Crescimento por necessidade e consciência

O uso de vitaminas não é mais apenas uma questão intrínseca do corpo. Elas também passam a fazer parte da vida dos brasileiros adeptos à prevenção e à qualidade de vida

Moléculas orgânicas essenciais para o metabolismo, ou compostos orgânicos presentes nos alimentos e indispensáveis para o organismo. São diversas as formas de definir o que são as vitaminas, mas a conclusão é única em todas: sem elas, as atividades vitais do corpo ficam completamente comprometidas. Problemas de visão por falta de vitamina A; deformações ósseas por carência de vitamina D; ou escorbuto por ausência de vitamina C são alguns poucos exemplos do que pode ocorrer com o corpo por conta deste tipo de carência.

Mesmo que por observação, a importância e o valor das vitaminas é sentido desde os primórdios. Relata-se na história, por exemplo, que os antigos egípcios sabiam que alimentar uma pessoa com fígado ajudava a curar a cegueira noturna, uma doença que hoje se sabe ser causada pela deficiência em vitamina A.

Mas, oficialmente, a vitamina, como é conhecida hoje, surgiu em 1912, com o bioquímico polonês Casimir Funk, que isolou o primeiro nutriente a partir do arroz – que, na época, denominou de B1 – para comprovar que, no processo de descasque desta matéria-prima, perdiam-se muitos componentes nutricionais e os usuários passavam a sofrer por apatia, distúrbios no sistema nervoso periférico, paralisia e problemas cardíacos, doença, hoje, conhecida por beribéri.

Esse breve histórico serve para comprovar que o mercado de vitaminas sempre foi importante para a existência humana. Afinal, são pouquíssimas aquelas produzidas naturalmente pelo organismo. A grande maioria delas se deriva da alimentação e, neste sentido, o cenário é alarmante.

Vitaminas e multivitamínicos mais vendidos em volume

Fonte: Close-Up International. MAT*: 10/2018 – 09/2019. Valores expressos em volume de unidades vendidas
*MAT significa Moving Annual Total (Movimento Anual Total, em português)

Vitaminas e multivitamínicos mais vendidos em valor

Fonte: Close-Up International. MAT*: 10/2018 – 09/2019. Valores expressos em reais com desconto praticado pela indústria para as redes ou os distribuidores
*MAT significa Moving Annual Total (Movimento Anual Total, em português)

Estima-se que a “fome oculta”, fenômeno causado pela carência de um ou mais micronutrientes – como vitaminas ou minerais – atinja cerca de dois bilhões de pessoas em todo mundo, afetando um em cada quatro indivíduos, principalmente em países em desenvolvimento, como o Brasil.

O fato é que, em curto e médio prazo, esse cenário pode levar aqueles que têm deficiências nutricionais – apesar de estarem bem alimentados – ao surgimento de algumas doenças, como as cardiovasculares e os cânceres.

Dentro dessa realidade, comprova-se o grande potencial do mercado de vitaminas e suplementos alimentares no País. Segundo dados do Euromonitor International, somente no Brasil, esse mercado movimentou R$ 6,6 bilhões em 2019, alta de 45% em relação a 2014, quando contabilizou R$ 4,5 bilhões. E as projeções para 2024 seguem promissoras. As estimativas são de que estas categorias gerem R$ 7,7 bilhões.

Oportunidades com vitaminas para o canal farma diante do envelhecimento da população

AVANÇO ACELERADO DA TERCEIRA IDADE:

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o País está saindo de uma população de 30 milhões de idosos para atingir 60 milhões em 2050. Dessa população:
• 80% não consomem a necessidade diária de cálcio.
• 90% não consomem a necessidade diária de vitamina.
• 60% não consomem a necessidade diária de proteínas.

DECLÍNIO DA ATIVIDADE CORPORAL

• Há declínio muscular de 10% por década de vida.
• Há 10% de perda de massa óssea por década.

IMPORTÂNCIA DAS FARMÁCIAS PARA A CATEGORIA

O canal farma representa quase 60% do volume de compras do mercado de suplementos adulto, sendo, assim, o principal canal de compra dessas categorias.
• Farmácias: 52%.
• Supermercado: 31%.
• Sites especializados: 9%.
• Sites de farma: 8%.

Fonte: gerente de gerenciamento de categorias da Pague Menos, Ana Cristina Lima Alves

“Os brasileiros estão consumindo cada vez mais a categoria de vitaminas. No País, o consumo ainda é baixo comparado a outros mais desenvolvidos, mas a maior informação sobre os produtos e a busca por qualidade de vida resultam em um aumento do consumo da categoria”, comenta o gerente executivo comercial não medicamentos do Grupo DPSP, Rafael Rossatto.

A longevidade e a necessidade específica de alguns tratamentos também têm sido um fator determinante para o crescimento deste mercado, conforme explica a gerente de gerenciamento de categorias da Pague Menos, Ana Cristina Lima Alves.

“O aumento da expectativa de vida e a necessidade de reinvenção estão alterando a maneira de encararmos o envelhecimento, focando em prevenção e saúde. Além disso, há um aumento da população adulta e fisicamente ativa, mas que vem perdendo massa muscular e com falta de disposição. Há também os casos de diagnóstico de câncer, que acima de 50% têm algum tipo de problema nutricional”, conclui.

Necessidade + consciência

Junto com a necessidade intrínseca do organismo por vitaminas, agora surge a consciência da população por uma alimentação mais saudável, o que traz ainda mais força de crescimento para o setor.

Segundo levantamento do Aplicativo (app) para contratação de serviços da América Latina GetNinjas, houve quase oito mil pedidos para profissionais nutricionistas apenas no primeiro semestre de 2019. No total, houve quase três mil solicitações a mais pelo serviço do que o registrado no mesmo período em 2018, um aumento de 60%.

Entre as demandas mais solicitadas dentro da categoria, estão dieta personalizada (27,7%), nutrição esportiva (25,7%), avaliação nutricional (23,9%) e reeducação alimentar (22,3%). O levantamento levou em consideração o banco de dados do app, composto por mais de 850 mil profissionais.

Os números do GetNinjas vão ao encontro de dados recentes sobre o assunto, como os da pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), de 2018, que apontou que 80% dos brasileiros buscavam manter uma alimentação saudável no dia a dia.

“As pessoas estão cada vez mais buscando qualidade de vida. O acesso às informações, sobretudo pela internet, tem contribuído cada vez mais para essa mudança de comportamento”, analisa a nutricionista que atende pelo app, Bárbara Ramires.

Na era em que a importância da saúde e prevenção segue em alta num movimento mundial, as vitaminas ganham, assim, mais importância entre os brasileiros.

“Uma pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad) mostra que em 54% dos domicílios brasileiros houve consumo de algum suplemento alimentar nos últimos seis meses. Isto é quase igual ao mercado americano”, comenta a responsável pelo departamento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Marjan Farma, Dra. Rita de Cássia Salhani Ferrari.

Fonte: Guia da Farmácia

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