Desafios de uma nação

Em uma década, o País terá 16% da população com mais de 60 anos de idade, aumentando a incidência de doenças crônicas e complexas. Tratamentos avançam, mas medidas preventivas são a maior preocupação

Com o aumento da longevidade crescerá igualmente o fator de exposição a doenças, o que implica sua incidência e prevalência, como o surgimento de novos casos de câncer em uma mesma pessoa. Antigamente, ela morria no primeiro. Com o avanço dos tratamentos e com o envelhecimento, a doença pode reaparecer.

Haverá também mais pessoas com Alzheimer. Doenças como o herpes zóster, uma complicação tardia do vírus da catapora infantil, podem crescer, uma vez que a população não vivia para ter a moléstia”, afirma o geriatra da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e diretor do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, Dr. Wilson Jacob Filho. O envelhecimento acelerado levará ao aumento de problemas crônicos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), três em cada quatro idosos têm alguma doença que exige tratamento por longos períodos.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), revela que as doenças crônicas já são responsáveis por 58,5% de todas as mortes ocorridas no planeta. No Brasil, elas respondem por 72% das causas de todos os óbitos. Segundo o Datasus, as cinco principais causas de morte no Brasil são as doenças do aparelho circulatório, neoplasias, causas externas (acidentes e violência), disfunções do aparelho respiratório e moléstias infecciosas e parasitárias. Com o envelhecimento populacional, elas ganharão espaço. Dados do IBGE mostram que pouco menos da metade dos idosos (48,9%) brasileiros sofre de mais de uma doença crônica, como hipertensão, diabetes, problemas cardiovasculares, osteoporose, doença pulmonar obstrutiva crônica, demências e câncer. Dores na coluna e artrite ou reumatismo também são frequentes e atingem 35,1% e 24,2%, respectivamente, das pessoas na faixa etária dos 60 anos. “Evitar totalmente a ocorrência dessas doenças não é possível, contudo dá para tardar seu aparecimento e diminuir seus efeitos”, afirma o Dr. Jacob Filho. “O controle da hipertensão, por exemplo, reduz os casos de infarto e de Acidente Vascular Cerebral (AVC). O reforço da imunidade diminui a incidência de infecções e de câncer. Da mesma forma, ao se evitar quedas, haverá menos incidências de fraturas e suas consequências”, completa o médico da USP.


Convivendo com as patologias

Uma vez instaladas, as doenças crônicas acompanham os indivíduos por longo tempo, em geral por toda a vida, requerendo tratamentos progressivamente mais caros. Se inadequadamente tratadas, implicam perda da qualidade de vida com complicações, muitas vezes, incapacitantes, que provocam sofrimento aos portadores e suas famílias. Segundo especialistas, a adesão a tratamentos prolongados é um desafio, pois requer cuidado ininterrupto e, muitas vezes, de alto custo. Ademais, essas doenças são agravadas com o avançar da idade, quando os indivíduos já estão fora do mercado de trabalho, comprometendo sua renda de forma impactante. “O que se observa é a dificuldade em atingir a população carente para tratar as principais doenças que ocasionarão, no futuro, o AVC e as doenças cardiovasculares. Para essas patologias, há distribuição gratuita de medicamentos, mas ainda falta informar a população”, observa o médico assistente do setor de Ecocardiografia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e cardiologista da Clínica Vivere Sanus, Dr. Daniel Petlik.

A prevenção de boa parte das moléstias que acometem os idosos, assim como a redução do ritmo de avanço, depende fortemente de aspectos comportamentais ligados à dieta, aos exercícios físicos e a outros hábitos de vida. Segundo o Ministério da Saúde (MS), 48,5% da população das capitais brasileiras está com excesso de peso e 23,3% é hipertensa. Cerca de 260 mil mortes poderiam ser evitadas todos os anos com uma alimentação adequada. Ainda de acordo com o MS, estudos indicam que 22% das doenças cardíacas, de 10% a 16% dos casos de diabetes tipo 2 e de cânceres de mama, cólon e reto poderiam ser evitados por meio da realização de quantidade suficiente de atividade física. “A prática de exercícios físicos é fundamental para um envelhecimento com qualidade de vida. É o mecanismo promotor de saúde”, sustenta o Dr. Jacob Filho.


Principais doenças que acometem os idosos:

Hipertensão

De acordo com levantamento da OMS, a hipertensão atinge, em média, 40% dos adultos com mais de 25 anos de idade no planeta, o que representa cerca de um bilhão de pessoas. No Brasil, aproximadamente 40% da população acima de 40 anos têm hipertensão, segundo estimativa do IBGE. Entre os idosos com mais de 60 anos, esse índice chega próximo de 60%.

A maioria dos casos está relacionada a maus hábitos de alimentação, obesidade e sedentarismo. Na população brasileira, a hipertensão incide em 35% dos homens e 30% das mulheres, o que é semelhante ao índice de outros países. A prevalência aumenta muito com a idade e nos indivíduos de raça negra.

Em relação ao sexo, a hipertensão começa mais cedo no homem, a partir dos 35 anos. Na mulher, é mais comum a partir da menopausa, aos 45 anos. A hipertensão é responsável pela morte de aproximadamente 9,4 milhões de pessoas todos os anos. Estão associados à moléstia 45% dos ataques cardíacos e 51% dos derrames cerebrais. De forma geral, respondem anualmente pela morte de 17 milhões de pessoas em todos os países e, desse total, perto de 55% dos óbitos estão ligados diretamente a complicações relacionadas à pressão alta.

Diabetes

O diabetes está presente em 6,3% da população adulta, o que representa um universo de 7,5 milhões de brasileiros, boa parte deles idosos. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, 33% da população brasileira dos 60 aos 79 anos têm diabetes ou alguma alteração relacionada à glicose. O não controle do problema pode causar cegueira, amputação de membros, insuficiência renal, derrame cerebral, disfunção erétil, úlcera nos pés, depressão, entre outros males.

A doença é classificada em dois tipos. O tipo 1 é o mais grave e ocorre principalmente em crianças e adultos jovens, sendo necessário o tratamento com aplicações de insulina. Corresponde entre 5% a 10% dos casos de diabetes. Já o diabetes tipo 2, que é o mais frequente, está associado à resistência à insulina provocada pela obesidade, sobrepeso e sedentarismo e aparece em indivíduos a partir dos 45 anos de idade.

Existem grupos de risco para a doença, entre eles, pessoas com familiares diabéticos, mulheres que tiveram filhos com mais de quatro quilos, portadores de hipertensão e doenças cardiovasculares e aqueles acima do peso. O excesso de peso é uma das maiores causas do diabetes tipo 2, o que exige cuidados ainda maiores com a alimentação e a prática regular de alguma atividade física.

Entre os sintomas, estão muita sede e aumento no volume da urina. A prevenção pode ser feita com o controle do peso e da taxa de açúcar no sangue. Dependendo do caso, é necessário o uso de medicamentos.

Alzheimer

Entre os fatores de risco, o envelhecimento é o mais conhecido e importante para a forma esporádica da doença de Alzheimer. Segundo a farmacêutica responsável pela Farmácia- -Escola da Universidade de São Paulo (FCF-USP) e professora titular do curso de Farmácia da Universidade de Guarulhos (UnG), Maria Aparecida Nicoletti, outros possíveis fatores de risco têm sido estudados: exposição ou ingestão de substâncias tóxicas como álcool, chumbo, alumínio e solventes orgânicos; medicamentos diversos; traumatismo craniano; exposição à radiação; estilo de vida; estresse; infecções; doenças imunológicas; câncer; altos níveis de colesterol e de homocisteína; obesidade; diabetes; e nível educacional. “No entanto, essas pesquisas apresentaram pouco resultado prático até agora”, revela.

A doença de Alzheimer é a mais frequente forma de demência entre idosos. É caracterizada por um progressivo e irreversível declínio em certas funções intelectuais como memória, orientação no tempo e no espaço, pensamento abstrato, aprendizado, capacidade de realizar cálculos simples. Provoca distúrbios de linguagem, da comunicação e da capacidade de realizar as tarefas cotidianas, além da mudança da personalidade e da capacidade de julgamento.

Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maiores serão as chances de tratar os sintomas corretamente, retardando a evolução da doença. “Alguns estudos sugerem que manter uma atividade intelectual, como fazer palavras cruzadas, por exemplo, pode reduzir a probabilidade de se adquirir a doença de Alzheimer. Outros afirmam que ser mais escolarizado confere ao paciente maiores recursos intelectuais para contornar as limitações cognitivas típicas da enfermidade”, diz Maria Aparecida.

O exercício físico é salutar a todos os indivíduos, porém é uma atividade especialmente indicada para os pacientes com demência. A atividade física bem orientada, que considere as limitações de cada paciente, proporciona boa flexibilidade articular, melhora a circulação e o funcionamento intestinal e consome o excesso de energia, responsável muitas vezes por crises de agitação e agressividade.

Parkinson

Os principais fatores de risco do mal de Parkinson são idade, hereditariedade, gênero (os homens são mais propensos) e exposição às toxinas (herbicidas e pesticidas). Entre os sintomas, há diminuição ou desaparecimento de movimentos automáticos (como piscar); constipação; dificuldade de engolir; babar; equilíbrio e caminhar comprometidos; falta de expressão no rosto (aparência de máscara); dores musculares (mialgia); dificuldade para começar ou continuar o movimento, como começar a caminhar ou se levantar de uma cadeira; perda da motricidade fina (a letra pode ficar pequena e difícil de ler, e comer pode se tornar mais difícil); movimentos diminuídos, posição inclinada, músculos rígidos (frequentemente começando nas pernas); tremores que acontecem nos membros em repouso ou ao erguer o braço ou a perna (com o tempo, o tremor pode ser visto na cabeça, nos lábios e nos pés, podendo piorar com o cansaço, excitação ou estresse); presença de roçamento dos dedos indicador e polegar (como o movimento de contar dinheiro); voz para dentro, mais baixa e monótona; e ansiedade, estresse e tensão. Procurar ajuda médica se identificar sintomas relativos à doença é a principal forma de prevenção. “Os sintomas da doença de Parkinson costumam ser suaves no início, mas é uma doença progressiva e tende a se agravar com o tempo e a levar a complicações mais sérias. Não há cura conhecida para o Parkinson. O objetivo do tratamento é, prioritariamente, controlar os sintomas”, afirma Maria Aparecida.

Ossos e articulações

A perda de minerais, como cálcio, e a deficiência de vitamina D, além do sedentarismo e do hábito de fumar, são fatores que contribuem para o surgimento de doenças relacionadas ao enfraquecimento dos ossos, como a osteoporose, comum em idosos e mulheres na menopausa. Crônica, a doença torna os ossos tão frágeis que podem se quebrar mesmo sem causa aparente. Há casos em que movimentos corriqueiros, como o tossir, podem resultar em fratura em situações mais severas.

No Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas sofrem com essa moléstia e 24 milhões terão fraturas a cada ano provocadas pela doença e, como consequência direta das fraturas, 200 mil indivíduos morrerão. As mulheres são as mais suscetíveis à osteoporose: o risco é sete vezes maior, e 40% podem ter algum grau da doença. Enquanto nos homens, um em cada oito pode ser acometido por ela. 

Não há sintomas, em geral, ela é descoberta pelas complicações (fraturas). As mais comuns em idosos com problemas ósseos são de punho, fêmur e coluna. “Somente uma em cada três pessoas com a doença é diagnosticada e, dessas, somente uma em cada cinco recebe algum tipo de tratamento, com uma taxa anual de aproximadamente 100 mil fraturas de quadril. Dos que sofrem quedas, 50% precisarão de algum tipo de auxílio para caminhar e 25% necessitarão de assistência domiciliar ou internação em casas geriátricas”, revela a responsável pelo Marketing da AxisMed, empresa de gestão de saúde populacional, Rachel Santos Moreira Redigolo.

A melhor forma de prevenção é ter uma alimentação equilibrada e rica em cálcio e vitamina D, assim como praticar atividade física de forma regular e sistemática e não fumar. Somente nos casos indicados pelo médico o paciente pode receber suplementação (cálcio e vitaminas).

Além dos ossos, as articulações também sofrem com o envelhecimento do corpo. Dois dos problemas mais comuns são artrite e artrose. A artrite é sintoma de um processo inflamatório que pode ocorrer em uma das 68 articulações. Ela se caracteriza por dor aguda, inchaço, vermelhidão, aumento do volume local e limitação da articulação. Manifesta-se, também, em algumas doenças reumatológicas, lúpus, artrite reumatóide, gota, anemia falciforme, entre outras. Já a artrose significa a existência de comprometimento das juntas por processo degenerativo.

O sintoma da artrose é a dor mais crônica, com maior tempo de duração, de início insidioso e que melhora muitas vezes somente com repouso e uso de analgésicos, diferente da artrite que, por ser um processo inflamatório agudo, necessita de medicação anti-inflamatória. Também para essas doenças controlar o peso e praticar atividade física adequada são fatores de prevenção.

Qualidade de vida

Levantamento realizado pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP) indica que os idosos estão vivendo mais, contudo isso não tem sido acompanhado de melhoria das condições de vida, porque convivem por mais tempo com doenças crônicas típicas de sua faixa etária. Em parte, tal fator ocorre pela falta de prevenção ou por não seguir o tratamento de forma correta. Caso fossem desenvolvidas políticas públicas preventivas voltadas à população idosa, a situação poderia ser revertida, dizem os especialistas, e o aumento da longevidade poderia vir acompanhado de qualidade de vida. “Cerca de 60% da população idosa apresenta de três a quatro doenças crônicas, podendo chegar a números mais elevados. Todavia, a presença de doença crônica não define por si a saúde ou não do idoso, uma vez que a maioria deles não apresenta limitações funcionais que impeçam seu autocuidado”, pondera a responsável pelo marketing da AxisMed, Rachel Santos Moreira Redigolo. O farmacêutico tem papel importante nesse caso. “Ele é o profissional que pode acompanhar o uso de medicamentos com segurança, além de poder detectar e evitar problemas relacionados aos medicamentos, observar se há falta de aderência ao tratamento, captar o aparecimento de sintomas novos ou mesmo avaliar o modo ou a via de administração, posologia entre tantos outros aspectos benéficos que a relação farmacêutico/usuário de medicamento poderá desencadear”, afirma a farmacêutica responsável pela Farmácia-Escola da Universidade de São Paulo (FCF-USP) e professora titular do curso de Farmácia da Universidade de Guarulhos (UnG), Maria Aparecida Nicoletti.

“Culturalmente, a população sente a necessidade de utilizar medicamentos para todos os tipos de doenças, um conceito conhecido como medicalização da sociedade”, destaca a diretora técnica de Saúde do Núcleo de Assistência Farmacêutica do Instituto Paulista de Geriatria e Gerontologia, Maristela Ferreira Catão Carvalho. Nos idosos, há alta prevalência de uso de medicamentos. Em estudo realizado em São Paulo, constatou-se que 92% dos idosos utilizam medicamentos. Desses, 36% apresentam polifarmácia (uso de cinco ou mais medicamentos). “A polifarmácia é vista como um problema de saúde pública, pois pode ocasionar agravos à saúde, uma vez que aumenta a chance da ocorrência de diversos problemas, como reações adversas, não adesão ao tratamento e interação medicamentosa”, diz. “Os laboratórios estão preparados para atender às mais diversas moléstias que acometem os idosos, com drogas novas e aprimoramentos, e o governo tem programa de distribuição gratuita de medicamentos. No entanto, é preciso sensibilizar as autoridades sobre a necessidade da prevenção como estratégia para que o envelhecimento da população brasileira ocorra com qualidade de vida”, adiciona o geriatra do Hospital das Clínicas de São Paulo, Dr. Wilson Jacob Filho. “Há valorização excessiva da doença em detrimento dos cuidados com a saúde. Isso explica porque aumentou o número de cirurgias bariátricas em vez de se enfrentar as causas da obesidade. É melhor não adoecer do que tratar uma enfermidade. Esse é o nosso maior desafio”, finaliza.

Incontinência urinária

Neste caso, existem dois componentes do problema. A incontinência em si e as infecções resultantes. Incontinência urinária é a perda involuntária de urina. Sua gravidade varia entre a pessoa que não consegue segurar a urina ao fazer esforços, como tossir ou espirrar, e a vontade súbita e forte de urinar que não dá tempo de chegar a um banheiro. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a doença atinge 10 milhões de brasileiros de todas as idades, sendo duas vezes mais comum no sexo feminino e nos idosos.

O problema da incontinência é mais comum do que as pessoas conhecem e entendem, como alerta o diretor de marketing da SCA Brasil, Agustín Londoño. “É preciso gerar consciência e hoje as mídias digitais nos ajudam neste processo, assim como o varejo é um canal bem importante também”.

Além disso, ela acarreta alto impacto econômico, social, psicológico e médico em quem a possui. Sob esse aspecto, destaca Rachel, a doença pode ser a causa da perda da autoestima, isolamento social, piora do status funcional, dependência de cuidadores, depressão e encaminhamento à instituição de longa permanência.

Segundo relata a gerente da marca Plenitud, da Kimberly-Clark, Carolina Gormezano, até seis anos atrás, o mercado era formado basicamente apenas por fraldas e absorventes pós-operatórios. A entrada de roupa íntima contribuiu muito com as pessoas que buscavam discrição e maneiras práticas de manusear o produto, ajudando-as a manterem-se ativas com dignidade.

O outro problema relacionado à incontinência envolve complicações resultantes, como a infecção urinária, que é o ardor ao urinar e vontade frequente de urinar. Deve-se consultar um médico sempre que surgir qualquer sintoma (como ardor) e tratar a infecção e sua causa.

Por esses motivos, Londoño, da SCA Brasil, afirma que a empresa entende que, dentro da categoria de incontinência, os melhores itens significam maior economia para as instituições e para as famílias, além de discrição e mais qualidade de vida. “Menos trocas de produto, menos vazamentos, menos problemas de pele, entre outros aspectos que afetam a economia em geral. Por isso, todas as nossas linhas passam por um rigoroso teste de qualidade para proporcionar ao consumidor maior segurança na compra e uso desses produtos”. 


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