Ganho de novas classes terapêuticas, investimentos no ponto de venda e busca do consumidor por alternativas simples e de qualidade para o tratamento de males menores traz força ao mercado de Medicamentos Isentos de Prescrição
Mais de 31% do mercado farmacêutico total. Essa é a representatividade que os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) abocanham, hoje, no setor, e que ainda tem muito potencial para crescer.
Segundo dados do QuintilesIMS, de abril de 2016 a março de 2017, o mercado de MIPs movimentou quase R$ 18 milhões, alta de 5,80% em relação ao mesmo período do ano anterior e de 40,39% na comparação com o intervalo entre abril de 2012 e março de 2013. No acumulado de março deste ano, já foram mais de um bilhão de unidades comercializadas.
Para a vice-presidente executiva da Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), Marli Sileci, o principal motivo desse crescimento constante é um incremento nos investimentos em comunicação e no varejo.
“Nos últimos anos, os MIPs aumentaram os aportes em mídia em 41%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) Monitor, para que os consumidores possam ser mais bem informados sobre os medicamentos disponíveis e sobre seus benefícios”, diz, acrescentando que também é importante destacar as oportunidades de crescimento no ambiente do comércio digital e os lançamentos dessa indústria.
Segundo explica Marli, isso diz respeito à educação. “A comunicação também está relacionada à orientação sobre o uso consciente dos MIPs para o empoderamento do consumidor, oferecendo-lhe plenas condições de tomar decisões conscientes sobre sua saúde”, comenta.
O gerente de marketing do Grupo Cimed, Marcelo Pontello, considera, ainda, que o momento atual do País, com alta taxa de desemprego, foi outro fator responsável pelo ganho de força a este mercado. “O consumidor brasileiro, independentemente da renda, quando lida com problemas de saúde considerados ‘simples’, opta pelos MIPs”, analisa.
Categorias em alta
Algumas classes de medicamentos ganham destaque em potencial de crescimento. Entre elas, os multivitamínicos, segundo afirma a diretora de marketing da Pfizer Consumer Healthcare, Cristina Viana da Fonseca.
Ela comenta que as pessoas têm se conscientizado de que não consomem a quantidade necessária de frutas e verduras todos os dias, principalmente devido à correria da vida moderna e a um aumento no consumo de produtos industrializados.
A pesquisa Barreiras para uma Vida Saudável, realizada on-line em março último, pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) Conecta em parceria com Centrum Vitamints, aponta que mais de 80% dos brasileiros não conseguem manter uma alimentação regrada em meio à rotina corrida.
Outro destaque são os analgésicos, já que o Brasil é um dos maiores mercados do mundo para esta categoria. “Mais de 90% dos brasileiros fazem uso. Essa é a maior categoria de MIP e um mercado ainda em constante crescimento”, complementa a especialista da Pfizer.
Aliás, o ranking do QuintilesIMS aponta que, seja em unidades ou volume, os analgésicos constituem a classe de medicamentos mais vendida e que mais fatura no setor, seguida pelos “produtos para tosse, resfriados e outros itens para vias respiratórias” e “digestivos e gastrointestinais”.
Evolução dos mips
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Futuro promissor
A principal oportunidade para que os MIPs cresçam ainda mais no mercado brasileiro está na publicação da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) 98/2016 e Instrução Normativa 11, que dispõe sobre a lista de MIPs.
A relação inclui anti-inflamatórios, analgésicos, anti-histamínicos, expectorantes, entre outros. “Essa mudança tornará vários produtos que, hoje, apesar da segurança e histórico de uso, são tarjados”, comenta o farmacêutico do setor de lançamentos do Teuto, Thiago Lobo Matos.
Marli, da Abimip, também considera o reenquadramento de substâncias que podem ser adquiridas sem necessidade de prescrição médica como uma grande oportunidade ao setor.
“Hoje, existem cerca de 30 casos aptos à chamada Lei do Switch e alguns laboratórios já solicitaram essa alteração. Estima-se que, com a liberação dessas substâncias, a representatividade dos MIPs no mercado total de medicamentos irá saltar de 30% para até 40% nos próximos anos, o que pode incrementar, sem dúvidas, os investimentos desse segmento”, projeta.
Novas listas
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou a Instrução Normativa 11, de 29 de setembro de 2016, que contempla a lista completa de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs). Acompanhe:
Grupos terapêuticos |
Indicações |
Antiacneicos e tópicos adstringentes |
Acne, acne vulgar, rosácea e espinhas |
Antiácidos, antieméticos, acidez estomacal, azia, desconforto eupépticos, enzimas digestivas |
Acidez estomacal, dor de estômago, dispepsia, enjoo, náusea, vômito, epigastralgia, má digestão, queimação, pirose, esofagite péptica, distensão abdominal, cinetose e hérnia de hiato |
Antibacterianos tópicos |
Infecções bacterianas da pele |
Antidiarreicos |
Diarreia e disenteria |
Antiespasmódicos |
Cólica, cólica menstrual, dismenorreia, desconforto pré-menstrual e cólica biliar/renal/intestinal |
Anti-histamínicos e antisseborreicos |
Alergia, coceira, prurido, coriza, rinite alérgica, urticária, picada de inseto, ardência, ardor, conjuntivite alérgica, prurido senil, prurido nasal, prurido ocular alérgico, febre do feno, dermatite atópica, eczemas, caspa, dermatite seborreica, seborreia e oleosidade |
Antissépticos orais, antissépticos bucofaríngeos |
Aftas, dor de garganta e profilaxia das cáries |
Antissépticos oculares |
Antissépticos oculares |
Antissépticos nasais, fluidificantes nasais, umectantes nasais |
Antissépticos nasais, fluidificantes nasais e umectantes nasais
|
Antissépticos da pele e mucosas |
Assaduras, dermatite de fraldas, dermatite de contato, dermatite amoniacal, intertrigo mamário/perianal/interdigital/axilar e odores dos pés e axilas |
Antissépticos urinários |
Disúria e dor/ardor/desconforto para urinar |
Antissépticos vaginais tópicos |
Higiene íntima e desodorizante |
Aminoácidos, vitaminas e minerais |
Suplemento vitamínico e/ou mineral pós-cirúrgico/cicatrizante, suplemento vitamínico e/ou mineral como auxiliar nas anemias carenciais, suplemento vitamínico e/ou mineral em dietas restritivas e inadequadas, suplemento vitamínico e/ou mineral em doenças crônicas/convalescença, suplemento vitamínico e/ou mineral em idosos, suplemento vitamínico e/ou mineral em períodos de crescimento acelerado, suplemento vitamínico e/ou mineral na gestação e aleitamento, suplemento vitamí nico e/ou mineral para recém-nascidos, lactentes e crianças em fase de crescimento, suplemento vitamínico e/ou mineral para prevenção do raquitismo, suplemento vitamínico e/ou mineral para a prevenção/tratamento auxiliar na desmineralização óssea pré e pós-menopausal, suplemento vitamínico e minerais antioxidantes, suplemento vitamínico e/ou mineral para prevenção de cegueira noturna/xeroftalmia e suplemento vitamínico como auxiliar do sistema imunológico |
Anti-inflamatórios |
Lombalgia, mialgia, torcicolo, dor articular, artralgia, Inflamação da garganta, dor muscular, dor na perna, dor varicosa, contusão, hematomas, entorses, tendinites, cotovelo de tenista, lumbago, dor pós-traumática, dor ciática, bursite, distensões, flebites superficiais, inflamações varicosas, quadros dolorosos da coluna vertebral e lesões leves oriundas da prática esportiva |
Antiflebites |
Dor nas pernas, dor varicosa, sintomas de varizes, dores das pernas relacionadas a varizes e dores após escleroterapia venosa |
Antifiséticos, antiflatulentos, carminativos |
Eructação, flatulência, empachamento, estufamento, aerofagia pós-operatória, gases, meteorismo |
Antifúngicos, antimicóticos |
Micoses de pele, frieira, micoses de unha, pano branco, infecções fúngicas das unhas, onicomicoses, dermatomicoses, pitiríase versicolor, tínea das mãos, tínea dos pés, pé de atleta, tínea do corpo, micose de praia, tínea da virilha, candidíase cutânea, monilíase cutânea, dermatite seborreica, dermatomicoses superficiais, vulvovaginites, dermatiteperianal, balanopostite, candidíase vaginal e candidíase oral |
Anti-hemorroidários |
Verminoses |
Antiparasitários tópicos, escabicidas e ectoparasiticidas
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Piolhos, sarna, escabiose, carrapatos, pediculose e lêndea |
Antitabágicos |
Alívio dos sintomas decorrente do abandono do hábito de fumar e alívio dos sintomas da síndrome de abstinência |
Analgésicos, antitérmicos, antipiréticos |
Dor, dor de dente, dor de cabeça, dor abdominal e pélvica, enxaqueca, sintomas da gripe, sintomas dos resfriados, febre, cefaleia, dores reumáticas, nevralgias, lombalgia, mialgia, torcicolo, dor articular, artralgia, inflamação da garganta, dor muscular, contusão, hematomas, entorses, tendinites, cotovelo de tenista, lumbago, dor pós-traumática, dor ciática, bursite e distensões |
Ceratolíticos |
Descamação, esfoliação da pele, calos, verrugas, verruga plantar e verruga vulgar |
Cicatrizantes |
Feridas, escaras, fissuras de pele e mucosas e rachaduras |
Colagogos e coleréticos |
Distúrbios digestivos e distúrbios hepáticos |
Descongestionantes nasais tópicos |
Congestão nasal, obstrução nasal, nariz entupido |
Descongestionantes nasais sistêmicos |
Congestão nasal, obstrução nasal, nariz entupido |
Emolientes e lubrificantes cutâneos e de mucosas |
Hidratante, dermatoses hiperqueratóticas, dermatoses secas, pele seca e áspera, ictiose vulgar, hiperqueratose palmar e plantar, ressecamento da pele, substituto artificial da saliva, saliva artificial para tratamento da xerostomia |
Emolientes, lubrificantes e adstringentes oculares |
Secura nos olhos, falta de lacrimejamento e irritação ocular |
Expectorantes, balsâmicos, mucolíticos. Sedativos da tosse |
Tosse, tosse seca, tosse produtiva, tosse irritativa, tosse com catarro e mucofluidificante |
Laxantes e catárticos
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Prisão de ventre, obstipação intestinal, constipação intestinal e intestino preso |
Faturamento dos MIPs (em valor)
Abr. 15 a Mar. 16 |
Abr. 16 a Mar. 17 |
|
Valores R$ |
16.954.687.700 |
17.939.074.834 |
Cresc. % |
8,43% |
5,81% |
Fonte: QuintilesIMS
Representatividade dos MIPs (em volume e valor)
dentro do faturamento total da classe de medicamentos
Em unidades |
Abr. 16 a Mar. 17 |
MIP |
31,58% |
RX* |
68,42% |
Em valores |
Abr. 16 a Mar. 17 |
MIP |
23,71% |
RX* |
76,29% |
Ranking com as dez classes de MIPs mais vendidas em volume (unidades)
Ranking |
Classe |
1° |
Analgésicos |
2° |
Produtos para tosse, resfriados e outros produtos para vias respiratórias |
3° |
Digestivos e outros produtos gastrointestinais |
4° |
Tratamento da pele |
5° |
Vitaminas, minerais e suplementos nutricionais |
6° |
Oftalmológicos |
7° |
Tônicos, outros estimulantes |
8° |
Produtos para o sistema circulatório |
9° |
Calmantes e produtos para melhoramento de humor |
10° |
Cuidados urinários e dos órgãos reprodutores |
Concentração dos negóciosA Região Sudeste foi a que concentrou o maior volume de negócios (49%), seguida pelo Nordeste (21%), Sul (16%), Centro-Oeste (9%) e Norte (5%). Fonte: QuintilesIMS, Mercado Over The Counter (OTC), MAT* Dez/16 *MAT – Moving Annual Total (Movimento Anual Total). |