Sexo forte

Cólica menstrual, sintomas da menopausa ou endometriose são alguns problemas característicos do universo feminino. No entanto, graças ao avanço da medicina, a qualidade de vida da mulher pode ser preservada e elas querem, cada dia mais, longevidade

Ser mãe, profissional, esposa, estudante e responsável pelo lar são algumas das tarefas que as mulheres acumulam ao longo da vida. Portanto, elas precisam ter a saúde garantida para desempenhar, com maestria, tantas funções. 

Acompanhe, a seguir, os principais problemas que podem colocar a saúde da mulher em risco ao longo da vida e conheça informações que podem ser úteis para esclarecer dúvidas no ponto de venda.

Cólica menstrual

A dismenorreia, conhecida popularmente como cólica menstrual, é uma das reclamações mais comuns entre as mulheres. “A maioria delas começa a ter esse problema durante a adolescência”, constata a ginecologista e coordenadora da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho, Dra. Bárbara Murayama. Ela explica que a cólica menstrual se dá porque as prostaglandinas (substâncias químicas que são formadas no revestimento do útero durante a menstruação) geram contrações musculares no órgão, provocando dor e diminuindo o fluxo de sangue e oxigênio para o útero. A dor da dismenorreia é, geralmente, localizada na parte inferior do abdômen, conhecida como “pé da barriga”. “Algumas mulheres também sentem dor nas costas ou coxas. A dor geralmente se inicia um pouco antes ou quando há o sangramento menstrual e diminui de maneira gradual ao longo de um a três dias. Ela também pode variar de intensidade: de leve a incapacitante”, explica a Dra. Bárbara, acrescentando que náuseas, diarreia, tonturas, fadiga, dor de cabeça e uma sensação semelhante à da gripe, como cansaço e mal-estar, também podem acompanhar as cólicas menstruais. De acordo com a especialista do Hospital 9 de Julho, os tratamentos para esse problema podem variar, dependendo das causas, passando por medicações anti-inflamatórias não-esteroides (classe de fármacos muito eficazes na redução da dor associada com dismenorreia); pílulas anticoncepcionais; tratamentos não farmacológicos (com aplicação de calor no local da dor); tratamentos dietéticos; ingestão de vitaminas e ervas (várias terapias nutricionais têm sido estudadas para o alívio da dismenorreia);  exercício (em alguns estudos, a atividade física parece reduzir os sintomas menstruais, incluindo a dor); e medicina alternativa (há algumas evidências de que as práticas da medicina complementar, como ioga ou acupuntura, são eficazes na redução dos períodos dolorosos). “Se a investigação diagnosticar uma causa específica, como endometriose ou adenomiose, é preciso tratá-la para melhora dos sintomas. Seja qual for o tratamento, o médico precisa ser procurado”, avisa.

Tensão Pré-Menstrual (TPM) 

A Síndrome Pré-Menstrual (SPM), também conhecida por TPM, refere-se a um grupo de sintomas físicos e comportamentais que ocorrem durante a segunda metade do ciclo menstrual. “É geralmente uma condição crônica e pode ter um sério impacto sobre a qualidade de vida de uma mulher. Felizmente, uma variedade de tratamentos e medidas de autocuidado pode efetivamente controlar os sintomas”, afirma a Dra. Bárbara. Entre os principais sintomas da TPM, segundo destaca a médica, estão raiva, irritabilidade e tensão, que são graves o suficiente para interferir nas atividades diárias. Fadiga, inchaço e ansiedade são comuns e podem ser somados à tristeza, desesperança ou sentimentos de inutilidade; além de humores variáveis ​​com choro frequente; diminuição do interesse em atividades usuais; dificuldade de concentração; alterações no apetite; sono excessivo ou dificuldade em dormir; sentimentos de se sentir oprimido ou fora de controle; dores de cabeça, de articulação ou nos músculos; e ganho de peso. A ginecologista  afirma que os tratamentos conservadores para a TPM podem envolver exercício físico regular e técnicas de relaxamento. No entanto, se essas terapias não trouxerem alívio suficiente, outras alternativas podem ser utilizadas com auxílio de um profissional. Entre elas, a médica indica o uso de vitaminas e suplementos minerais (a vitamina B6 pode propiciar um pequeno benefício para as mulheres com TPM suaves), de inibidores seletivos da recaptação da serotonina (tratamentos altamente eficazes para os sintomas da TPM) ou de anticoncepcionais. 

Osteoporose

Trata-se de uma doença que causa enfraquecimento progressivo dos ossos, aumentando o risco de fraturas. “Na maioria dos casos, é uma condição relacionada ao envelhecimento”, pondera o ortopedista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Dr. Marco Aurélio Neves. Ele lembra que, para essa doença, existem alguns fatores de risco, como pessoas magras, baixas e de pele clara; descendentes de asiáticos (orientais); baixa exposição à luz solar; histórico familiar da doença; sedentarismo, tabagismo, consumo de álcool e alimentação deficiente de vitamina D; uso de medicações, como corticoides; e imobilizações por tempo prolongado. O mais alarmante é que o enfraquecimento dos ossos ocorre de forma lenta e silenciosa. “Ao contrário do que se pensa, a osteoporose raramente causa dor. Em boa parte dos casos, ela é diagnosticada depois que ocorre uma fratura por fragilidade óssea”, adverte.

O especialista do São Camilo afirma que alguns medicamentos podem ajudar o organismo e reter ou absorver cálcio. Outros ajudam na fixação do cálcio nos ossos. “Há várias classes de medicamentos que são usados, conforme o quadro de cada paciente, como hormônios e moduladores de receptores hormonais; bisfosfonados (alendronato é o mais comum); e calcitonina. No entanto, apesar do tratamento, vale frisar que a doença não tem cura, apenas prevenção. “Uma vez diagnosticada, o controle não apenas impede que o quadro progrida rapidamente, mas também evita fraturas”, esclarece o ortopedista.

Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs)

Adquiridas por meio de relações sexuais sem o uso de preservativos, as DSTs envolvem clamídia, gonorreia, micoplasma, HPV, herpes genital, treponema pallidum, haemophilus ducreyi e klebsiella granulomatis. A enfermidade pode ser tanto sintomática (com corrimentos ou dor na relação), quanto assintomática. Algumas DSTs podem apresentar riscos severos aos pacientes. “A clamídia pode causar uma doença inflamatória pélvica e até a infertilidade. A sífilis, cuja origem é pelo treponema pallidum, se não tratada, pode trazer alterações até em sistemas nervoso, cardiovascular, ocular e ósseo e, se não diagnosticada no pré-natal, pode culminar em malformações ao feto”, alerta a médica a ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana, Dra. Carla Kikuchi. O tratamento das DSTs, de forma geral, variam de acordo com o agente (bacteriano ou viral). “Cada agente pede um tratamento específico. Podem ser necessários, por exemplo, cremes vaginais ou cauterização de verrugas”, destaca, salientando que algumas delas têm cura, como a sífilis, mas outras têm apenas controle, como o HPV. “A principal forma de prevenção é o uso de preservativos do início ao fim do ato sexual”, finaliza a Dra. Carla.

Câncer de mama

Cerca de 90% dos casos de câncer de mama ocorrem de forma esporádica, ou seja, não são associados a fatores hereditários. “A causa exata não é conhecida, pois é uma doença de origem multifatorial. Porém, alguns fatores de risco são bem estabelecidos, como envelhecimento, menarca precoce, menopausa tardia, nuliparidade (não ter filhos), não amamentar, além de fatores associados ao sedentarismo e sobrepeso”, enumera a oncologista do Hospital Santa Paula, Dra. Anezka Ferrari. Ela explica que, nos estágios iniciais, as mulheres podem ser totalmente assintomáticas, com nódulos em mamas a princípio não palpáveis, detectados somente na mamografia e outros exames de imagem. “Com a evolução da doença, esse nódulo pode se tornar palpável, se transformar em uma massa e ocorrer o aparecimento de nódulos nas axilas. Em doenças avançadas, pode haver sintomas associados a metástases, como dores nos ossos, emagrecimento, falta de ar e icterícia”, conta a Dra. Anezka. Felizmente, os quimioterápicos têm evoluído nas duas últimas décadas, com surgimento de drogas mais eficazes e com menos efeitos colaterais. A especialista do Hospital Santa Paula lembra, ainda, que existem terapias com alvo molecular que apresentam impacto significativo na sobrevida de alguns tipos de câncer de mama. O alerta fica para a importância do diagnóstico precoce. “Em estágios que ainda não existam metástases, pode-se realizar tratamentos potencialmente curativos”, lembra a oncologista. Assim, indica-se a realização de mamografia anual, além de visitas de rotina ao ginecologista para mulheres a partir dos 40 anos de idade.

Incontinência urinária

Trata-se da perda involuntária da urina pela uretra, que afeta pessoas de ambos os sexos em diferentes faixas etárias. A doença aumenta, progressivamente, com a idade, e um em cada três indivíduos idosos apresenta algum problema com o controle da bexiga. As mulheres, contudo, têm três vezes mais chances de sofrer incontinência. “A maior predisposição das mulheres ao problema pode estar relacionada à maior fragilidade do assoalho pélvico feminino, às gestações e partos e às alterações hormonais decorrentes da menopausa”, afirma a enfermeira consultora da SCA do Brasil, Maria Alice Lelis. Segundo explica a diretora de cuidados adultos da Kimberly-Clark Brasil, Samia Chehab, os primeiros sintomas estão relacionados com a perda involuntária de urina, normalmente percebida em um momento de esforço. “As mulheres relatam que perceberam, pela primeira vez, que tinham incontinência ao espirrar, tossir ou rir. Muitas mencionam, ainda, a perda de urina ao carregar algum objeto pesado ou durante a prática de exercícios físicos”, conta. A incontinência tem, além do fator físico, consequências emocionais, psicológicas e sociais. “Com receio de passarem por um ‘acidente’ e, assim, terem sua condição revelada para outras pessoas, elas se tornam mais reclusas”, resume.

Obesidade

Segundo definição da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal no indivíduo. A entidade explica que, para o diagnóstico em adultos, o parâmetro utilizado mais comumente é o do Índice de Massa Corporal (IMC), que precisa estar acima de 30 para que se possa considerar a obesidade. A endocrinologista do Hospital do Coração (HCor), Dra. Laura Frontana, afirma que são diversos os fatores que podem levar a essa doença. “Falta de tempo para ter uma boa alimentação ou praticar atividades físicas são alguns dos motivos”, afirma. Além disso, a própria fisiologia da mulher facilita esse processo. Sabe-se, por exemplo, que a ação do estrogênio reduz a habilidade de queimar energia após a alimentação. A gravidez também pode levar ao aumento de peso. “De modo geral, quanto mais a mulher tem filhos, mais chances têm de ganhar peso”, comenta. O maior problema da obesidade é que essa doença vai muito além de ser uma questão simplesmente estética. “Tanto em homens quanto em mulheres, a obesidade pode levar à hipertensão, doença vascular arterial, cânceres, maior incidência de diabetes, síndrome de ovário policístico, apneia do sono e doenças articulares, por exemplo”, enumera a Dra. Laura. Em relação aos tratamentos medicamentosos para emagrecimento, no Brasil, as substâncias mais usadas continuam sendo a sibutramina e o orlistate. “Esses medicamentos são indicados para pessoas que tenham complicações com a obesidade ou sobrepeso. Quando o uso é feito com indicação médica, eles são bastante seguros”, analisa a médica.

Hipertensão

É uma doença crônica caracterizada por aumento da resistência dos vasos frente à contração do coração, tornando a pressão maior dentro das artérias. Segundo o coordenador do Centro de Hipertensão do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Luiz Bortolotto, são vários os fatores que contribuem para o aparecimento da doença. “O principal é o genético, com alterações dos sistemas que normalmente controlam a pressão diária das pessoas. Os outros fatores são ambientais: excesso do consumo de sal, obesidade, estresse, sedentarismo, excesso da ingestão de álcool. O envelhecimento também é causa de pressão alta”, esclarece. A maioria dos pacientes hipertensos não relatam sintomas, mas alguns podem ter sinais da doença. “Cefaleia (dor de cabeça), tonturas, sangramento nasal, falta de ar, dor no peito ou palpitações são alguns dos sintomas que podem ocorrer. Muitos dos problemas podem aparecer quando já existem alterações de órgãos nobres como o coração, cérebro ou rins”, adverte o médico, relatando que, hoje, há um grande arsenal terapêutico para tratar e controlar a pressão. “Os mais eficazes são os diuréticos, betabloqueadores, antagonistas de canais de cálcio, inibidores da enzima conversora da angiotensina II e os bloqueadores de receptores da angiotensina II”, enumera. A doença, quando não tratada, pode trazer consequências desastrosas para a saúde do paciente. O Dr. Bortolotto aponta que algumas delas podem ser insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência renal e deficit da função cognitiva. “Também aumentam-se muito as chances de ocorrer infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral”, acrescenta.

Diabetes

Trata-se de uma doença crônica caracterizada pelo aumento do açúcar (glicose) no sangue, causada pela falência na produção de insulina pelo pâncreas e/ou pela dificuldade de funcionamento da insulina. A endocrinologista do Centro de Obesidade e Diabetes (COD), do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dra. Claudia Ochiai, explica que os sintomas dependem de cada caso. “A maioria das pessoas com diabetes tipo 2 são assintomáticas, mas, assim como no diabetes tipo 1, elas podem apresentar os sintomas clássicos, como aumento do volume urinário, aumento da sede e perda inexplicável de peso”, adverte.

Sobre o tratamento, ele vai depender do tipo do diabetes. No caso do diabetes tipo 1, segundo explica a Dra. Claudia, ele se dá por meio de insulina, tanto de ação prolongada, quanto de ação rápida, aplicada antes das principais refeições. Já no diabetes tipo 2, o tratamento pode agir sob diversas frentes. “Nesses casos, existem várias medicações que auxiliam no controle da glicemia e que atuam em diversos pontos: no funcionamento da insulina produzida no organismo, na estimulação do pâncreas para secretar esse hormônio e na eliminação de açúcar pela urina. Em casos mais graves e avançados da doença, o uso de insulina pode ser indicado”, relata a médica. A endocrinologista do Oswaldo Cruz lembra que, quando o diabetes não é devidamente tratado, pode levar a uma série de complicações. Entre elas, a aumento do risco de doença cardiovascular, como infarto do miocárdio e o Acidente Vascular Cerebral (AVC). 

Endometriose

As mulheres que se queixam de dor durante a relação sexual, cólica menstrual, dificuldade para engravidar e dor pélvica podem ter indícios de endometriose. “O endométrio consiste no tecido que reveste a parte interna do útero. A cada 28 ou 30 dias, dependendo do ciclo da mulher, ele é eliminado na menstruação. A endometriose ocorre quando esse tecido se desenvolve em outros órgãos, como nos ovários, tubas uterinas e parte posterior do útero, podendo atingir a bexiga e intestino”, explica a ginecologista e obstetra pós-graduada em sexologia pela Universidade de São Paulo (USP), Dra. Erica Mantelli. O ginecologista do Hapvida, Dr. Elson Almeida, afirma que o tratamento vai depender da gravidade da doença. “O tratamento pode ser um anti-inflamatório simples, um anticoncepcional de uso contínuo para que a mulher não menstrue, medicamentos mais complexos que levam a amenorreia, até mesmo cirurgia. A escolha dependerá de cada caso”, diz, acrescentado que, quando a mulher entrar na menopausa, o problema tende a ser sanado. O diagnóstico precoce mostra-se imprescindível, já que a doença pode incapacitar a mulher. “Pode-se perder a qualidade de vida, o emprego, a vida sexual ou até o convívio social por conta da dor. Portanto, é fundamental que o tratamento se inicie quanto antes”, analisa o Dr. Almeida.

Doenças cardiovasculares

As mais comuns entre mulheres são  o AVC e o infarto, que acontecem em razão da obstrução de artérias no cérebro ou coração. “Essas são as duas principais causas de mortes entre mulheres no Brasil. Ao ano, duas mil mulheres morrem por conta desses problemas” conta a cirurgiã cardiovascular do Hospital do Coração (HCor), Dra. Magaly Arrais. Ela explica que, entre as razões para esses problemas, estão os fatores não controláveis, como herança genética ou familiar; e os controláveis (que se pode evitar o aparecimento), como obesidade, sedentarismo, pressão arterial aumentada, diabetes ou Síndrome Metabólica (várias doenças juntas). Estima-se que oito milhões de mulheres no mundo sofram por doenças cardiovasculares e, no Brasil, esse número alcance 20 mil pessoas do sexo feminino. “Esses números crescem pelos fatores controláveis. Hoje, uma a cada cinco mulheres tem riscos de desenvolver essas doenças”, comenta.

A especialista do HCor lembra que, para o infarto, os principais sintomas são dor no peito que irradia para o pescoço ou no pescoço, náuseas, mal-estar e sudorese fria. No entanto, muitas mulheres podem não sentir os sintomas clássicos. “Pode-se sentir cansaço, fraqueza, dor nas costas ou dor no estômago, por exemplo”, alerta. Já no AVC, os sintomas podem passar por dormência ou fraqueza na face, braço ou perna de um dos lados do corpo, confusão subida, perda de visão em um dos olhos, perda da coordenação e dor de cabeça sem causa aparente. “Quando o AVC é hemorrágico, os sintomas tendem a ser súbitos”, acrescenta a Dra. Magaly. Os medicamentos que agem preventivamente para evitar esses problemas evoluíram muito, na análise da especialista do HCor. “Como exemplo, destacam-se as estatinas, usadas para reduzir o colesterol, bloqueando a formação de placas no interior das artérias”, exemplifica. 

Mulher 2015

Especial Mulher 2015

Essa matéria faz parte do Especial Mulher 2015.

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