Dor de cabeça, nas costas, nas articulações, nos dentes… São muitas as dores do dia a dia que impactam a qualidade de vida. Mas, afinal, o que é a dor e como lidar com ela? Com o objetivo de ampliar os conhecimentos de maneira profunda sobre o tema, a Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED) elaborou o material científico “Manejo da dor aguda com paracetamol: um guia para atualização e educação”, com apoio da Kenvue.
O conteúdo foi criado em duas versões: uma para profissionais de saúde (com referências científicas) e outra para o público em geral, com uma linguagem mais acessível.
O Guia da Farmácia conferiu essa novidade no evento de lançamento do documento para a imprensa, realizada no escritório da Kenvue, em São Paulo (SP), em agosto.
A necessidade de criar esse tipo de conteúdo surgiu a partir de algumas constatações: a evolução do conceito de dor revisada em 2020, após quatro décadas, pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), a necessidade de apoiar a formação dos profissionais da saúde e de ampliar o letramento em saúde da população, destacando a importância do autocuidado.
Novas diretrizes
“A evolução no conceito aconteceu nos últimos dez anos. Até 2016, basicamente, quando se falava em dor, acreditava-se que existiam dois tipos: de origem inflamatória e de origem neuropática. Então, ficavam fora dessa classificação alguns tipos de dores, como a da fibromialgia, por exemplo, que ainda não se sabe exatamente qual é o gatilho para desencadear a sensação de dor”, afirma a diretora associada de Medical Affairs de Kenvue, Karina Vieira de Barros.
Os avanços mais recentes também deram origem a novas recomendações. Uma delas é que a dor não deve ser negligenciada – seja em um bebê, seja em um adulto.
De acordo com o guia da SBED:
“Dor é uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada ou relacionada a lesão real ou potencial dos tecidos, na qual cada indivíduo aprende a utilizar esse termo através de suas experiências anteriores”.
Dor: cada um tem a sua
O Dr. Carlos Marcelo de Barros, presidente da SBED, afirma que, para além da definição científica internacional, dor é o que a pessoa perde. “Você perde tempo e qualidade de vida, deixando de fazer as coisas que gostaria, como assistir a um filme, ficar com a família ou praticar um esporte”, disse.
Outro entendimento é o de que a dor varia de indivíduo para indivíduo e depende até mesmo da visão de mundo de cada um. A dor lombar de uma pessoa sedentária e de um trabalhador braçal são completamente diferentes.
O Dr. Barros convive diariamente com esses diferentes situações, inclusive ele é responsável atualmente pelo tratamento de Carolina Arruda, que sofre de neuralgia do trigêmeo, considerada a pior dor do mundo – caso noticiado recentemente pela mídia.
Escala da dor
Quando o sintoma vira doença
Segundo o Dr. Barros, a dor existe para nos proteger, pois indica que algo está errado. Mas quando ela perde essa função, passa a ser a própria doença.
“Hoje se fala muito em evitar que a dor se torne crônica, porque o impacto na qualidade de vida e no ecossistema da saúde é muito grande”, completou Karina.
A situação do tratamento da dor é “uma tragédia” no Brasil e o mundo inteiro, segundo aponta o Dr. Barros. “Para se ter uma ideia, se gasta mais com tratamento para dor crônica, do que com AIDS, câncer e doenças cardiovasculares somadas. É um custo absurdo para a sociedade”.
Déficit na formação dos profissionais de saúde
Ao sentir dor, qual médico procurar? Afinal, quem é o expert no assunto? Essa é uma outra questão que se busca entender melhor. “Na verdade, a dor é multifatorial. Então não existe um único profissional para manejar a dor. Os próprios profissionais de saúde precisam estar atentos e entender o seu papel para ajudar nessa jornada ou encaminhar o paciente para que busque uma orientação quando de fato for necessária”, esclareceu Karina.
Entretanto, o Dr. Barros conta que há um gap na formação dos profissionais de saúde, pois grande parte se formou antes da nova classificação e recomendação de manejo da dor. “Não há uma disciplina obrigatória sobre dor nas faculdades de medicina, fisioterapia e outros cursos da área da saúde”, disse o Dr. Barros, que também é professor de anestesiologia, dor e cuidados paliativos da Universidade Federal de Alfenas. Segundo ele, a iniciativa de incluir essa disciplina no currículo parte da disposição pessoal dos professores em algumas universidades, e não de uma política institucional.
Jornada de autocuidado e paracetamol
O fator de a dor ser individual remete ao conceito de autocuidado, outro tema tratado no material da SBED e Kenvue. De acordo com documento, o autocuidado “inclui a capacidade de remediar pequenas dores e doenças por conta própria, usando medicamentos, desde que sejam utilizados de maneira responsável”
Segundo o Dr. Barros, o guia também traz informações para os profissionais de saúde e para a população mostrando a ação de um medicamento centenário: o paracetamol.
Esse analgésico é o medicamento isento de prescrição mais estudado do mundo e tem segurança comprovada, segundo o documento da SBED, que lista a ação do paracetamol em vários quadros, como gripes, enxaquecas e dores musculares.
Papel do farmacêutico
Considerando que o paracetamol está dentro do contexto de OTC, o farmacêutico pode orientar a população sobre o uso correto da medicação, quais são os eventos adversos e como reportar se tiver algum problema.
Nesse sentido, segundo Karina, da Kenvue, o guia também pode apoiar o trabalho do farmacêutico. “É um profissional extremamente importante para que seja educado no contexto da dor e de autocuidado, além de seu papel ajudar no letramento em saúde da população”, afirmou.
Marca renovada
Em paralelo ao lançamento do guia, a Kenvue faz um reposicionamento de Tylenol®, que está completando 50 anos no mercado brasileiro. A marca de analgésico a base de paracetamol foi renovada, ganhando com novo design de embalagem e segmentação por intensidade e tipo de dor. “Pensando na questão sobre o letramento em saúde, entendemos, por meio de pesquisas, que o consumidor tem um pouco de dificuldade de entender para que serve cada analgésico vendido na farmácia. Então decidimos tornar essa compra mais fácil”, explicou Bianca Cadah, gerente de Marketing de Tylenol®.
Assim, a partir de agora o portfólio comunica nas embalagens as diferentes indicações: para dor de cabeça; dor e febre associada a gripes e resfriados; e múltiplas dores (moderadas, fortes e dupla ação). A dosagem e o preço não sofreram alteração, segundo Bianca. Além dessas novidades, a companhia lançou uma nova campanha de mídia do medicamento no dia 1º de agosto.
Como acessar
O guia está disponível no site da SBED nos links:
Profissionais da saúde https://www.sbed.org/sites/arquivos/downloads/guia_manejo_da_dor_aguda_paracetamol_para_pacientes-compactado.pdf
Público em geral https://www.sbed.org/sites/arquivos/downloads/guia_manejo_da_dor_aguda_paracetamol_educacao_atualizacao.pdf
*Denise Turco é repórter do Guia da Farmácia.
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