No mundo, estima-se que uma em cada 160 crianças tem transtorno do espectro autista

A intervenção precoce pode garantir qualidade de vida e até mesmo mudar o futuro de pessoas com transtorno do espectro autista

Por algum tempo, a falta de conhecimento, pesquisas e informações a respeito do autismo, foram consideradas grandes barreiras no tratamento do transtorno. Felizmente, hoje, com o avanço da medicina, é possível obter bons resultados. A intervenção precoce pode garantir qualidade de vida e até mesmo mudar o futuro de pessoas com transtorno do espectro autista. 

O tratamento adequado tem impacto significativo e podem ser cruciais para que os pacientes tenham uma vida adulta independente.

O autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), de acordo com os novos manuais do Código Internacional de Doenças (CID), se caracteriza por dois pilares, os déficits qualitativos e persistentes da comunicação e da interação social; e o que diz respeito aos padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.

De acordo com a neuropediatra e médica, Roberta Caramico Pinto,  para falar sobre o transtorno, “exemplos dos déficits qualitativos da comunicação e da interação social, são alterações de comunicação verbal ou não verbal”.

Comportamentos de crianças com transtorno do espectro autista

Em relação aos padrões comportamentais restritos e repetitivos, existem quatro principais traços:

  • Estereotipias: podem ser motoras ou verbais, portanto, pode ser um comportamento como andar nas pontas dos pés, repetir uma frase ou palavras.
  • Adesão a rotinas e rituais: ser adepto a uma rotina inflexível, ou seja, qualquer experiência fora do costume gera desconforto.
  •  Interesses fixos e altamente restritos: interesse por um assunto ou objeto que se manifesta de uma forma muito profunda, deixando a pessoa monotemática.
  • Questões sensoriais, hiper ou hiperatividade a estímulos sensoriais: alterações sensoriais que afetam o cotidiano, por exemplo, hipersensibilidade ao barulho ou a luz, causando reações extremas até de ordem fisiológica, como o vômito.

De acorodo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que, em todo o mundo, uma em cada 160 crianças tenha o transtorno.

Graus de autismo  

O autismo pode ser dividido como leve, moderado e grave, porém, dentro de cada grupo existem outras divisões, como um grau bem leve ou um leve mais para moderado.

“É daí que vem o nome espectro. Uma maneira de enxergar como uma régua, em que há vários pontos, e não só 1cm, 2cm, e assim por diante”, afirma a neuropediatra.

Existem crianças que apresentam sintomas leves de autismo, e que são diagnosticadas em torno dos 2 ou 3 anos de idade.

Importância do diagnóstico correto

Normalmente, o diagnóstico acontece quando a criança ingressa na escola e passa a ter contato direto com outras.

É, então, é quando os primeiros sinais aparecem, ou seja, problemas na comunicação, dificuldades em se sociabilizar e alterações no comportamento.

O diagnóstico do TEA é baseado nos critérios clínicos determinados por especialistas e descritos no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.

Atualmente, não existe um marcador biológico que possa acusar o TEA.

Ou seja, não há exames laboratoriais que identificam a doença, como o exame de sangue, de imagem ou genético.

Assim, a forma mais precisa de chegar ao diagnóstico é por uma avaliação multidisciplinar realizada por profissionais com experiência na área.

“Não existe idade mínima para se fazer o diagnóstico de TEA. Podemos observar sinais de alarme antes mesmo de a criança completar o primeiro ano de vida. Estudos mostram que é possível realizar o diagnóstico de TEA de forma precisa em crianças com menos de dois anos de idade”, afirma a neurologista Flora Brasil Orlandi.

 Tratamento para crianças com transtorno do espectro autista

Estudos científicos mostram que o tratamento do TEA deve se basear em terapias de alta intensidade com equipe multiprofissional especializada e qualificada, especialmente nas técnicas baseadas na Análise de Comportamento Aplicada (ABA).

Além da terapia ABA, que geralmente é conduzida por psicólogos, dependendo da necessidade, pacientes que têm o transtorno tendem a necessitar de terapia com o apoio de fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, dentre outros profissionais, além do uso de fármacos.

“É possível utilizar medicamentos para auxiliar no manejo de sinais e sintomas associados ao TEA, como agitação, agressividade, impulsividade, muitas vezes ajudando no aproveitamento dos pacientes na terapia”, ressalta Orlandi.

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Fonte: Prati-Donaduzzi

Foto: Shutterstock

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