Conheça as novidades do mercado de genéricos para 2018

Em sólida expansão, esses medicamentos oferecem cada vez mais opções de tratamento

mesmo princípio ativo dos medicamentos de referência, mas com o preço máximo ao consumidor, no mínimo, 35% menor. Essa característica dos genéricos traz, aos brasileiros, garantia de mais acesso à saúde.

“Desde que a Lei dos Genéricos foi implementada em 1999, no Brasil, estes medicamentos ajudam a aliviar gastos da população e dos sistemas de saúde públicos que se tornam cada vez mais sobrecarregados”, destaca o diretor de marketing e Inteligência de Mercado da Sandoz, Guilherme Barsaglini.

Para a coordenadora técnica farmacêutica da Pague Menos, Cristiane Feijó, os genéricos trouxeram três grandes ganhos à população. “Os genéricos vieram para disponibilizar menor preço, uma vez que devem ser mais baratos que os medicamentos de referência; para reduzir os preços dos medicamentos de referência, com a entrada de concorrentes; e para contribuir com o aumento do acesso a tratamentos de qualidade, seguros e eficazes”, resume.

Entretanto, apesar de todos os benefícios, a liberação de novas patentes de genéricos não é um processo tão rápido no País. Mas há esforços para que mudanças aconteçam para minimizar essa lacuna.

Visando reduzir o tempo de resposta aos pedidos de marcas e patentes, uma das medidas adotadas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) foi a convocação, desde 2016, de novos profissionais examinadores dos pedidos, a fim de proporcionar mais agilidade na produção técnica de patentes e na análise de processos pendentes.

Quando essa nova perspectiva foi apresentada à presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos), Telma Salles, no ano passado, a executiva reiterou que a demora na análise de pedidos de patente pelo INPI traz severos impactos negativos para a indústria de medicamentos genéricos no Brasil.

“Globalmente, a análise de concessão de uma patente é feita, em média, em cinco anos. No Brasil, pode levar até 12 anos. No caso dos medicamentos, o aumento do prazo de vigência de patentes enquadradas nesse dispositivo legal é fator agravante ao retardo no lançamento de medicamentos genéricos, favorecendo o titular da patente em prejuízo dos fabricantes de genéricos e de toda a sociedade brasileira, que tem o acesso comprometido”, disse Telma, na ocasião.

Principais indústrias de genéricos no Brasil*

EMS
Brainfarma
Neo Química
Merck
Orygen
Prati-Donaduzzi
Biosintética
Medley
Nova Química
Torrent Pharma
Libbs
Sandoz
Geolab
Eurofarma
Grupo Cimed
Fresenius Kabi
Pharlab

*Lista produzida com base nas empresas associadas da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos), que concentram, aproximadamente, 85% das vendas do segmento de genéricos no País e 25% do mercado total.

Em abril de 2017, o INPI e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) assinaram portaria conjunta que resolveu o impasse de 16 anos quanto à anuência prévia da Anvisa nos processos de patentes farmacêuticas.

O acordo promete, segundo nota no Portal do INPI, agilizar os processos de patentes nessa área, além de evitar extensões de prazos, reduzir a judicialização do tema, facilitar a chegada de novos genéricos ao mercado e garantir segurança jurídica aos investidores.

Telma avaliou, na época, que o acordo foi um marco histórico para os medicamentos genéricos no Brasil. “Com a definição clara de papéis e a revisão de ritos e procedimentos, teremos um fluxo mais célere e transparente a seguir, o que irá imprimir maior agilidade na apreciação dos pedidos de patentes, com consequências positivas para a diversificação da oferta e a ampliação do acesso a medicamentos. O acordo certamente trará maior agilidade à fila de, pelo menos, 21 mil processos relacionados a medicamentos que estão acumulados no INPI e na Anvisa desde 2010”, comentou.

O que esperar para os próximos anos?

No ano passado, o mercado brasileiro registrou o lançamento de 14 novos genéricos direcionados ao tratamento de doenças, como leucemia aguda, câncer de próstata metastático e outros tipos de cânceres, além de medicamentos para diabetes, osteoporose e transtorno de déficit de atenção, entre outras patologias.

“Juntas, essas drogas movimentam cerca de R$ 527 milhões ao ano”, revela Telma. Um levantamento realizado pela Pró Genéricos, em 2017, detectou que estão previstas a queda de 13 patentes passivas de registro até 2020. “Para que as previsões se concretizem, será necessário que o INPI – órgão que concede e nega pedidos de patentes, consiga concluir essas análises”, observa.

A indústria continua a investir maciçamente nesse mercado. A EMS, por exemplo, líder do mercado de genéricos com cerca de 500 apresentações de produtos, aposta, continuamente, em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D).

Realidade do setor

Número de medicamentos genéricos registrados desde o ano 2000 até 30/6/2017, 4.886 medicamentos genéricos foram registrados. Destes, 1.016 registros foram cancelados, restando 3.870 medicamentos genéricos com registros válidos.
Número de medicamentos genéricos registrados por princípio ativo
Entre os 3.870 medicamentos genéricos com registros válidos até 30/6/2017, há 577 diferentes princípios ativos isolados ou em associação.
Número de medicamentos genéricos registrados
por empresa
Cento e vinte empresas são detentoras dos registros dos 3.870 medicamentos genéricos com registro válido até 30/6/2017.
Número de medicamentos genéricos inéditos registrados
Até 30/6/2017, foram registrados 1.004 medicamentos genéricos inéditos. Deste total, 690 para determinada substância ativa ou associação; 211 para forma farmacêutica; e 103 para concentração.

Fonte: Portal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Conteúdo retificado em 11 de agosto de 2017

“O objetivo da empresa é prosseguir na liderança desse segmento, principalmente lançando, de maneira pioneira, genéricos ainda inéditos – como em 2010, quando disponibilizou o primeiro genérico para disfunção erétil, repetindo depois o feito com a atorvastatina, a olanzapina e outras moléculas”, conta o diretor comercial da Unidade de Genéricos da EMS, Aramis Domont.

Em 2017, a EMS lançou quatro novas moléculas e nove apresentações de genéricos. Destaque para as apresentações de fluoxetina, olanzapina e sertralina, que passaram de 28 comprimidos para 30 comprimidos. Para 2018, a empresa prevê dez lançamentos, sendo que três deles são genéricos inéditos e estes produtos devem atingir uma participação de 2% no faturamento desta unidade de medicamentos da companhia.

A Sandoz também continua a investir na ampliação do portfólio de genéricos, bem como na expansão da capacidade produtiva. “Inauguramos, em 2017, a nova linha de produção de medicamentos sólidos na fábrica de Cambé (PR), para ampliar, em 25%, a capacidade de produção de genéricos. A nova linha fechou um ciclo de R$ 54 milhões em investimentos na expansão e melhoria da planta industrial. Sem contar que produz 26 dos 240 produtos processados na planta paranaense, que abastece o mercado nacional, além de exportar para países da América Latina e Europa”, conta Barsaglini, acrescentando que, no ano passado, a companhia apresentou 13 novos genéricos. Para 2018, as previsões seguem positivas.

“Prevemos uma ampliação do portfólio com cerca de 60 novas apresentações no Brasil. Os novos produtos são para as seguintes classes terapêuticas: Sistema Nervoso Central (SNC), cardiologia, anti-infecciosos, gastro e saúde feminina”, enumera.

Já a Neo Química, que representa a unidade de Similares e Genéricos da Hypera Pharma, contabiliza 120 moléculas e 190 apresentações em genéricos.

“Como parte da estratégia de expansão de negócios, a marca possui pipeline robusto, com lançamentos previstos até 2020 para aumentar a presença em classes ainda inexploradas”, revela a diretora de marketing da marca, Jurema Aguiar.

Recentemente, a Neo Química trouxe importantes lançamentos na área, como o pantoprazol e cloridrato de nebivolol, além de aumentar a linha de antidiabéticos, com o lançamento da glimepirida. “Para 2018, o grande lançamento será o nitazoxanida, genérico do Anita”, aponta a executiva.

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