Metas para os fitoterápicos

Consolidar a imagem frente à população, inovar nas pesquisas e abrir o leque para novos tratamentos estão entre os objetivos do setorDados da consultoria Global Industry

Analysts indicam que o mercado de produtos que utilizam plantas como matéria-prima, sejam medicamentos, alimentos ou cosméticos, deve atingir US$ 93 bilhões até o fim deste ano em todo o mundo. Do total de US$ 320 bilhões movimentados pelo mercado farmacêutico global, cerca de US$ 20 bilhões correspondem ao movimento do setor de fitoterápicos.

No Brasil, a ascensão desse mercado é evidente. Em 2014, as vendas de medicamentos fitoterápicos cresceu 6,1%, evoluindo de R$ 1,35 bilhão para R$ 1,44 bilhão. Já em unidades vendidas, o crescimento saltou de 49,6 milhões para 52,3 milhões, uma alta de 5,4%.

Reconhecidos em todo o mundo como elementos importantes na prevenção, promoção e recuperação da saúde, os fitoterápicos ganham terreno em faixas da população brasileira. Segundo estudo realizado em 2013 pelo Instituto Simone Terra, o público que consome fitoterápicos atualmente é composto principalmente por mulheres acima de 35 anos que trabalham fora. Um público qualificado e que influencia os demais componentes da família.

Estudos da Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde (Abifisa) indicam, contudo, que para incentivar o consumo de produtos fitoterápicos a um número maior ainda de pessoas, é necessário transmitir mais informações ao público sobre o benefício e a segurança na utilização do produto. Isso inclui o desenvolvimento de medicamentos para moléstias mais complexas, que deve constar nos projetos de desenvolvimento de longo prazo, dizem os especialistas do setor.
“Primeiro é necessário desmistificar o uso de fitoterápicos pela maior parte da população, além de promover uma ampla campanha junto aos médicos prescritores, tanto nos consultórios quanto nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs)”, revela a Abifisa.

Avanço proporcional

Com o salto da pesquisa e do desenvolvimento voltados a essa classe de medicamentos, surgiram, nos últimos anos, produtos eficazes e seguros, possibilitando aos médicos e usuários a opção terapêutica de tratar e prevenir várias doenças com menos agravos à saúde que medicamentos sintéticos similares.

Entre os benefícios dos fitoterápicos, podem-se destacar também indicação anti-inflamatória, expectorante, cicatrizante, analgésica, ansiolítica, no tratamento da fragilidade capilar, da insuficiência venosa, de distúrbios do sono, de estados depressivos leves a moderados e como coadjuvantes no tratamento da hiperlipidemia, da hipertensão arterial leve, de úlceras gástricas e duodenais, entre outras.

Enquanto medicamentos sintéticos atuam normalmente com um único ativo, a ação terapêutica do fitoterápico está ligada a um conjunto de ativos chamados de fitocomplexo. Por ser produzidos exclusivamente com matéria-prima ativa vegetal, agem no organismo como alopáticos, sendo que todas as substâncias presentes na planta medicinal utilizada na sua preparação atuam em conjunto em um órgão ou sistema do organismo.

A principal diferença com os sintéticos é que nestes existe uma agregação de elementos químicos para isolar a molécula principal, enquanto os fitoterápicos utilizam o fitocomplexo, ou seja, todos os componentes do extrato seco padronizado ou da tintura interagem para a obtenção do efeito terapêutico desejado.

Princípios ativos mais utilizados no Brasil
•    Valeriana (Valeriana officinalis) – indicada para insônia crônica e como calmante.
•    Guaco (Mikania glomerata) – funciona como broncodilatador e expectorante, sendo utilizado no combate a doenças respiratórias, dor de garganta e bronquite.
•    Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) – auxilia no tratamento de gastrite e úlcera duodenal e em sintomas de dispepsias.
•    Gingko (Gingko biloba) – reduz tonturas, melhora a memória, alivia as dores nas pernas e nos braços e elimina o zumbido no ouvido.
•    Castanha-da-índia (Aesculus hippocastanum) – usada contra problemas de circulação sanguínea, varizes, hemorroidas e como anti-inflamatório.

“Os fitoterápicos podem ser equivalentes com espectros de ação mais adequados e com indicações terapêuticas complementares às medicações convencionais já existentes, além de ser mais baratos”, revela a coordenadora de pesquisa da Amazônia Fitomedicamentos, Denise Mollica Marotta, destacando que eles também são indicados para cólicas, dores musculares, tosse, gripe e resfriado, bronquite e outras doenças inflamatórias, cansaço, fadiga. “Além disso, os fitoterápicos podem ser usados para melhorar a qualidade de vida de pacientes acometidos por doenças mais graves, até mesmo para aliviar os efeitos colaterais que um tratamento anticancerígeno causa nos pacientes”, afirma Denise.

 

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Essa matéria faz parte do Especial Fito 2015.

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