78% dos brasileiros são favoráveis à cannabis medicinal

Nova pesquisa mostra que maioria da população se diz favorável ao uso medicinal da maconha e tomaria remédios do tipo se prescritos por seus médicos

Poucas coisas no Brasil de 2021 atingem um grande consenso, mas o uso da maconha e seus derivados em tratamentos médicos caminha para ser considerado um deles. Em nova pesquisa Exame/Idea, 78% dos brasileiros disseram ser favoráveis ao uso de cannabis medicinal.

Já 77% afirmaram, contudo, que usariam esse tipo de tratamento se receitado por um médico.

A pesquisa foi realizada nacionalmente entre os dias 19 e 20 de maio, como parte do projeto que une Exame Invest PRO, braço de análise de investimentos da Exame, e o Ideia, instituto de pesquisa especializado em opinião pública.

Foram ouvidas 1.243 pessoas, em entrevistas feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares.

A aprovação alta ao tema se mantém mesmo entre frentes opostas do espectro político.

No grupo que avalia a gestão do presidente Jair Bolsonaro como ótima/boa (24% do total) ou regular (22%).

Uma fatia de 73% e 78% dos respondentes, respectivamente, disse ser a favor do uso de cannabis para fins medicinais.

Parcela parecida disse que usaria um medicamento do tipo se prescrito por médicos.

Brasileiros a favor da cannabis medicinal 

Entre os que consideram a gestão Bolsonaro ruim ou péssima (50%), o percentual favorável ao uso medicinal da maconha foi ainda maior, de 82%.

“O dado sobre canabidiol mostra que temos uma sociedade que majoritariamente apoia o tema, quando questionada sobre o uso medicinal especificamente”, diz o pesquisador, fundador e presidente do Ideia, Maurício Moura,.

O debate deve se intensificar no Brasil nos próximos meses, em meio à discussão na Câmara do PL 399/2015, que autoriza a produção nacional de medicamentos à base de cannabis.

De acordo com a pesquisa, a maior aprovação ao uso de cannabis medicinal está na faixa da população com renda superior a cinco salários mínimos (90% disse ser favorável) e com ensino superior (86%).

A menor aprovação está nos grupos de menor renda e escolaridade, embora ainda elevada:

De 74% entre quem ganha até um salário-mínimo e 71% entre quem cursou até o ensino fundamental.

A aprovação acima de 70% ao tema se repete tanto entre católicos quanto entre evangélicos, embora seja especialmente mais alta (92%) para os que se disseram sem religião.

Não houve, contudo, diferença significativa nas respostas entre os entrevistados que moram no interior, no litoral ou em regiões metropolitanas.

“A pesquisa mostra que a cannabis para fins medicinais já é uma ‘não polêmica’”, diz o diretor-executivo na Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides (BRCann), Tarso Araujo.

“Chegamos a um certo grau de conscientização e informação que é suficiente para derrubar o preconceito histórico.”

Interferências

A discussão no Brasil será observada pelas empresas do setor em todo o mundo.

A BRCann estima que, mesmo com a regulação ainda no início, o mercado de cannabis medicinal chegou a 150 milhões de reais no país em 2020.

Projeções apontam também que o Brasil pode movimentar 4,7 bilhões de reais com novas regras de regulamentação, de acordo com a The Green Hub e New Frontier Data.

Opções de tratamentos com cannabis têm se mostrado eficazes para pacientes com doenças como epilepsia, ansiedade, dor crônica e autismo, entre outros.

Desde 2015, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza que pacientes com receita médica possam importar os medicamentos.

Contudo, outra regulação da Anvisa autorizou venda em farmácias, que começou a partir de maio de 2020.

Mas com a necessidade de importação dos produtos, a oferta ainda é baixa, e o tratamento com cannabis para alguns meses, contudo, pode passar de 2.000 reais.

Na outra ponta, os preços começam a cair diante do avanço do mercado.

Crescimento do mercado

Um levantamento da Dr. Cannabis, marketplace que conecta médicos especializados no tema a pacientes, aponta que já é possível comprar remédio suficiente para três meses, incluindo consulta médica e frete, por pouco mais de 600 reais.

O principal motivo é o crescimento do mercado no Brasil, diz a fundadora e presidente da startup, Viviane Sedola.

“O que explica a queda do preço é a lei da oferta e demanda: com mais empresas vendendo, há mais concorrência. Melhor para o paciente”, diz.

Empresa americana investe no mercado brasileiro com medicamentos à base de Canabidiol 

Fonte: Exame

Foto: Shutterstock

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