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Com desempenho acima do mercado total de medicamentos no Brasil, os genéricos se consolidam como categoria responsável pelo desenvolvimento do setor

Em 2015, o medicamento que teve maior faturamento no Brasil foi o genérico Losartana Potássica, utilizada no controle para hipertensão, fabricado pela Neo Química (divisão de genéricos da Hypermarcas). O Citrato  de Sildenafila, fabricado tanto pela Neo Química quanto pela Eurofarma, e a Sinvastatina da Novartis também aparecem na lista entre os dez medicamentos que mais geraram lucro aos laboratórios fabricantes. Quando levada em consideração a quantidade de unidades vendidas, três dos dez medicamentos que tiveram maior procura nas farmácias brasileiras foram genéricos. Nessa lista, aparecem novamente a Losartana Potássica (4º lugar) e o Citrato de Sildenafila (6º lugar), além da Dipirona Sódica (9º lugar), segundo dados do IMS Health.

  Total Genéricos Referência Similares MIPs
Vendas em 2015 (R$) R$ 46,4 bilhões R$ 17,8 bilhões R$ 3,6 bilhões R$ 16,4 bilhões
Vendas em 2014 (R$) R$ 41,9 bilhões 9,29% R$ 3,3 bilhões
Crescimento (2014-2015) 10,65% 11,75% 9,14%
Vendas anuais (unidades) mais de 1 bilhão


O bom desempenho de muitos produtos fez com que, apesar de a categoria de genéricos ter registrado crescimento abaixo das expectativas, ainda obtivesse um desempenho acima da média do mercado farmacêutico. Sozinhos, os genéricos alcançaram um crescimento de 11,75% nas vendas em 2015, enquanto o mercado total avançou 10,65%, acumulando vendas totais de R$ 46,4 bilhões, contra R$ 41,9 bilhões em 2014.

A consolidação dos genéricos como medicamentos de qualidade, a despeito da desconfiança inicial, foi fundamental para que a categoria se desenvolvesse no País e fizesse com que cada vez mais consumidores optassem por esse produto nas farmácias. Sobretudo em períodos de crise econômica, como o atual, em que o fator preço faz toda diferença na composição do orçamento das famílias.

“Atribuo o crescimento principalmente ao fato de os medicamentos genéricos serem uma plataforma definitiva de acesso dos pacientes aos tratamentos e à combinação entre preço e número crescente de opções terapêuticas”, relata o diretor de negócios da Medley, Carlos Aguiar.

As vendas acima da média do mercado permitem que os executivos do setor considerem os genéricos os grandes responsáveis por impulsionar o desenvolvimento do mercado farmacêutico nos dias atuais. “Além de ser o segmento que mais cresce na indústria farmacêutica, há 17 anos, desde que chegou ao varejo, os genéricos hoje representam parte significativa do faturamento das maiores farmacêuticas instaladas no País”, destaca a presidente executiva da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (PróGenéricos), Telma Salles.

Para a executiva, a categoria hoje funciona como um termômetro do setor, tamanha a representatividade alcançada. “Se os genéricos passam a crescer em um ritmo menor ou decrescer, como foi o resultado do último mês de fevereiro, que apresentou retração de 0,4% em relação a janeiro, as indústrias ficam preocupadas, pois esse cenário pode indicar problemas para a evolução de seus negócios.” 

Outros segmentos

Os genéricos tiveram também desempenho superior ao registrado pelos medicamentos referência, que são os produtos com proteção patentária. As vendas desse segmento acumularam, em 2015, R$ 17,8 bilhões, contra R$ 16,3 bilhões em 2014, apresentando crescimento de 9,29%. Os genéricos tiveram também desempenho superior ao registrado pelos similares, cópia de marca, que, desde 2014, podem ser intercambiáveis com os medicamentos de referência. As vendas dessa categoria cresceram 9,14% entre 2014 e 2015, somando vendas acumuladas de R$ 3,6 bilhões no ano passado contra R$ 3,3 bilhões em 2014, de acordo com dados da PróGenéricos.

O desempenho das vendas de genéricos só não foi maior que o dos Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs), que, de 2014 a 2015, melhorou 14%. Hoje, esse mercado corresponde a R$ 16,4 bilhões e vende mais de 1 bilhão de unidades anuais. Já em comparação aos medicamentos fitoterápicos, segmento que começa a ganhar força no País, o desempenho foi semelhante – produtos naturais avançaram 10% no último trimestre de 2015.

Um exemplo da força dos genéricos está dentro da Novartis, que possui um portfólio diversificado e ocupa posição de liderança em diversos medicamentos inovadores, cuidados com os olhos e na área de medicamentos genéricos. Globalmente, em 2015, as operações do Grupo atingiram vendas líquidas de US$ 49,4 bilhões no mundo todo e US$ 9,2 bilhões desse total são de vendas líquidas da Sandoz, divisão de genéricos e biossimilares.

“No Brasil, acompanhando o cenário farmacêutico e o crescimento da área de genéricos, a Sandoz foi a divisão do Grupo que mais cresceu. A fábrica localizada em Cambé, no Paraná, aumentou seu nível de produção em 23%, em comprimidos, quando comparado com 2014 e registrou recordes de produção em 2015”, revela o diretor-geral da Sandoz Brasil, André Brázay.

 

UNIDADES

FATURAMENTO

1. Neosoro – Hypermarcas

Losartana potássica (G) – Hypermarcas

2. Glifage Xr – Merck 

Torsilax – Hypermarcas

3. Ciclo 21 – União Química

Dorflex – Sanofi

4. Losartana Potássica (G) – Hypermarcas

Citrato de Sildenafila (G) – Hypermarcas

5. Dorflex – Sanofi

Sinvastatina (G) – Novartis

6. Citrato de Sildenafila (G) – Hypermarcas

Citrato de Sildenafila (G) – Eurofarma

7. Puran T-4 – Sanofi

Glifage Xr – Merck

8. Salonpas – Hisamitsu

Neosaldina – Takeda

9. Dipirona Sódica (G) – Hypermarcas

Aradois – Biolab

10. Torsilax – Hypermarcas

Galvus Met – Novartis

Fonte: IMS Health

Boas expectativas

Apesar de um ano difícil por conta da crise, um mercado avaliado em R$ 615,7 milhões pode ser incrementado ao segmento de medicamentos genéricos, segundo expectativa da PróGenéricos. Os 35 genéricos inéditos autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no ano passado devem chegar às prateleiras das farmácias e aos hospitais ainda neste ano. Segundo a Anvisa, o prazo para autorização do registro e a chegada do produto no varejo é de até um ano. Dos 35 produtos, 7, porém, são de uso predominantemente hospitalar, portanto, não são encontrados nas farmácias comuns.

 “Trata-se do maior volume de genéricos inéditos lançados nos últimos cinco anos”, afirma Telma, presidente executiva da entidade. Entende-se por genéricos inéditos apenas novas moléculas. A Anvisa também autorizou o uso de 15 formas farmacêuticas inéditas de produtos já em uso no mercado.

Com os novos genéricos na praça, a PróGenéricos calcula uma economia direta aproximada de R$ 215 milhões aos consumidores. “Esse montante teria que ser gasto caso não houvesse essa prerrogativa de descontos”, ressalta. Além do incentivo dos órgãos reguladores, que têm dado prioridade à liberação de registro de genéricos inéditos, a própria demanda da população deve impulsionar as vendas nos próximos anos.

“Acredito que os genéricos continuarão a desempenhar um papel fundamental, principalmente, se considerarmos o envelhecimento acelerado da população brasileira e a importância de investir na prevenção de doenças de alto impacto para a saúde pública. Além disso, o mercado brasileiro possui muitos medicamentos não mais protegidos por patentes e que ainda não têm sua versão genérica”, aposta Aguiar.

Um dos nichos que deve ser fortemente explorado pelos fabricantes nos próximos anos é o de medicamentos biológicos e genéricos de alta complexidade inéditos no Brasil, por exemplo, os produtos inalatórios. “A tecnologia é dominada por poucas empresas no mundo. Hoje, a SEM investe fortemente em Pesquisa e Desenvolvimento para se manter em posição de destaque e para atender a amplas demandas”, garante o diretor comercial da unidade de Genéricos da EMS, Aramis Domont. 

 

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