tempo para realizar suas refeições, o que tem provocado mudanças significativas nos hábitos alimentares da população brasileira nos últimos anos. A população tem procurado alimentos de preparo e consumo mais rápidos, que são aqueles industrializados, pratos semiprontos e outros alimentos ricos em sódio, açúcar e gordura”, afirma o gerente médico do Aché Laboratórios, Dr. Stevin Zung.

Dados da pesquisa Barreiras para uma Vida Saudável, realizada on-line pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) Conecta, apontam que 80% dos brasileiros não têm uma alimentação regrada.

A informação é reforçada pelos resultados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2016, que mostram que a frequência de adultos que consomem regularmente frutas e hortaliças varia entre 24,9% em Belém e 49,8% no Distrito Federal.

Umas das consequências dessa má alimentação é a carência de vitaminas, que pode causar alterações importantes no funcionamento normal do organismo, como diminuição da disposição, baixa no sistema imunológico, queda de cabelo, enfraquecimento das unhas e até problemas cognitivos, como falta de memória.

“Isso ocorre porque, mesmo não sendo fonte de calorias, esses micronutrientes participam do processo de aproveitamento da energia dos alimentos, além de terem função antioxidante”, explica a nutricionista Andrea Forlenza.

Confira quais as carências vitamínicas mais comuns em diferentes grupos da população
Mulheres: zinco, riboflavina (B2), selênio, ferro, cálcio, vitaminas A, C, D e E.

Homens: magnésio, riboflavina (B2), cálcio, zinco, selênio, vitaminas C e D.

Idosos: cálcio, ácido fólico, ferro, zinco, selênio, cromo e as vitaminas A, C, D, E, B6 e B12.

Pessoas com colesterol alto: dependendo do tratamento utilizado para a diminuição do colesterol, o fármaco pode diminuir a absorção de vitaminas como a A, D, K e E e também de ácido fólico.

Gestantes: vitamina A, ferro, zinco e ácido fólico. Durante o período gestacional, as necessidades encontram-se aumentadas devido ao intenso crescimento e à proliferação celular.

Necessidade do suplemento

Para evitar essas complicações, é preciso manter um bom nível de nutrientes no organismo. A melhor maneira de consumir todas as vitaminas necessárias para o bom funcionamento do corpo é fazer uma alimentação saudável e variada, de preferência incluindo alimentos frescos e biológicos.

“Mas a suplementação vitamínica com comprimidos também é uma alternativa para prevenir a falta de vitaminas (avitaminose) e suas consequências”, defende a nutricionista da Clínica Vanité São Paulo, Andréa Farah.

Em geral, indica-se o uso de suplementos vitamínicos quando a alimentação apresenta insuficiência de vitaminas e minerais e não atinge as necessidades nutricionais diárias recomendadas.

No entanto, há outros casos em que pode ser aplicada. “Pessoas que apresentam baixa imunidade, que pegam resfriados facilmente, por exemplo, podem melhorar se se beneficiarem com uma suplementação de vitaminas”, detalha o clínico geral e diretor da Clínica Ser Integral, Dr. Roberto Debski.

O uso da suplementação vitamínica também pode ser indicado para pessoas que sejam adeptas de uma dieta muito restritiva. “Nessa onda crescente de uma alimentação cada vez mais natural, os pacientes excluem grupos alimentares e acabam tendo ingestão muito monotemática de nutrientes. Não variam a fonte e adquirem algumas deficiências”, destaca a nutricionista Marcela Ribeiro.

Outro momento que exige atenção quanto à carência de vitaminas é a gestação. “Dividimos a suplementação das gestantes em três trimestres. No primeiro, é indicado ácido fólico para ajudar na formação do bebê; no segundo semestre, vitaminas e ferro ajudam a fortalecer o sistema imunológico; por fim, o cálcio ganha importância, pois se fixa aos ossos do bebê que está na fase final de crescimento”, explica Marcela.

Os cuidados devem seguir durante a lactação, já que o leite materno constitui a mais importante fonte desses nutrientes para o recém-nascido e lactente. “O atendimento às necessidades nutricionais do grupo materno-infantil, considerado como grupo de risco para o desenvolvimento de carências nutricionais, deve ser uma preocupação dos profissionais de saúde e a prevenção e o diagnóstico precoce da deficiência nutricional são de extrema importância”, alerta o Dr. Zung.

Ação dos polivitamInicos

Para ajudar a suprir as carências de vitaminas e minerais, os suplementos vitamínicos atuam no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas e ajudam a garantir que as reações químicas responsáveis pelo bom funcionamento do organismo aconteçam.

Quando a deficiência de nutrientes é geral, é possível fazer o uso dos polivitamínicos que, em um só comprimido, contêm vários nutrientes diários necessários.

Agora, para casos de carências pontuais, já é possível fazer usos de vitaminas que atendam a uma necessidade específica do paciente. A fim de oferecer opções cada vez mais personalizadas a determinados grupos populacionais, a indústria tem investido na segmentação de produtos – seja por gênero, faixa etária ou patologia crônica.

De acordo com Dr. Zung, essa segmentação é necessária devido aos diferentes hábitos alimentares e às necessidades nutricionais específicas de cada grupo da população.

Pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 100% das mulheres na fase adulta apresentam inadequação dos níveis de vitamina E. Outras carências comuns ao público feminino são: de cálcio, 99%; vitamina D, 99%; vitamina A, 92%; e de vitamina C, 84%.

Já entre o público masculino, o grande problema está nas vitaminas e nos minerais que são importantes para a saúde muscular, como a vitamina D, que não é consumida na quantidade ideal por quase 100% dos homens, ou então o magnésio, que possui inadequação em 72,5% na faixa etária entre 19 e 30 anos e 79% entre 31 e 59 anos.

“Após os 50 anos de idade, além desses cuidados, é aconselhada também a ingestão rotineira de alimentos ricos em vitaminas, principalmente vitaminas A e C. Outro exemplo, a mulher na menopausa tem uma maior necessidade de cálcio, pois apresenta maior probabilidade do que o homem de ter osteoporose”, complementa o médico do Aché Laboratórios.

Dependendo do quadro clínico do paciente, os polivitamínicos devem ter o consumo mantido ao longo da vida, como forma de garantir um nível adequado de nutrientes.

No entanto, caso haja mudanças no quadro clínico, pode haver a necessidade de revisão dos suplementos ingeridos. “Pacientes com problemas renais, por exemplo, não devem fazer uso de potássio. Em casos de insuficiência cardíaca, dependendo da gravidade, recomenda-se evitar a vitamina K. É preciso acompanhar o quadro clínico e histórico do paciente”, orienta Marcela.

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