As categorias de consumo, ou seja, não medicamentos e OTC, ganham vez mais representatividade nas vendas das farmácias do País. De acordo com levantamento da Close-UP International, as categorias de consumo (CHC – Consumer Healthcare) cresceram 10,8% no canal farma, passando de R$ 82,1 bilhões para R$ 90,9 bilhões, entre o MAT Abril/2024 e o MAT Abril/2023. Atualmente, as categorias de consumo representam 45% no canal farma.
“São produtos que vem ganhando relevância ao longo do tempo no canal farma como um todo”, disse o head de CHC da Close-Up, Filipe Campos. “A farmácia vem se tornando cada vez mais um canal de conveniência, porque o consumidor quer encontrar tudo em um lugar só”.
Esses e outros dados foram apresentados no evento “Getting the Strategy 2024”, realizado pela Close-Up International, no dia 13 de junho, em São Paulo (SP), reunindo convidados da indústria e do varejo farmacêutico. A equipe do Guia da Farmácia também acompanhou os números, as análises e as novidades deste encontro realizado anualmente pela consultoria.
Nova estrutura de categorias
De acordo com Campos, para acompanhar a dinâmica do mercado, a Close-Up reformulou a maneira como entende a estrutura de categorias de produtos de consumo, que agora a consultoria passa a segmentar da seguinte maneira:
- MIPs e terapias (ou seja, toda parte de OTC);
- cuidados pessoais;
- vitaminas e suplementos;
- beleza e cabelo;
- dermocosméticos;
- bebê e criança;
- alimentos e bebidas;
- outros.
Além disso, a Close-Up passa a trazer uma nova leitura analisando separadamente dados de preço, volume e mix, o que propicia uma visão ampliada dos elementos que impulsionam o crescimento das categorias. “Preço é o elemento que chama a atenção em todas as categorias”, afirmou Campos.
Categorias em destaque
A consultoria também mostrou os principais números e insights de CHC.
MIPS e Terapias
Esta é a maior categoria da cesta de consumo. Dentro dela, o maior mercado é o de produtos para dor e febre, que movimenta R$ 6,3 bilhões e teve crescimento de 0,9%, seguido de itens para tosse, gripes e resfriados, com R$ 6,1 bilhões, porém com queda de 7,4% no MAT Abril 2024 versus MAT Abril 2023.
“Como neste ano o inverno está vindo mais tarde, isso tem um efeito direto na dinâmica da categoria. A demanda no volume de produtos de tosse, gripes e resfriados acaba caindo”, analisou Campos.
As categorias de dor e febre também tiveram impacto no volume. “A alta de casos de dengue não foi o suficiente para segurar a queda desses produtos”, disse Campos, completando que a molécula de dipirona foi uma das principais detratoras desse segmento no período analisado.
Os canais associativista e independentes se destacam em MIPs, enquanto as grandes redes de farmácia têm predominância menor dessas categorias.
Cuidados pessoais
Esta categoria, que inclui sabonetes, desodorante, higiene bucal etc., movimenta R$ 13,6 bilhões por ano no canal farma e o crescimento é alavancado pelas vendas de desodorantes, que cresceram 21,9% no último MAT.
Repelentes também se destaca com crescimento de 90% no último ano por conta da epidemia de dengue, uma situação atípica de mercado.
Destaques também para higiene bucal adulto, com mais de 3 mil SKUs no canal farma e alta de 15,2%, e incontinência adulto, com crescimento de 19,7% no período.
Beleza e cabelo
É um dos principais destaques em produtos de consumo, com crescimento de 30% no último MAT e 17% de CAGR (Taxa de Crescimento Anual Composta), o que significa que a categoria vem crescendo consistentemente nos últimos anos em todas as subcategorias.
A subcategoria de cuidados para os cabelos (xampu, condicionador, tintura etc) é a principal, com 17 mil SKUs no canal farma.
Todos os produtos deste segmento têm capilaridade e maior relevância no canal associativista e nas farmácias independentes, de acordo com os dados da Close-Up.
Alimentos e bebidas
Nesta cesta, nutrição infantil é a maior categoria – um mercado de R$ 3,9 bilhões e crescimento de 8,9% no MAT Abril 2024 comparado com o MAT Abril 2023. No entanto, aquelas que mais crescem são bomboniere, com aumento de 16,5%, e bebidas, com alta de 34,8%.
A cesta de alimentos e bebidas traz complexidade para a operação das farmácias, pelo fato de ter ampla variedade de sabores e embalagens. “Varejo e indústria precisam estar alinhados e entender a estratégia de sortimento por loja e o comportamento do shopper para montar a melhor composição de produtos na gôndola”, disse Campos.
Vitaminas e suplementos
A Close-Up considera tanto não medicamentos quanto OTC na cesta de vitaminas e suplementos, que teve um boom nos últimos anos. Esses produtos ganharam maior espaço nas grandes redes de farmácia.
Suplementos é o maior mercado, com R$ 5,2 bilhões em preços ao consumidor, crescimento de 18,8%, e 8.300 SKUs dentro do canal farma, o que requer esforços na gestão do portfólio. “É um mercado grande, atrativo e com forte crescimento”, afirmou Campos.
Já a parte de vitaminas reponde por um faturamento de R$ 4,8 bilhões e crescimento de 1,8%, no MAT Abril 2024 comparado com o período anterior.
Bebê e criança
Nesta cesta, a maior categoria (muito à frente das demais) é a de troca de fraldas (fraldas, pomada e talco), um mercado R$ 6,3 bilhões e crescimento de 18,7% no último ano.
Em segundo lugar, vem o mercado de sabonetes, que registrou o maior crescimento (30%) de toda a cesta.
Existe uma concentração de vendas nas grandes redes, mas o canal associativista é o segundo maior para o segmento de bebê e criança.
Desempenho do canal farma
Em suas análises, a Close-Up considera os vários canais farma: grandes redes, independentes, associativistas, redes médias, redes pequenas e digital.
O levantamento da consultoria mostra que, no último ano, todos os canais farma tiveram aumento do número de PDVs que oferecem as categorias de consumo. Atualmente, 97 mil farmácias no Brasil trabalham com esses produtos.
“São farmácias que entenderam que a cesta de consumo é uma forma muito importante de aumentar o tíquete médio, fidelizar o consumidor e trazer mais receita. São categorias estratégicas “, concluiu Campos.
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