Assim como já acontece nos últimos anos, o mercado farmacêutico no Brasil segue em crescimento, inclusive com projeção de números positivos para indústrias e farmácias até 2028. O mercado de medicamentos, por exemplo, apresentou expansão de 12,9%, em julho de 2024 na comparação com os últimos doze meses, contabilizando R$ 173,1 bilhões. Em volume, foram 5,4 bilhões de unidades, alta de 2,6% no período.
Os dados foram apresentados durante o evento “Outlook 2024 – Lapidando dados para gerar resultados”, promovido pelo Close-Up International, em São Paulo (SP), em outubro. O Guia da Farmácia acompanhou o evento e traz os principais números e indicadores do mercado farma.
Top 10 das indústrias
De acordo com os dados do Close-Up, os maiores fabricantes que atuam no mercado retail nacional são:
TOP 10 Mercado Total – Retail – Brasil
(R$ desconto) – MAT 07/2024 vs MAT 07/2023
1º | NC Farma |
2º | Hypera |
3º | Eurofarma |
4º | Aché |
5º | Sanofi |
6º | Novo Nordisk |
7º | Procter & Gamble |
8º | Grupo Cimed |
9º | L’Oréal |
10º | Nestlé |
Como estão as farmácias no cenário atual?
O segmento retail (varejo) tem a maior participação do total do mercado, com 59,5%, enquanto o segmento de especialidades responde por 40,5%, segundo o Close-Up.
O canal farmácia registrou os seguintes números no MAT 07/2024 vs MAT 07/2023:
- Faturamento de R$ 146,4 bilhões (R$ desconto), com expansão de 10,2%;
- Faturamento de R$ 207,2 bilhões (preços ao consumidor), alta de 11,6%;
- Movimentou 8,1 bilhões de unidades, um crescimento de 4% no período;
A pesquisa do Close-Up mostra também um retrato dos subcanais do varejo. As grandes redes de farmácias detêm a maior participação, mas o maior crescimento no MAT 07/2024 vs MAT 07/2023 vem do digital. Veja:
- Grandes redes: 49,1% de participação, crescimento de 9,2%;
- Independentes: 22% de participação, com expansão de 6,7%;
- Associativistas: 17,9%; alta de 14%;
- Digital: 7% de participação, com crescimento de 30,1%;
- Pequenas redes: 2,1%, com queda de 2,5% no período;
- Médias redes: 1,9% de participação, com queda de 3%.
Participação dos produtos nas farmácias
Confira a participação (em valor) de cada grupo de produtos nas farmácias:
- Medicamentos de marca prescritos: 32,6%
- Não-medicamentos: 32,2%
- Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs): 14,7%
- Genéricos: 11,2%
- Exclusivo (produtos sem concorrentes): 6,9%
- Trade: 2,4%
Já em unidades, o crescimento foi de 4%, em média, no período analisado. Os não medicamentos têm maior representatividade (38,9%), seguidos dos genéricos (22,5%), MIPs (18,5%), medicamentos de marca (12,8%), trade (6%) e exclusivos (1,3%).
Visão de futuro para as farmácias
De 2025 a 2028, o Close-Up estima crescimento de 4% a 5% ao ano, em unidades, para o mercado varejo no Brasil, mantendo o ritmo atual. Já em valor (considerando R$ desconto), a projeção é expandir entre 8% e 9%, um pouco abaixo da média dos últimos anos.
De acordo com o vice-presidente corporativo do Close-Up, Paulo Paiva, não se espera para 2025 um aumento de preços acompanhando o atual IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que está em torno de 3,5% a 4% ao ano. “O PIB (Produto Interno Bruto) está crescendo, a inflação está sob controle, um aumento de preço superior a isso significaria um aumento de preço extra-inflação, o que a gente vê que o governo não vai trabalhar nessa direção”, avalia o executivo.
Prescrição
Na análise do Close-Up, o mercado de prescrição deve ter uma leve queda em unidades com crescimento de 4%, em 2025, e depois caindo para cerca de 3,5% até 2028.
O medicamento trade (aquele que não é promovido junto aos médicos) perde cada vez mais espaço, enquanto o genérico se expande. De acordo com Paiva, há tempos a população não demonstra tantas restrições em relação aos genéricos e, com a pandemia, houve uma adesão ainda maior do consumidor e paciente a esse tipo de medicamento. Tanto que o Close-Up prevê um aumento da participação de mercado do genérico, que deve atingir 57% em 2028.
Há outro destaque positivo no mercado de prescrição, envolvendo produtos para diabetes, como Wegovy e Mounjaro, que vão puxar o aumento dos preços dos medicamentos exclusivos. “Vão chegar novos medicamentos, como linha de diabetes e sistema nervoso central, que levam, com certeza, o preço médio da farmácia para cima. Então, a gente vai ver uma expansão do negócio em geral”, afirmou Paiva.
MIPs
Já em MIPs, segundo Paiva, há um desafio importante, principalmente em itens para gripe, febre e controle de temperatura, que depois da pandemia tiveram queda na dispensação – situação explicada, em parte, pela maior busca da população por saúde e prevenção, com prática de atividade física, alimentação saudável e consumo de vitaminas. “Tudo isso hoje tem entrado na agenda das pessoas. Quanto melhor a saúde, menor o consumo de medicamentos, principalmente aqueles relacionados ao consumo sazonal”, disse o executivo.
Não medicamentos
De 2025 a 2028, o crescimento de não medicamentos será ao redor de 6% ao ano, em unidades. Em valor o crescimento será de duplo dígito, em torno de 11% ao ano, em contraste com os demais segmentos. Alimentos e bebidas devem ganhar relevância.
“O não medicamento tem tido uma penetração forte dentro da farmácia. Mas são os medicamentos, OTC e prescrição, ainda são os grandes líderes de rentabilidade da farmácia. O não medicamento atrai o público, mas não é a solução para a farmácia”, afirmou Paiva.
Em resumo, para o futuro próximo do varejo farma, não estão previstos grandes impactos ou mudanças. “Continuaremos crescendo em número de farmácias, vamos passar de 100 mil farmácias ainda em 2025. A gente não tem expectativa de uma queda de mercado causada por alguma situação fora aquilo que já se conhece hoje. Não tem uma pandemia no cenário, inflação, perda de capacidade de compra ou de capacidade de investimento da indústria. Então isso leva a gente esperar um mercado bastante estável”, concluiu Paiva.
Foto: Denise Turco
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