Genéricos: investimentos ininterruptos

O mercado de genéricos fechou mais um ano com balanço positivo e ganha ainda mais importância durante a pandemia, garantindo qualidade à acessibilidade no preço

Existem 85 laboratórios comercializando genéricos no Brasil. São mais de 21.711 apresentações, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (PróGenéricos) revela que há cerca de 3.325 medicamentos genéricos com registros válidos no País e, hoje, eles cobrem 95% das patologias conhecidas.

Os resultados citados acontecem devido ao trabalho árduo de laboratórios, que têm o genérico como foco de sua atuação e dia a dia lutam para manter a qualidade dos produtos fabricados, seguindo todas as exigências de segurança estipuladas pelos órgãos reguladores.

A EMS, por exemplo, foi pioneira na produção e comercialização de medicamentos genéricos no Brasil, em 2000, e é a farmacêutica líder desse segmento desde 2013 (IQVIA 2019).

Conta com o maior portfólio da categoria do País – são cerca de 500 apresentações de genéricos, que atendem a 96% das classes terapêuticas e têm uma demanda mensal de 20 milhões de caixas circulantes em todo o Brasil.

O diretor adjunto de marketing da unidade de Negócios Genéricos da EMS, Carlos Nahum, diz que a empresa é líder de mercado há 14 anos consecutivos, mantém investimentos frequentes em modernização da infraestrutura fabril e em pesquisa de ponta para desenvolver produtos inovadores, eficazes e seguros.

“O crescimento de mercado é uma das grandes oportunidades na categoria de genéricos, que fechou mais um ano com bons números. Há, agora, um momento peculiar, marcado por uma pandemia, em que o acesso a medicamentos de qualidade e eficácia comprovadas com custo menor segue como essencial para que a população (incluindo diabéticos, hipertensos, entre outros grupos de risco para o Covid-19) possa se cuidar, manter-se saudável e continuar com tratamentos já em andamento.”

Já o portfólio da Sandoz conta com em torno de 125 produtos, em mais de 240 apresentações, abrangendo as principais indicações terapêuticas, como: anti-infecciosos, gastro, cardio, Sistema Nervoso Cental (SNC), saúde feminina e masculina.

A busca da empresa é justamente por promover e expandir o acesso a medicamentos de qualidade a preços acessíveis e, com esta missão, se consolida como a segunda maior fabricante do mundo em genéricos e desempenha um papel importante neste contexto, trazendo pioneirismo e expertise no segmento para o Brasil.
A empresa busca manter este avanço, investindo na ampliação do portfólio de genéricos e ampliando a capacidade produtiva. “Isso tudo nos prepara para atender às demandas do mercado e nos posiciona como empresa que tem genéricos em sua essência”, conta a diretora comercial e de marketing da Sandoz, Erica Sambrano.

A divisão de genéricos da Eurofarma trabalha continuamente para vencer um dos maiores desafios da indústria farmacêutica: ampliar o acesso da população a medicamentos de qualidade por preços mais baixos. E, por conta disso, vem avançando significativamente no market share do segmento, com 12,2% no ranking de corporações, fechando 2019 em terceiro lugar, segundo pontua o diretor da Unidade de Negócios Genéricos do laboratório, Donino Scherer Neto. Ele diz ainda que, em 2019, a Eurofarma lançou 12 produtos. “Este ano, já lançamos seis e pretendemos atingir o patamar de 12 genéricos.”

Lançamentos anunciados

Para os grandes laboratórios, como é o caso da EMS, lançamentos são uma forma de levar mais saúde para a população. Com esse objetivo, a empresa estuda constantemente o mercado, analisando dados para entender do que a população mais precisa. Esses dados são inseridos nas necessidades no contexto dos genéricos, levando, assim, a bandeira do acesso ainda mais longe.
Nesse contexto, em 2019, a EMS disponibilizou, na categoria de genéricos, medicamentos nas classes de contraceptivos, anti-inflamatórios e anti-hipertensivos. Foram mais de 24 milhões de pacientes que tiveram acesso à saúde com esses novos medicamentos.

Foram lançados, por exemplo: cloridrato de tansulosina (indicado para hiperplasia prostática benigna); gliclazida (para o tratamento do diabetes tipo 2); hemitartarato de zolpidem com 30 comprimidos (tratamento da insônia); cloridrato de metilfenidato com 60 comprimidos (tratamento do TDAH); cetoprofeno (medicamento anti-inflamatório, analgésico e antitérmico) de liberação prolongada e letrosol (tratamento do câncer de mama).

“Para 2020, estão previstos sete lançamentos. Já lançamos a desvenlafaxina e a mirtazapina, que pertencem ao grupo dos antidepressivos e, ainda, temos a previsão de disponibilizar ao mercado mais cinco moléculas nas áreas de hipertensão, osteoporose, gastrointestinal e Alzheimer”, revela Nahum.

Na Sandoz, o crescimento sustentável está atrelado à estratégia de levar acesso a medicamentos de qualidade à população. “Batizamos nosso padrão de qualidade de “Padrão Diamante”, que evidencia o que temos de mais precioso: a confiança de entregar um medicamento eficaz e seguro. Para sustentar o crescimento, buscando manter o avanço no País, a companhia investe na ampliação do portfólio de genéricos e na ampliação da capacidade produtiva”, afirma Erica.

De acordo com a executiva, a companhia está preparada para atender às demandas do mercado e há um esforço para liderar o lançamento de novas moléculas. Ela ressalta que a unidade fabril instalada no Paraná (PR) é a única fábrica de genéricos do Grupo Novartis na América do Sul, com 95% da produção destinada para o mercado nacional. Os 5% restantes são direcionados para países da América Latina e Europa.

Para 2020, haverá o lançamento de 13 produtos genéricos. “Já foram lançados o cloridrato de duloxetina, em março último – e novas apresentações – como o hemifumarato de quetiapina 25 mg com 60 comprimidos, lançado em janeiro último. Projetamos para 2020 um crescimento igual ao mercado, em torno de 10%.”

A União Química investe em cerca de dez a 15 lançamentos e relançamentos por ano. O ano de 2019 foi marcado por grandes avanços e conquistas nas áreas de pesquisa, desenvolvimento e inovação, resultado de estratégia consolidada e um portfólio consistente, traduzido em 18 lançamentos, que incluem outras unidades de negócios da companhia.

“O ano de 2019 foi muito bom para a União Química. Crescemos acima de dois dígitos. Nos últimos cinco anos, tivemos um crescimento médio de 21%. Dobramos o faturamento em três anos em algumas divisões. E neste ano, temos como meta crescer acima do mercado”, enaltece o VP em Saúde Humana do laboratório, Vagner Nogueira.

Oportunidades e desafios

O País e o mundo todo vivem um momento de incertezas em diversos aspectos, sendo que um deles é a economia. Embora o setor farmacêutico seja um dos menos atingidos, não há previsão do comportamento pós-pandemia.

Segundo a PróGenéricos, os próximos anos reservam vencimentos de patentes importantes de produtos para cardiologia, doenças do sistema nervoso e Parkinson, que em breve terão versões genéricas disponíveis à população. O envelhecimento da população brasileira é outro fator que se consolida como grande oportunidade para o segmento de genéricos no País.

“Como trabalhamos com uma categoria que é ainda mais necessária em momentos como este, esperamos um bom desempenho em 2020 e que possamos atender ainda mais a população onde quer que ela esteja. A EMS tem a expectativa de crescermos acima da média do mercado de genéricos, cuja previsão é de 12%”, conta Nahum.

O laboratório está sempre atento às necessidades de saúde da população, às oportunidades de mercado e às pesquisas sobre o que mais trará benefícios para a população e é assim que pauta sua estratégia.
Para Erica, executiva da Sandoz, há várias oportunidades e a companhia está atenta a elas. “Velocidade em desenvolvimento e lançamento de novos genéricos são um diferencial competitivo de bastante relevância. Isso porque centenas de moléculas que movimentam mais de um milhão de unidades ao ano ainda não têm venda de genéricos.”

O executivo da Eurofarma, Donino Neto, enfatiza que as oportunidades estão nos próximos vencimentos recentes de patentes importantes, que abrirão espaço para atender à demanda da população em diversos segmentos, como cardiologia, doenças do sistema nervoso e Parkinson.

“A atenção às necessidades do mercado e a liberação de patentes está no topo de nossa estratégia. A empresa investe na expansão e modernização da sua estrutura industrial. Além de Itapevi (SP), está construindo uma nova unidade na cidade de Montes Claros (MG) para produção de medicamentos em geral. O investimento gira em torno de R$ 375 milhões e a previsão de operação está planejada para aproximadamente dois anos”, revela.

Na União Química, os esforços estão direcionados para medicamentos destinados ao SNC. “Na unidade de negócios farma, na qual atuamos em vários mercados, como antibióticos, analgésicos, anticonvulsivantes, anti-hipertensivos, anti-inflamatórios e SNC, enxergamos oportunidades especialmente em moléculas que ainda não possuem genéricos. Outro ponto importante é concentrar nossos esforços em categorias onde já temos boa capacidade de produção, assim atendendo à demanda dos consumidores”, comenta Nogueira.

Foto: Shutterstock