Nos últimos meses, notícias sobre novos casos de febre Oropouche têm se tornado frequentes em todo o País. A doença, que surgiu no Brasil em 1960, está de volta. Segundo o Ministério da Saúde, até a semana epidemiológica 27 de 2024 (30 de junho a 06 de julho), foram confirmados 7.044 casos no País com transmissão autóctone (local) em 16 estados, além de outros três em investigação.1
Os estados com casos confirmados são: Amazonas, Rondônia, Bahia, Espírito Santo, Acre, Roraima, Santa Catarina, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro. Além do Piauí, Mato Grosso, Pernambuco, Amapá, Maranhão e Tocantins. Já os estados com transmissão local em investigação são: Ceará, Paraná e Mato Grosso do Sul.1
A Bahia é o estado com maior número de casos até agora: 824; sendo que Ilhéus é a cidade com mais diagnósticos confirmados.2
O que é a Febre Oropouche?
Causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes) do gênero Orthobunyavirus, da família Peribunyaviridae, a febre Oropouche é uma doença viral.3
O Orthobunyavirus oropoucheense (OROV) foi isolado pela primeira vez no Brasil, em 1960, a partir de uma amostra de sangue de uma bicho-preguiça capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no País, principalmente nos estados da região Amazônica. Também já foram relatados casos e surtos em outros países das Américas Central e do Sul como Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela.3
Como a febre Oropouche é transmitida?
Assim como outras doenças como a dengue, a febre Oropouche é transmitida por mosquitos. O Ministério da Saúde esclarece que existem dois ciclos de transmissão:
Ciclo silvestre: aqui, animais, como bichos-preguiça e macacos, são os hospedeiros do vírus. Alguns tipos de mosquitos, como o Coquilletti diavenezuelensis e o Aedes serratus, também podem carregar o vírus. O mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, é considerado o principal transmissor nesse ciclo.3
Ciclo Urbano: nesse ciclo, os humanos são os principais hospedeiros do vírus. O mosquito Culicoides paraenses também é o vetor principal. O mosquito Culex quinquefasciatus, conhecido como pernilongo ou muriçoca, comumente encontrado em ambientes urbanos, pode ocasionalmente transmitir o vírus também.3
Quais são os sintomas da febre Oropouche?
Os sintomas da Febre do Oropouche são parecidos com os da dengue e da Chikungunya. Entre eles estão: febre de início repentino, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações, além de tontura, dor na parte posterior dos olhos, calafrios, náuseas, vômitos. Em cerca de 60% dos pacientes, algumas manifestações, como febre e dor de cabeça, persistem por duas semanas.4
Como é feito o diagnóstico?
Segundo o Ministério da Saúde, o diagnóstico é clínico, epidemiológico e laboratorial. A pasta ainda destaca que todo caso com diagnóstico de infecção pelo OROV deve ser imediatamente notificado em função de seu potencial epidêmico e da alta capacidade de mutação.3
Qual é o tratamento para a febre Oropouche?
Não existe tratamento específico para a doença. Os pacientes devem permanecer em repouso, com tratamentos dos sintomas e orientação médica.3
Como prevenir a doença?
O Ministério da saúde lista algumas recomendações para prevenir a exposição aos mosquitos transmissores da febre Oropouche. Acompanhe:3
- Evitar áreas com há muitos mosquitos;
- Usar roupas que cubram a maior parte do corpo;
- Aplicar repelente de insetos nas áreas expostas;
- Manter a casa limpa, removendo possíveis criadouros de mosquitos como água parada e folhas acumuladas.
A relação entre a febre oropouche e casos de microcefalia
O Ministério da Saúde emitiu alerta de vigilância para as secretarias municipais e estaduais de Saúde frente a transmissão vertical da febre Oropouche. A doença pode estar associada a má formações no feto.
O Instituto Evandro Chagas do MS detectou presença do anticorpo do vírus em amostras de um caso de abortamento e quatro casos de microcefalia. A presença do vírus confirma a transmissão da gestante para o feto, mas, segundo o Ministério da Saúde, ainda não é possível confirmar se há relação entre a infecção e o óbito e as malformações neurológicas.5
Conclusão
Os casos de febre Oropouche estão aumentando rapidamente no País. O principal transmissor da doença, seja no ciclo silvestre ou urbano, é o popular maruim ou mosquito-pólvora. Os sintomas da doença são muito parecidos com os da dengue, gerando dores de cabeça, musculares e nas articulações, além de febre.
O tratamento é apenas sintomático e o paciente deve ser acompanhado por um médico. A prevenção segue as mesmas diretrizes já adotadas para o aedes aegypt, ou seja, remover os criadouros, evitar áreas com muitos mosquitos e fazer uso de repelentes de insetos.
Referências:
1Brasil ao Minuto
- Disponível em: www.noticiasaominuto.com.br/ultima-hora/2174464/febre-oropouche-e-associada-a-casos-de-microcefalia-em-bebes-entenda-o-alerta-do-ministerio
- Acesso em 16/07/2024.
2G1
- Disponível em: g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2024/07/16/dados-febre-oropouche-julho-bahia.ghtml
- Acesso em 16/07/2024.
3Ministério da Saúde
- Disponível em: www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/f/febre-do-oropouche
- Acesso em 16/07/2024.
4Agência Brasil
- Disponível em: agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2024-07/saude-recomenda-atencao-para-casos-de-febre-oropouche-no-pais
- Acesso em 16/07/2024.
5Conselho Federal de Enfermagem (Cofen)
- Disponível em: https://www.cofen.gov.br/ministerio-da-saude-recomenda-vigilancia-para-febre-oropouche-na-gestacao/
- Acesso em 22/07/2024
Foto Shutterstock
Leia mais:
Ministério da Saúde faz alerta sobre febre oropouche