Vaidade não tem hora

Não é porque a idade chegou que a mulher vai deixar de cuidar de si; pesquisas mostram que elas seguem uma rotina criteriosa e, muitas vezes, estão mais satisfeitas que as jovens  

É possível ganhar mais idade sem perder a saúde e a beleza. A mulher brasileira já está ciente disso, por isso mantém uma rotina de cuidados com a pele, o cabelo e o corpo, mesmo com o passar dos anos.   

A vaidade está tão presente, que um estudo realizado pelo Grupo Minha Vida, com mais de 18 mil participantes, mostrou que, em alguns aspectos, as mulheres maduras se cuidam mais do que as jovens. O uso de protetor solar é um exemplo. Enquanto 68% das entrevistadas com mais de 60 anos de idade garantem proteger a pele todos os dias, apenas 20% das jovens de 20 a 29 anos de idade incluem essa etapa em sua rotina.  

Enquanto a preocupação em proteger a pele dos raios solares cresce, o uso de maquiagem cai. Mais da metade das entrevistadas pinta o rosto apenas em ocasiões especiais. Ainda assim, dá preferência a produtos tradicionais, como batom (76%), lápis de olho (46%) e rímel (43%).

O foco na saúde, mais do que na aparência, resulta em mulheres maduras mais satisfeitas do que as de pouca idade. É entre as entrevistadas com mais de 60 anos de idade que está o índice mais positivo – 11% delas estão muito satisfeitas com a pele do rosto que veem no espelho; entre as jovens, o percentual cai para 6%.  

Os defeitos que mais incomodam a mulher também variam bastante. Entre as entrevistadas de 20 a 29 anos de idade, a maior preocupação são as linhas de expressão. Já para as idosas, a flacidez no pescoço é o maior transtorno. 

Os mecanismos de desgaste sofridos pelo rosto são bem semelhantes aos apresentados pelo corpo. Há um declínio das funções das células de defesa e de regeneração, redução de colágeno, ácido hialurônico, elastina e da capacidade de renovação epidérmica, provocando flacidez mais evidente. A queda na produção de hormônios também favorece a desidratação.  

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Saúde dos fios  

Outra queixa muito comum entre as mulheres com mais de 60 anos de idade é a respeito da mudança do cabelo. Entre os problemas que mais incomodam e geram queixas, estão a falta de volume (26%) e a queda (17%).  

De acordo com a assessora do Departamento de Cabelos e Unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dra. Tatiana Steiner, as reclamações não são à toa. “Com o passar do tempo, os fios vão perdendo a quantidade de massa capilar, ficando mais finos, menos volumosos, sem brilho e sujeitos à quebra”, afirma.  

Antes dos 50 anos de idade, a mulher tem uma média de três fios de cabelo em cada folículo piloso. Após essa idade, a queda na produção de hormônios provoca uma diminuição dessa quantidade, passando para um fio por folículo piloso. Por isso, com a chegada da menopausa, é comum que eles fiquem mais ralos. Há diminuição da densidade dos cabelos e a duração da fase de crescimento dos fios é menor. Além disso, a queda também tende a aumentar com o envelhecimento. 

“As alterações hormonais decorrentes da menopausa vão afetar não somente a quantidade de fios, mas também a hidratação natural dos cabelos. A lubrificação natural do couro cabeludo e dos fios se torna menor com a idade e faz parte do processo de envelhecimento”, conta a Dra. Tatiana, ressaltando que, quanto mais a mulher fez uso de produtos químicos em alisamentos, tinturas ou permanentes, maior a chance de ressecamento e afinamento dos fios.  

Outro grande pesadelo de toda mulher vaidosa aparece: os fios brancos. Isso ocorre devido à queda na produção de melanina, que pode ser mais intensa dependendo da herança genética e do tipo e características do cabelo de cada mulher. Enquanto apenas 4% das jovens (20 a 29 anos de idade) fazem uso de tinturas capilares, 33% das entrevistadas com mais de 60 anos de idade pintam ou já pintaram os cabelos.  

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Dentro do nécessaire 

Com tantas mudanças ocorridas na terceira idade, é essencial que se escolha produtos formulados especificamente para essa fase da vida. Para a pele, sabonete facial, hidrante e protetor solar são essenciais. Apesar do Fator de Proteção Solar (FPS) 30 ser o mais usual, é preciso lembrar que ele mede somente a proteção ultravioleta B (UVB).  

“Temos ainda que pensar na proteção UVA contra luz visível, principalmente no caso de pacientes com melasma (manchas na pele) ou que fazem uso de tratamentos com infravermelho. Em exposições mais intensas, o FPS pode e deve ser maior que 40”, lembra a assessora do Departamento de Dermatologia Geriátrica da SBD, Dra. Renata Valente. 

Além do protetor solar, as mulheres mais maduras lançam mão de outra série de produtos para desacelerar o envelhecimento da pele. Entre os itens mais utilizados pelas mulheres no combate ao envelhecimento da pele, estão creme hidratante (66%) e creme antirrugas (51%).  

O ideal é que se busquem formulações compostas de ingredientes capazes de estimular a produção de colágeno, como retinol e peptídeo. Dessa forma, é possível amenizar as marcas já existentes e evitar as futuras. “Outros produtos podem ser associados, como antioxidantes, ácidos, clareadores, etc. E devem ser prescritos especificamente para cada pessoa em relação a concentrações e posologia”, comenta.  

Para o cabelo, existem produtos de uso tópico que ajudam a fortalecer e dar mais resistência aos fios, deixando os cabelos mais volumosos. Normalmente, esses produtos contêm polímeros de acrilato (agentes espessantes e emulsificantes, capazes de fornecer movimento aos fios), e devem ser aplicados após o uso do xampu e condicionador. “São muitos os cosméticos capilares enriquecidos com polímeros de acrilato disponíveis no mercado, como spray, gel, creme para pentear”, enumera a Dra. Tatiana.  

Para recuperar o brilho, uma das opções é aplicar finalizadores à base de silicone (garantem a aderência do produto ao fio), sprays de brilho e óleos vegetais com silicone na composição. Recomenda-se usar depois do banho, com os cabelos úmidos. Para os cabelos grisalhos ou totalmente brancos, há xampus apropriados que ajudam a manter o brilho e a cor, livre do amarelamento.  

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