Mais independência e qualidade de vida

Métodos contraceptivos são múltiplos e podem atender a diversos perfis e necessidades, trazendo muitas outras funções que se somam a de impedir a gravidez indesejada

Quando a mulher ou seu parceiro sexual não apresentar patologias nem alterações clínicas, o casal estiver na idade fértil e a mulher se encontrar no período de fertilidade, se não houver a ação de um contraceptivo, as chances de gravidez são próximas a 100%, segundo afirma o ginecologista do Hospital Bandeirantes, Dr. Eliseu Tirado.

No entanto, ao longo dos anos, esses métodos desempenham, na vida da mulher, uma função muito maior, que vai além de impedir a gestação, como no caso dos anticoncepcionais. “Pode-se utilizar, por exemplo, um anticoncepcional hormonal para controle de dismenorreia ou de cistos ovarianos”, ressalta o ginecologista, obstetra, especialista em reprodução humana e diretor da Clínica Mãe, Dr. Alfonso Massaguer.

Além de evitar a gestação indesejada, o uso de contraceptivos também pode ser prescrito para regularizar o ciclo menstrual, tratar de sintomas perimenstruais, minimizar acnes, melhorar o humor e a sexualidade, entre outros. Já os métodos de barreira, conforme aponta a professora do Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Cristina Laguna Benetti Pinto, constituem um dos principais caminhos para prevenir as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). “O uso de preservativos também está indicado para diminuir o risco de doenças como aids, sífilis ou gonorreia, por exemplo”, justifica.

A melhor escolha

Os métodos contraceptivos devem ser selecionados de acordo com as queixas, o perfil, a segurança e as preferências das usuárias no período. Uma mulher com pressão alta tem contraindicação a alguns métodos ou que a que esquece de tomar comprimidos deve ser orientada a usar outros contraceptivos que não a pílula. Acompanhe, a seguir, as características dos principais deles:

1. Métodos de barreira − preservativos masculinos e femininos

Indicação: os preservativos masculinos e femininos são indicados tanto para reduzir o risco de DSTs, como também para evitar a gravidez. Por ficar dentro do canal vaginal, a camisinha feminina não pode ser usada ao mesmo tempo que a masculina.

Vantagens: a principal delas é a proteção contra DSTs, como gonorreia, sífilis, clamídia, aids e tricomoníase, cuja transmissão ocorre, principalmente, por meio do contato entre sêmen e o conteúdo vaginal. Outro benefício é que o uso pode ser interrompido a qualquer momento. O mesmo acontece com os preservativos femininos, que previnem aids, hepatites virais e outras DSTs. Assim como a opção masculina, eles também evitam uma gravidez não desejada. São feitos de poliuretano, um material mais fino que o látex do preservativo masculino. São, também, mais lubrificados.

Desvantagens: o grau de eficácia e o risco de uso, já que, em muitos casos, são utilizados de forma inadequada. Além disso, pode haver efeitos colaterais por conta de hipersensibilidade ao látex, substância que compõe a maioria dos métodos de barreira, provocando ardor, hiperemia e edema vulvovaginal.

Eficácia: com preservativos masculinos, ocorrem de três a 14 gestações/100 mulheres no primeiro ano de uso (primeiro número para uso 100% correto e consistente; o segundo número para o uso rotineiro do método).

Tendências: nos últimos anos, são vários os lançamentos em diversos segmentos. Dentre eles, os preservativos masculinos com efeito prolongado (para retardar a ejaculação), os que são ultrassensíveis (que proporcionam mais sensibilidade, por serem mais finos) e os que têm sabores (que exploram os aromas como morango, tutti-frutti, entre outros). Já para os preservativos femininos, além das versões em látex, há opções em poliuretano, material fino e macio que permite melhor transferência de calor, sem comprometer a sensibilidade.

2. Métodos hormonais − anticoncepcionais de uso oral, injetáveis, transdérmicos (adesivos) ou anel vaginal

Indicação: pode ser usado por mulheres de qualquer idade durante o menacme (período fértil), com necessidade de anticoncepção, se não houver contraindicação a um dos componentes (estrogênio ou progestagênio). A escolha depende de vários fatores, como idade, presença de sintomas físicos e/ou emocionais, doenças associadas e necessidades ou expectativas individuais.

Vantagens: a eficácia é alta e também melhora a acne e a cólica menstrual, reduz e controla a menstruação, diminui a Tensão Pré-Menstrual (TPM) , atenua o volume menstrual (importante em pacientes anêmicas), alivia a dor proveniente da dismenorreia e dos miomas uterinos, minimiza a incidência de gravidez ectópica, protege contra o câncer do endométrio e o do ovário (essa proteção dura 15 anos após a suspensão do uso) e ajuda a evitar não apenas os cistos ovarianos funcionais, mas também as doenças mamárias benignas, como cistos e tumores benignos.

Desvantagens: nas versões orais, a usuária precisa lembrar de tomar todos os dias e o medicamento pode sofrer a interferência de algumas medicações. Além disso, esses fármacos não protegem contra DSTs e não devem ser usados durante a amamentação, tampouco em mulheres com trombose, doenças arteriais, enxaqueca, diabetes, doença do pâncreas ou fígado, câncer, hipertensão arterial e insuficiência renal. 

Eficácia: 0,1 a 8 gestações/100 mulheres no primeiro ano de uso (primeiro número para uso 100% correto e consistente; e o segundo número para o uso rotineiro do método).

Inovações e tendências: hoje, os anticoncepcionais combinados podem ser administrados também pela via intramuscular (injetáveis), transdérmica (adesivos) ou vaginal (anel vaginal), evitando o fenômeno de primeira passagem hepática e permitindo menor interferência no metabolismo hepático e redução da dose dos hormônios.

3. Métodos contraceptivos de longo prazo – Dispositivo Intrauterino (DIU) de cobre ou com levonorgestrel

Indicação: pode ser usado por mulheres que necessitem de anticoncepção segura, porém mantendo a possibilidade de reversibilidade.

Vantagens: o DIU de cobre é um método de longa duração, muito eficaz e reversível. Pode ser usado na amamentação e independe de ação frequente da usuária. Ele também não apresenta os efeitos colaterais relacionados aos hormônios. Já o DIU hormonal, com levonorgestrel, reduz o volume e cólicas menstruais.

Desvantagens: entre os efeitos colaterais do DIU de cobre, estão a menorragia, dismenorreia e aumento do risco de Moléstia Inflamatória Pélvica Aguda (MIPA) em pacientes com DSTs. Já o DIU com levonorgestrel pode acarretar irregularidade menstrual, acne, cefaleia e sensibilidade mamária. Seja qual for o DIU, é importante frisar que esse método é contraindicado em casos de gestação, infecção genital, deformidades uterinas, sangramentos vaginais obscuros, câncer de colo ou endométrio e doença trofoblástica gestacional.

Eficácia: com o DIU de cobre é de 0,6 a 0,8 gestações/100 mulheres no primeiro ano de uso (primeiro número para uso 100% correto e consistente; o segundo número para o uso rotineiro do método).

4. Método natural – coito interrompido

Indicação: casais que não aceitam ou não querem outro método.

Vantagem: não tem custo.

Desvantagens: pouco eficaz e requer participação do cônjuge ou parceiro.

Eficácia: 1-9 a 20 de gestações/100 mulheres no primeiro ano de uso (primeiro número para uso 100% correto e consistente; o segundo número para o uso rotineiro do método).

5. Método definitivo – laqueadura

Indicação: indicado para quem tem prole completa.

Vantagens: é eficaz e permanente. 

Desvantagem: depende de um procedimento cirúrgico. 

Eficácia: 0,5 a 0,5 gestações/100 mulheres no primeiro ano de uso (primeiro número para uso 100% correto e consistente; o segundo número para o uso rotineiro do método).

6. Contracepção de emergência

Indicação: relação sexual sem método ou contra a vontade (estupro), erro ou esquecimento no uso de outro método (por exemplo, não reiniciou a pílula no dia correto e teve relação sexual).

Vantagem: reduz o risco de gestação indesejada.

Desvantagens: a anticoncepção de emergência não deve ser encarada como uma forma rotineira de contracepção. Além disso, a paciente pode ter algumas reações adversas, por exemplo, efeitos colaterais gastrointestinais frequentes, como náuseas e vômitos. Já o esquema de levonorgestrel está associado a menos efeitos colaterais.

Eficácia: existem duas formas de oferecer a anticoncepção de emergência. A primeira, conhecida como regime ou método de Yuzpe, que consiste na combinação de um estrogênio e um progestágeno sintético, administrados até cinco dias após a relação sexual desprotegida. A outra é o uso de levonorgestrel, ambos por via oral. Seja qual for a opção, a eficácia é de 75% se utilizado nas primeiras 72 horas após a relação desprotegida, caindo progressivamente até 120 horas.

Fontes: professora do Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Cristina Laguna Benetti Pinto; ginecologista, obstetra, especialista em reprodução humana e diretor da Clínica Mãe, Dr. Alfonso Massaguer; Portal da Saúde, do Ministério da Saúde; Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde; especialista em ginecologia e obstetrícia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e médico consultor da Libbs Farmacêutica, Dr. Achilles Cruz 

Mulher 2015

Especial Mulher 2015

Essa matéria faz parte do Especial Mulher 2015.

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